Edição 66 | ||
Empresas salvam o semestre das startups, lucro chega para o Uber. | ||
Mais: O filho de Steve Jobs também investe em startups. | ||
Empresas salvam startups – é bondade? | ||
Não é só bondade. Numa mistura de obrigação com vontade, as empresas estão investindo mais em startups. | ||
A obrigação vem do fato de que muitas estruturaram seus fundos de corporate venture capital há mais de dois anos e agora precisam cumprir o que prometeram. | ||
A vontade vem da ânsia por não ficar de fora de excelentes investimentos, ao mesmo tempo que mostra para acionistas (e consumidores) que se preocupa em inovar – que não está parada no tempo. | ||
O aumento da representatividade dos investimentos realizados pelas empresas é também resultado do vácuo deixado pela retração dos fundos de venture capital. | ||
Por isso, os CVCs, abreviação de Corporate Venture Capital, fundos criados por empresas para investir em startups, foram responsáveis por 31% das transações nos primeiros 6 meses do ano, segundo a ABVCAP. | ||
A representatividade desse tipo de investimento quase dobrou: no ano passado, os fundos de corporate venture foram responsáveis por 16% das transações. | ||
Já são 84 empresas no país com fundos de corporate venture em operação. Outras 37 estão no processo para criar seus próprios veículos de investimento. Unimed, Banco BRB, Itaipu Binacional e Afya foram algumas das entrantes no espaço nesse ano. | ||
Para se ter uma ideia, o Bradesco, um dos pioneiros do mercado, investiu em cinco empresas somente em 2023. A inovabra já investiu R$ 3 bilhões em 35 empresas. | ||
Para quem prefere terceirizar a gestão, o surgimento dos fundos multicorporate é uma opção. A MSW CAPITAL lançou o segundo veículo do tipo e conta com 4 empresas como investidoras: Baterias Moura, Embraer, BB Seguridade e AgeRio - Agência de Fomento do Estado do Rio – o objetivo é captar R$ 100 milhões. | ||
Vale lembrar que até mesmo em plataformas online, como a Captable, a participação das empresas é frequente. No caso da Sensix , agritech que realizou rodada em abril deste ano, a participação foi, de fato, de um fundo de corporate venture, a SLC Ventures, fundo da SLC Agrícola S/A, empresa listada em Bolsa. | ||
Uber lucrou e agora? | ||
Desde que o Uber nasceu, em um longínquo 2009, milhões de pessoas aproveitaram um novo conceito de mobilidade urbana, mais conveniente, seguro e com preços mais justos. | ||
Ao mesmo tempo, como negócio, os questionamentos sobre a viabilidade do modelo e os palpites sobre como fazer a empresa se tornar lucrativa eram frequentes. | ||
Provendo um serviço de valor para a sociedade e graças aos milhões investidos via Venture Capital, a empresa se manteve operando e crescendo apesar das críticas – mesmo sem dar lucro. | ||
Agora, finalmente, a Uber alcançou seu primeiro lucro operacional na história. | ||
No segundo trimestre de 2023, a companhia reportou lucro líquido de US$ 394 milhões e receita de US$ 9,23 bilhões. No mesmo período de 2022, a Uber havia amargado prejuízo de US$ 2,6 bilhões, com receita de US$ 8,07 bilhões. | ||
Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, alega que os resultados foram atingidos com a “manutenção de uma demanda robusta e continuidade na disciplina de custos”. | ||
Ou seja, para lucrar, a Uber teve que cortar. | ||
O impulso necessário para a receita ultrapassar o custo operacional foi dado por uma alta de 22% no número de corridas realizadas, um total de 2,28 bilhões no período. Os usuários também cresceram 12%, chegando a 137 milhões. | ||
Acabou o desconto? | ||
A prática de oferecer descontos agressivos e concorrer por espaço no mercado frente aos concorrentes deu lugar a uma posição confortável de líder. | ||
Com mais motoristas, preços marginalmente mais altos que os concorrentes e oferecendo maior comodidade aos usuários, a empresa finalmente encontrou um ponto de equilíbrio para agradar passageiros e oferecer uma remuneração mais atrativa para os motoristas. | ||
Prova disso é que a receita obtida com as viagens foi a que mais cresceu no trimestre, com alta de 40% quando comparada ao ano passado. Essa parcela da receita somou US$ 4,89 bilhões. | ||
O Uber Eats, que deixou de operar no Brasil – especialmente por conta da dominância do iFood –, cresceu 14% globalmente, trazendo US$ 3,05 bilhões para os cofres da empresa. O crescimento ocorreu mesmo com o fechamento de operações em mercados onde o lucro não aparecia, como no Brasil. | ||
Falando do nosso país, embora a Uber não divulgue dados específicos da operação por aqui, a América Latina deu um salto de 30% na receita realizada no trimestre, totalizando US$ 627 milhões. EUA e Canadá, mais estabelecidos, permaneceram estáveis, aumentando 4% – trazendo US$ 5,12 bilhões para a companhia. | ||
O novo job do filho do Steve Jobs | ||
Para quem nasceu filho de Steve Jobs, trabalhar não é obrigação – afinal o pai foi cofundador de uma empresa que hoje vale mais de US$ 3 trilhões. | ||
Mas, sendo filho de alguém que respirava – e liderava – a inovação e de Laurene Powell Jobs, uma filantropista, Reed Jobs, o terceiro filho do casal, decidiu encarar o desafio de colocar um fundo de venture capital de pé. | ||
Uma maneira de investir em inovação e apoiar empreendedores que estão trilhando caminhos que seu pai percorreu com a Apple décadas atrás. | ||
Especificamente, o fundo Yosemite Management será focado em investir em startups da área da saúde – healthtechs. A meta é levantar US$ 400 milhões para investir no setor, em startups de diversos estágios – de early ao growth. | ||
Por que saúde? Por que venture capital? | ||
Reed atuava na Emerson Collective, entidade comandada por Laurene, focada em saúde, educação, meio ambiente, mídia e jornalismo. E era justamente na área de saúde da Emerson Collective que o filho de Steve Jobs atuava. | ||
Reed também já teve contato com investimentos em startups: a Emerson Collective, além de entidade filantrópica, faz investimentos de venture capital. | ||
Na Emerson, ele liderou o time de investimentos em saúde. Entre as startups na qual investiu estão a ElevateBio, de terapias genéticas, a Getlabs, plataforma de atendimento remoto e a TrialSpark, de software para clínicas. | ||
Vale lembrar: esse não é um momento ótimo para uma gestora de investimentos em venture capital começar a operar – novas gestoras têm encontrado dificuldade em levantar capital frente ao aumento global das taxas de juros. | ||
Dados do Pitchbook mostram que, para as novatas, a média de capital levantado tem sido US$ 42 milhões. Reed planeja captar US$ 400 milhões – 10x mais que a média. | ||
Além da reputação do pai e do trabalho desenvolvido na Emerson Collective, Reed contará com um empurrãozinho da mãe: ela será uma das principais limited partners (LP) – quem coloca grana nos fundos de venture capital – do Yosemite Fund I. | ||
Ainda assim, o filho de Steve Jobs terá que comprovar a capacidade de atrair alguns endinheirados para investir capital em um gestor independente – mesmo nadando contra a correnteza. Será que ele terá a mesma competência – e sorte – do pai para enxergar o futuro? O tempo dirá. | ||
Desvendando o venture capital | ||
No mais recente episódio do Podcap: "Desvendando o Venture Capital", trouxemos Lucas Abreu (Venture Capital Associate na Astella) para nos ajudar a desmistificar o mundo dos investimentos em startups e trazer um papo aberto, com profundidade, passando pelos fundamentos do Venture Capital, seus estágios e a realidade dentro de um dos maiores fundos da América Latina. | ||
Lucas traz sua experiência como criador de conteúdo sobre o mercado de VC e como Venture Capital Associate na Astella. Conta sobre a evolução do mercado no Brasil e a lógica por trás dos estágios das startups no VC. | ||
O que mais você encontrará: | ||
👉 Relação Risco x Retorno no VC | ||
👉 Racional por trás dos valuations e enterprise value | ||
👉 Como funciona um fundo de Venture Capital e critérios de avaliação da Astella | ||
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