“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, [...] E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.” Medita...
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Quando eu li a primeira vez esses versos, na contra capa do livro do Hemingway, eu estava num quarto de hospital acompanhado a minha vó, em fase terminal de uma doença. Talvez por essa razão cada leitura desse poema seja carregada de emoção, e o coração nunca fique em silêncio diante dessas palavras, mesmo tantos anos depois, da primeira leitura. | ||
Talvez ainda, porque nesse primeiro contato, o momento que eu vivia, me permitia muito mais sentir, do que entender, a dor da perda e a consciência de pertencimento a essa humanidade que o eu lírico cantava, ao sentir que um dos meus mais preciosos “torrões de terra” estava sendo arrastado para mar. | ||
Muitas vezes, nesses período pandêmico eu me lembrei desse poema, eu o ressignifiquei das mais variadas formas: na ausência dos amigos, em novos sustos com as pessoas amadas, ao ler as notícias dos jornais, ao me entristecer com histórias de desconhecidos, ao me indignar com a má gestão do dinheiro público que segue mesmo em meio a uma pandemia; e prejudica os mais pobres sempre. | ||
“Nenhum homem é uma ilha isolada...” | ||
Você já parou para pensar sobre isso? | ||
Consciente ou inconscientemente, espero que sim! | ||
Interpretando essas linhas, de um modo muito simplista, pode-se afirmar que somos menores sozinhos, ficamos diminuídos isolados. Pode-se dizer até que menos humanos. | ||
Por isso precisamos nos deixar tocar pelo outro. | ||
Vivemos num tempo de culto à beleza, de valorização do ego, de busca pela felicidade, de priorização de individualidades e esquecemos muitas vezes das pessoas ao nosso lado, e da importância de quem nos cerca, porque nos supervalorizamos ou porque nos desvalorizamos. | ||
São filtros de mais e realidade de menos. | ||
Mas, sempre podemos começar a olhar pro outro. | ||
Toda vez que leio esse poema eu fico pensando no nome que lhe foi dado | ||
Meditação 17. | ||
E algumas vezes, fico pensando sobre o significado da palavra meditar que é: estudar o pensamento, entregar-se a longas e profundas reflexões... | ||
Meditar gasta tempo... | ||
Gastar-se com o outro toma do nosso tempo. | ||
E não temos tempo para gastar com outro. | ||
“_ A vida é uma correria!”. | ||
“_ É tudo para ontem!”. | ||
Então, pessoas podem ficar para amanhã. | ||
E nem temos amanhã. | ||
Somos por vezes obstinados demais com as nossas vontades, com as nossas opiniões, com os nossos desejos; e em determinadas situações esquecemos ou até apagamos a existência do outro. | ||
“Se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída” | ||
O que acontece com o outro nos afeta, ou pelo menos deveria! | ||
Sendo assim, que sejamos sempre “um ombro na noite quieta, um colo pra começar o dia”. (Tomando emprestado esses versos de um outro autor). | ||
E nessas pequenas coisas possamos reconhecer a nossa humanidade. | ||
“...Portanto, não procures saber por quem o sino toca, ele toca por ti...” | ||
Para ler quando quiser: | ||
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