Ednaldo Rodrigues é o novo presidente da CBF e promete muitas mudanças na entidade
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Ednaldo Rodrigues é o novo presidente da CBF e promete muitas mudanças na entidade

Ednaldo Rodrigues

Redação
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Ednaldo Rodrigues

Créditos: Lucas Figueiredo/CBF

Por: Redação

Atualizado: 26 de março de 2022 / sábado / 20h50

Depois de ter sido administrada por Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Marco Polo Del Nero e Rogério Caboclo – os três primeiros banidos pela FIFA por denúncias de corrupção e o último por denúncias de assédio sexual e moral contra funcionários – a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) já tem um novo presidente. Trata-se de Ednaldo Rodrigues. Apesar de ter sido chapa única, a eleição tinha que ser ocorrida e, no dia 23 de março de 2022, Ednaldo Rodrigues foi eleito com ampla maioria dos votos dos presidentes das Federações Estaduais e dos presidentes dos clubes das Séries A e B.

Apesar da chapa “PACIFICAÇÃO E PURIFICAÇÃO DO FUTEBOL BRASILEIRO’’ encabeçada por Ednaldo Rodrigues de ter sido praticamente eleita por unanimidade, a eleição foi realizada com algumas questões judiciais e acusações feitas, principalmente, por Gustavo Feijó, presidente da Federação Alagoana de Futebol no período 2008 – 2015. Ednaldo Rodrigues recebeu 137 dos 141 votos possíveis. As Federações Estaduais tem o peso 3 e, das 27 Federações Estaduais somente a Federação Alagoana (comandada por Felipe Omena Feijó desde 2015) não compareceu e todas votaram a favor de Ednaldo Rodrigues somando o total de 78 votos. Os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro tem peso 2 e todos os clubes votaram a favor de Ednaldo Rodrigues somando um total de 40 votos. Os clubes da Série B do Campeonato Brasileiro tem peso 1 e, somente a Ponte Preta não votou por conta de uma irregularidade na procuração, mas todas as 19 equipes votaram a favor de Ednaldo Rodrigues somando um total de 19 votos.

No discurso de posse, o bem articulado Ednaldo Rodrigues falou bastante das dificuldades que enfrentou para conquistar o cargo mais importante do futebol brasileiro, da situação que encontrou a CBF e de como deseja que a entidade enfrente o processo de desconfiança causado por uma enorme quantidade de escândalos nas últimas décadas.

Abre aspas para Ednaldo Rodrigues: “Quando nós assumimos interinamente a entidade, era uma embarcação numa tempestade. Tive que segurar o leme. Agora, a partir da democracia aqui, quero corrigir o rumo. Fazer o melhor, o que é legal, e expurgar toda e qualquer imoralidade que já aconteceu”. “Não foi um processo fácil; foram nove meses de injúrias e infâmias; preconceito por ser do Nordeste e baiano de Vitória da Conquista; preconceito por ser negro; sofri todo tipo de pressão e tive os telefones e e-mails violados.

Mas, um dos principais assuntos referentes as eleições não foi abordado com mais ênfase e, se não fosse o brilhante trabalho de alguns jornalistas, nós estaríamos sem informações importantíssimas.

Durante o período em que Ednaldo Rodrigues esteve na presidência da CBF de forma interina, presidentes das Federações Estaduais receberam sucessivos aumentos salarias nos pagamentos feitos pela CBF mensalmente. Pelo menos dez presidentes de Federações Estaduais tiveram seus salários aumentados de R$ 20 mil (vinte mil reais) mensais para R$ 50 mil (cinquenta mil reais) e depois para R$70 mil (setenta mil reais) mensais. No final de 2021, o mesmo grupo que recebeu esse robusto aumento salarial teve direito ao bônus que a CBF paga para seus funcionários e diretores. Dessa forma, os privilegiados faturaram R$ 160 mil (cento e sessenta mil reais) em outubro, R$ 195 mil (cento e noventa e cinco mil reais) em novembro e R$ 215 mil (duzentos e quinze mil reais) em dezembro. Ao longo do ano, cada um dos participantes desse grupo de “colaboradores do futebol brasileiro” receberam R$ 860 mil (oitocentos e sessenta mil reais).

Havia outro grupo de presidentes das Federações que começou o ano ganhando R$ 40 mil (quarenta mil reais) mensais cada presidente. Eles também tiveram seus salários aumentados para R$ 70 mil (setenta mil reais) mensais e, ao fim do ano, também receberam o bônus. Pelo menos um integrante deste grupo faturou R$ 952,5 mil (novecentos e cinquenta e dois mil e quinhentos reais) brutos em 2021.

Quando nós ficamos diante desses valores fica bem mais fácil entender o por quê que a maioria dos presidentes das Federações Estaduais são tão dedicados e preocupados com as competições realizadas no Estado que preside. Por outro lado, a maioria dos presidentes dos clubes – independente da Série ou da localidade – são os responsáveis diretos pela falta de alternância de poder e permitem que a maioria dos presidentes das Federações Estaduais permaneçam no cargo por décadas e décadas. A subserviência da maioria dos presidentes dos clubes e das Federações Estaduais é tão grande que a CBF tem como principal foco a Seleção Brasileira. Afinal, a Seleção Brasileira tem patrocinadores de altíssimo poder econômico e recebe premiações milionárias por participar das principais competições do Mundo e realizar amistosos.

Independente da criação de uma LIGA (assunto para um novo texto), as competições organizadas pela CBF e pelas Federações Estaduais precisam ser otimizadas com uma melhor estrutura e apoio aos clubes de menor poder econômico para que os mesmos não sejam engolidos pelos clubes formados por grandes empresários do mundo da bola. O futebol brasileiro vai ter mais uma oportunidade para ser visto não apenas como o maior vencedor de Copas do Mundo.

Ednaldo Rodrigues tem 68 anos, presidiu a Federação Baiana de Futebol de 2001 até 2018 e foi vice-presidente da CBF de 2018 até 2021. Foi eleito para comandar a CBF até dia 23 de março de 2026 com direito de disputar a reeleição.