Por: Riva
Por: Redação | ||
Atualizado: 15 de fevereiro de 2022 / terça-feira / 12h32 | ||
O assunto é tão delicado que eu (Riva) não tenho coragem de escrever uma linha e, muito menos, formar uma opinião. Mas, o jornalista Juca Kfouri, do UOL, relatou a situação no seu Blog e optei por copiar e enviar. | ||
Só o título já é impactante. | ||
A surpreendente, trite e repugnante história do ídolo Gylmar dos Santos Neves | ||
Juca Kfouri | ||
14/02/2022 13h58 | ||
“Gylmar era despachante do DOI-CODI’’, afirma Adriano Diogo. | ||
“Andava pelos andares da delegacia onde se torturavam e matavam presos.’’ | ||
Gylmar foi o goleiro bicampeão mundial pela Seleção Brasileira, em 1958/62, pelo Santos, em 1962/63, e campeão do 4o Centenário pelo Corinthians. | ||
Até hoje é considerado o melhor goleiro brasileiro e é ídolo tanto do Santos quanto do Corinthians. Morreu em 2013, aos 83 anos. | ||
DOI-CODI foi o Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna, órgão do Exército, de inteligência e repressão nos tempos da ditadura. Nasceu em São Paulo, da chamada Operação Bandeirante, a OBAN, que prendia, Torturava e muitas vezes matava os opositores do governo militar nas dependências de sua delegacia na rua Tutóia. | ||
Adriano Diogo, 72 anos, passou 90 dias preso na OBAN, onde foi barbaramente torturado, em 1973. | ||
Com a redemocratização elegeu-se vereador e deputado estadual pelo PT e presidiu a Comissão da Verdade de São Paulo. | ||
“Ao ficar tanto tempo preso no mesmo lugar você cria proximidade com os carcereiros e eu vi o Gylmar nos corredores da delegacia muitas vezes. E perguntei: ‘Mas aquele não é o ex-goleiro Gylmar?’. Foi assim que soube o que ele fazia’’. | ||
Ao sair da prisão, Diogo investigou mais a fundo o que significa ser “despachante do DOI-CODI’’. | ||
O que descobriu, além do que viu, é estarrecedor. | ||
“Ele também esquentava a documentação de carros apreendidos em capturas de opositores pela OBAN e vendia carros da GM, Opalas e Chevettes, para militares e delegados sem cobrança de impostos, por meio de autorização especial obtida por ele no governo federal.’’ | ||
“Pelos bons serviços prestados à ditadura, e à General Motors, ganhou uma imponente concessionária da multinacional no Tatuapé, na zona leste paulistana, por meio da qual favorecia seus amigos da repressão em parceria com Ricardo Izar, seu cunhado e deputado que apoiava a ditadura’’. | ||
Gylmar, de fato, sempre revelou perfil conservador, embora só agora passado tão infame tenha vindo à luz, fruto de condenação de seu filho, Marcelo Izar Neves, 55, por injúria racial. | ||
Ao discutir com um vizinho, Marcelo Neves, que é dono de camarotes em estádios de futebol, disse: “Por isso que os judeus se foderam na vida, Hitler estava certo, a raça de vocês, judeus, não presta’’, e foi condenado a um ano de prisão, pena revertida para prestação de serviços à comunidade. | ||
Gylmar também gostava de circular no andar de cima da cartolagem, tanto na FPF, que assessorou no começo da década de 1970, quanto na CBF. | ||
Doutor Sócrates contava que, em excursão da Seleção Brasileira, certo dia recebeu uma “visita surpresa’’ em seu quarto comandada exatamente por Gylmar: “Acho que ele esperava me encontrar sentado tomando cerveja e me encontrou deitado lendo. Ficou todo sem jeito e foi embora’’. | ||
Nada que se compare a ter servido ao regime que matou 473 opositores sob proteção do Estado. |