Homenagem para Elenilson
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Homenagem para Elenilson

Redação
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O sonho da maioria das crianças brasileiras é jogar futebol profissionalmente ou simplesmente por diversão. Com Elenilson Santos ou simplesmente Elenilson “o mago do futebol sergipenano’’ não foi diferente. Filho do senhor Osvaldo Santos (conhecido como Osvaldo Alemão) – ex-jogador do Club Sportivo Sergipe e da Seleção Sergipana de Futebol e, posteriormente, corretor de imóveis – e da senhora Maria Eurides Santos – doméstica, Elenilson nasceu em Aracaju-SE, no Bairro Agamenon Magalhães em frente ao Estádio Adolfo Rollemberg no dia 16 de junho de 1966.

Com o privilégio de ter nascido em uma família de desportistas, Elenilson foi incentivado desde cedo porque o sonho de Seu Osvaldo Alemão e dos irmãos era vê-lo jogando profissionalmente. Inclusive, Neliton – um dos irmãos de Elenilson – treinou no Cotinguiba Esporte Clube mas optou pelo trabalho para poder ajudar nas despesas da casa. Sem a mínima intenção de jogar profissionalmente, Elenilson iniciou jogando nas peladas que aconteciam no Adolfo Rollemberg e na escolinha 21 de abril do Major Hunaldo (verificar se é Hunaldo ou Honaldo). A escolinha foi e sempre será muito representativa para Elenilson porque foi a primeira oportunidade que teve para apresentar o seu futebol de forma mais séria.

Era um período em que Elenilson gostava tanto de jogar as peladas no Adolfo Rollemberg que esquecia do horário e só ia pra casa quando a mãe ia buscá-lo com um cinturão e ele saia correndo pra casa. A senhora Maria Eurides Santos – mãe de Elenilson – nunca proibiu que Elenilson participasse das partidas de futebol e de outras outras brincadeiras com os amigos. Ela apoiava, mas, na época, o garoto Elenilson não entendia e só queria estar jogando. Mas, posteriormente, entendeu que tudo que a sua mãe queria era que ele cumprisse as tarefas escolares e fosse disciplinado com os horários.

Elenilson não tinha a dimensão da qualidade técnica que tinha e, por isso, não se achava em condições de fazer um teste em algum clube da capital sergipana. Um dos amigos de Elenilson foi muito importante para que ele mudasse de opinião. Todas as noites ele dizia que Elenilson tinha que fazer um teste em um clube porque era talentoso e diferenciado.

Observado por várias pessoas que o via jogar de forma amadora e nas peladas, Elenilson passou a ser observado pelo Professor Hélio Pacheco do Cotinguiba Esporte Clube. O Cotinguiba as vezes treinava no Adolfo Rollemberg e o professor Hélio Pacheco começou a observá-lo com mais atenção e, com o olhar clínico, enxergou o talento e a qualidade técnica de Elenilson antes de chegar a adolescência. O profesor Hélio Pacheco iniciou a tentativa junto a Seu Osvaldo Alemão – pai de Elenilson – para que ele fizesse um teste no Cotinguiba. Elenilson era muito magro e seu pai tinha medo que outros atletas bem mais fortes fisicamente machucasse Elenilson e, por esse motivo, não liberou para que ele fizesse um teste no Cotinguiba.

Seu Osvaldo Alemão foi atleta do Club Sportivo Sergipe e um torcedor ferrenho do clube e tinha o sonho de ver Elenilson jogando no Sergipe. Depois de alguns anos da recusa para fazer um teste no Cotinguiba, Seu Osvaldo Alemão começou a pedir para que Elenilson fizesse um teste no Club Sportivo Sergipe. Na época, quem comandava as categorias de base (preparação física e técnica) era Geraldão. “Geraldão foi o melhor preparador físico e caçador de bons jogadores do futebol sergipano e treinava as categorias de base ensinando os principais fundamentos do futebol’’.

Depois de muita insistência, Elenilson atendeu o pedido de Seu Ovaldo Alemão e foi fazer um teste no Club Sportivo Sergipe. Elenilson ficou no banco de reservas e o tempo foi passando sem que Geraldão o chamasse para jogar. O final da tarde chegou, o treinamento foi encerrado e Elenilson não entrou em campo para ser avaliado. A caminhada de quarenta minutos da sua residencia no Agamenon Magalhães para o Estádio João Hora e a falta de oportunidade para jogar alguns minutos deixou Elenilson chateado e, quando chegou em casa, disse para Seu Osvaldo Alemão que não iria mais fazer teste no Club Sportivo Sergipe porque não entrou em campo.

O professor Hélio Pacheco continuou insistindo para que Elenilson fosse treinar no Cotinguiba e, dessa vez, a insistência deu certo e Seu Osvaldo Alemão autorizou Elenilson para treinar no Cotinguiba. Com um talento incontestável, Elenilson encaixou no juniores do Cotinguiba e fez um brilhante campeonato jogando na ponta esquerda. O atque do Cotinguiba era Geraldinho, Nando – filho de Nílson Barros – e Elenilson. Nando jogou no Sport e no Grêmio. Naquela época existia campeonato de amadores (amador do Vasco, Cotinguiba, Sergipe, Confiança e outras equipes do futebol sergipano) e, Geraldão ficou interessado em levar Elenilson para disputar o campeonato de amadores pelo Club Sportivo Sergipe. O presidente do Sergipe, Motinha, entrou em contato com o presidente do Cotinguiba, Wellingtom Mangueira, para negociar a transferência de Elenilson para o Sergipe. Foi feito uma troca – comum naquela época -. Motinha liberou dois jogadores do Sergipe pro Cotinguiba e Elenilson foi pro Sergipe.

Elenilson tinha 18 anos quando chegou na base do Club Sportivo Sergipe e o ano era 1985. Elenilson foi surpreendido na chegada porque algumas pessoas disseram que seria difícil ele jogar porque alguns jogadores eram protegidos. Elenilson não se abalou e mostrou muita personalidade quando disse “tudo bem’’. Iniciou o primeiro treinamento na equipe reserva, mas, dessa vez, Geraldão logo colocou Elenilson em campo. Com trinta minutos de treinamento, Geraldão colocou Elenilson na equipe titular e iniciou a história de um dos melhores meiocampistas da história do Club Sportivo Sergipe.

Na equipe profissional do Club Sportivo Sergipe tinha jogadores experientes, de boa qualidade técnica e a base da equipe era formada por jogadores de outros Estados. Depois de disputar dois campeonatos pelos juniores jogando bem, o técnico dos profissionais, Fito Neves, escolhia Elenilson e Baianinho para treinar entre os profissionais todas as tardes. Pela manhã, Elenilson e Baianinho treinavam nos juniores sobre o comando técnico de Geraldão e, à tarde, treinavam com os profissionais sobre o comando técnico de Fito Neves. A vontade de vencer era tão grande que Elenilson dava quatro caminhadas (ida e volta) por dia da sua residencia no Agamenon Magalhães para o Estádio João Hora e, à noite, concluía o dia com mais uma caminhada para o Colégio Presidente Vargas no Siqueira Campos. “Elenilson não esquece dos períodos difíceis que passou e fez questão de lembrar que Motinha o levava para a concentração para ter uma alimentação melhor e igual à dos atletas profissional”.

Em 1986, o ex-zagueiro Rubens Santos assumiu o comando técnico do Esporte Clube Propriá e, de forma muito inteligente, solicitou junto ao Club Sportivo Sergipe o empréstimo de Elenilson para reforçar a equipe na disputa da segunda divisão do campeonato sergipano. O Esporte Clube Propriá não conseguiu o acesso para a primeira divisão e Elenilson retornou para o Club Sportivo Sergipe.

Fito Neves saiu do comando técnico do Sergipe e Luiz Pondé assumiu. Conhecendo o elenco que tinha para trabalhar, Luiz Pondé incluiu Elenilson para concentrar e ficar disponível para fazer a estreia entre os profissionais do Club Sportivo Sergipe. Era um momento muito difícil na vida pessoal de Elenilson porque Seu Osvaldo Alemão tinha leucemia e estava internado. Na noite que antecedia a partida, um dos irmãos de Elenilson chegou na concentração para avisá-lo que Seu Osvaldo Alemão estava passando mal e Elenilson precisava vê-lo. Luiz Pondé pegou o veículo que possuía e, de forma muito solicita, levou Elenilson e o irmão para o Hospital Cirurgia. Mas, quando chegaram no Hospital, Seu Osvaldo Alemão não o reconheceram e estava respirando com muitas dificuldades. Elenilson pegou na mão de Seu Osvaldo Alemão e em pouquíssimos minutos ocorreu o falecimento.

A estreia de Elenilson no Club Sportivo Sergipe foi adiada e, somente depois de uma semana, Elenilson retornou para os treinamentos. Muito triste – sempre lembrando que o sonho de Seu Osvaldo Alemão era vê-lo jogando profissionalmente no Club Sportivo Sergipe – Elenilson estava irreconhecível. Parecia que nunca tinha jogado futebol.

Em 1987, o Club Sportivo Sergipe não conseguiu a classificação para o quadrangular final do campeonato sergipano e o presidente Motinha fez um acordo com os atletas de fora do Estado e decidiu investir na base e no técnico Rubens Santos. Depois do campeonato sergipano tinha a Copa Governardor Valadares. Foi, a partir da Copa Governador Valadares que Elenilson e outros atletas da base estrearam e deram inicio a uma série de títulos.

Elenilson contou com a orientação de vários técnicos. Hélio Pacheco e Geradão nas categorias de base, Rubens Santos foi o primeiro técnico quando iniciou profissionalmente e, principalmente, Ribeiro Neto. Elenilson afirmou com todas as letras que Ribeiro Neto foi o melhor técnico que ele trabalhou. Foi Ribeiro Neto que orientou a se desvencilhar da marcação (muitas vezes desleal) e ter mais liberdade para apresentar as suas habilidades. A força física, o choque e as disputas corpo a corpo nunca foram o ponto forte de Elenilson. Mas, com a ajuda de Ribeiro Neto e observado Luiz Carlos Bossa Nova jogando ele conseguiu superar essas dificuldades e colocar em prática a sua habilidade e movimentação para sair da forte marcação imposta pelos oponentes.

A qualidade técnica de Elenilson exigia muito trabalho para os marcadores. Entre os marcadores que mais incomodavam Elenilson estão Pêta, Batista e Pimenta. Todos faziam uma marcação forte, leal e sem dar espaços para que Elenilson articulasse as jogadas. Mas quem criou mais dificuldades para Elenilson foi Zitinho do Lagarto. Inclusive, em uma das partidas entre Sergipe e Lagarto, Elenilson ficou tão irritado com a marcação de Zitinho que, mesmo sem saber chegar com mais força nas jogadas (dar pancada) tentou revidar e foi expulso.

Com um vasto currículo de grandes jogos, Elenilson relatou alguns.

A partida que classificou o Sergipe para a Copa do Brasil contra o Náutico.

Contra o São Paulo pela Copa do Brasil no Morumbi. O São Paulo venceu o Sergipe por 4 a 3 e, o qurto gol do São Paulo foi no finalzinho da partida.

O empate por 2 a 2 com o Fluminense nas Laranjeiras pela Copa do Brasil.

Sergipe e Confiança. O Sergipe estava perdendo, mas conseguiu virar e sair de campo com o resultado positivo. O zagueiro Bigú, do Confiança, deu cotovelada no supercílio de Elenilson que necessitou pegar pontos.

Mesmo sendo um meia de criação e com a responsabilidade de alimentar / dar assistências para os atacantes, Elenilson também tinha facilidade de finalizar e marcar gols. Em 1991 disputou a artilharia com Leniton até a última rodada (cada um tinha quatorze gols), mas, na final contra o Confiança, Leniton marcou o gol do título e ficou com a artilharia do campeonato. Elenilson foi escolhido o melhor jogador da competição. Segue a relação de alguns gols marcantes na carreira de Elenilson.

Contra o São Cristóvão de Carmópolis, no Batistão, Elenilson recebeu a bola próximo ao banco do Sergipe e, percebendo que Malvina vinha de primeira, deu uma cavadinha por cima de Malvina e passou para Sandoval que devolveu para Elenilson finalizar.

Elenilson não foi um cabeceador, mas, contra o Itabaiana, Osvaldo cruzou do lado direito e, Elenilson estava na entrada da grande área e cabeceou no ângulo do goleiro Renan. Uma cabeçada indefensável.

O gol mais bonito foi contra o Vasco Esporte Clube. A defesa do Vasco saiu para fazer a linha de impedimento e, Gilvan, que estava no meio-campo, de forma inteligente percebeu que Elenilson estava saindo de trás e deu um excelente passe que quebrou a linha de impedimento montada pelo Vasco e deixando Elenilson frente a frente com o goleiro Gilmar. Elenilson deu uma cavadinha para receber do outro lado e, quando ficou na linha do gol, chutou e marcou o gol. Além de todo o contexto do golaço, um fato ficou marcado. No dia seguinte, assistindo pela TV, Elenilson percebeu que quando ele deu a cavadinha e partiu pro gol, o goleiro Gilmar estava acompanhando e deu uma voadora que felizmente não atingiu Elenilson.

Os clássicos, como nós sabemos, é uma competição à parte e movimenta o Estado e principalmente a cidade em que existe o clássico. A maioria dos atletas gostam de jogar grandes partidas porque a atmosfera é fantástica, a motivação da imprensa e dos torcedores é muito grande, existe uma rivalidade saudável entre os torcedores, a motivação dos atletas para fazer uma boa partida coletivamente e se destacar, …… Comigo não era diferente. Eu sempre jogava pensando no coletivo, mas buscava ser um dos melhores em campo. A empolgação da torcida é contagiante e esse clima vai pro campo de jogo.

Todos nós sabemos que a convivência entre dirigentes e atletas é um assunto muito complicado e não podemos generalizar. No ambiente futebolístico e na vida existem pessoas boas e pessoas ruins e, no futebol, existem uma série de interesses que podem ajudar ou prejudicar o clube ou o atleta. Eu sempre tive um bom relacionamento com os dirigentes e, apesar de ter as minhas opiniões e convicções, sempre procurei tratá-los com respeito. Certa vez, o jornalista e saudoso Jota Santos me disse o seguinte: “Elenilson, não só no futebol mas como na vida, a gente tem que saber lhe dar com todo tipo de ser humano. Mesmo sendo uma pessoa de caráter duvidoso, a gente tem que saber lhe dar com ele e saber viver contornando as divergências.

Trabalhei com Motinha (presidente do Club Sportivo Sergipe) dez anos. Motinha era tido como uma pessoa ignorante, rude, firme, dura e gostava de dar a última palavra. E, na realidade, o perfil de Motinha era esse. Só para termos uma ideia, quando Motinha chegava os funcionários do clube avisavam uns para os outros que o presidente tinha chegado e muitos ficavam assustados. Tive algumas desavenças com Motinha e, uma delas, foi ao vivo na Rádio Jornal de Aracaju-SE. No período de renovação dos meus contratos a gente sempre tinha divergências. Por várias vezes Motinha me afastou do clube no período de renovação do contrato e eu ia treinar no Estádio Adolfo Rollemberg. Mas, em todos os lugares que eu (Elenilson) tenho oportunidade de falar de Motinha digo o seguinte: “Motinha foi o melhor presidente da história do Club Sportivo Sergipe e a história do clube se divide em duas. Antes e depois de Motinha”. Muitas pessoas podem dizer que Motinha era tudo que foi citado acima, mas, na realidade, Motinha deixou um legado muito grande. Salão, ginásio, melhorias na concentração e no Estádio João Hora.

Por mais inteligente que seja ou conhecedora de futebol, a maioria dos torcedores são passionais. Claro que a forma de analisar futebol – principalmente do time que torce – está mudando. Mas, uma boa parte dos torcedores são o que chamamos de “torcedores de resultado”. Se o time vencer os defeitos são encobertos e, se o time perder, não tem qualidade. Muitos não entendem que o atleta pode estar em um dia ruim e não custa nada lembrar que jogador de futebol é um ser humano. Todos nós somos sujeitos a acertos e erros. Principalmente dentro de campo que é o local onde a emoção e a competitividade é muito grande. Muitos jogadores de alto nível técnico jogaram no Club Sportivo Sergipe, mas, para a minha alegria e privilégio, os torcedores do Sergipe tem um enorme carinho por mim e muitos me chamam de ETERNO. Mas esse reconhecimento eu divido com todos os atletas que jogaram comigo e também fazem parte dessa história.

Em 1991, no Hotel Parque dos Coqueiros, o presidente do Sergipe, Motinha, se reuniu com o presidente do Bahia, Paulo Maracajá, e com o técnico Ribeiro Neto. Paulo Maracajá queria comprar o passe do lateral esquerdo Alex e, durante a conversa, mostrou um enorme interesse em contratar Elenilson mas Motinha disse que não ia negociar o meia. Quando foi emprestado para o Porto de Pernambuco, Elenilson foi com o objetivo de mostrar a sua qualidade técnica e fazer um bom trabalho. Conseguiu o objetivo de forma tão brilhante que o Santa Cruz-PE e o Sport de Recife ficaram interessados em contratá-lo, mas Motinha já tinha negociado o passe de Elenilson com o CRB de Alagoas. O desejo de Elenilson era que o Porto comprasse o seu passe e negociasse com o Santa Cruz ou Sport. Um dia depois da chegada no CRB, os dirigentes do Sport ligaram para os dirigentes do CRB para comprar o passe de Elenilson mas os dirigentes do CRB não aceitaram a proposta e a negociação não foi concretizada. Elenilson saiu do Club Sportivo Sergipe com 28 anos e, durante a sua passagem pelo clube, vários clubes procuraram o presidente Motinha para comprar o seu passe. Elenilson se sente prejudicado porque não foi negociado cedo. Motinha pensou somente no Club Sportivo Sergipe – afinal, tinha um jogador de boa qualidade técnica e barato – e prejudicou o futuro de Elenilson.

Uma das grandes tristezas de Elenilson foi a lesão e a cirurgia no joelho em 1995. Elenilson tinha sido emprestado para o Paraguasuense de São Paulo pelo empresário e dono do clube João Feijó para disputar a Séria A2 do campeonato paulista com a certeza que se jogasse bem João Feijó o colocaria para jogar em um grande clube. Na partida contra a Inter de Limeira Elenilson marcou um gol e estava bem. No dia seguinte, no treinamento, sofreu a lesão no joelho e teve que ser operado. O empresário João Feijó cumpriu o que prometeu para todos os atletas e, os que se destacaram, foram jogar em equipes como o Atlético-MG, Corinthians e Bahia. Mas, por causa da lesão, Elenilson não foi negociado mesmo tendo sido um dos destaques da equipe.

A passagem de Elenilson pela a Associação Desportiva Confiança foi complexa por causa de algumas situações.

Elenilson operou o joelho em São Paulo e foi fazer a recuperação em Maceió no campo do CRB. Quando ainda em fase de recuperação, João Feijó disse que ele ia jogar no Confiança. Elenilson disse para João Feijó que não tinha nenhum problema em jogar no Confiança porque é um grande clube, tem uma torcida maravilhosa, mas estava se recuperando de uma cirurgia e o nível de cobrança seria muito grande porque tinha iniciado a carreira no Club Sportivo Sergipe. A expectativa dos torcedores do Confiança era que Elenilson jogasse o mesmo futebol que jogava na época do Sergipe. Mas João Feijó não aceitou os argumentos e pressionou e disse que se ele não fosse para o Confiança ia ser difícil conseguir um clube para Elenilson no ano seguinte.

A ultima partida que Elenilson jogou foi contra a Inter de Limeira em fevereiro e foi concluir a recuperação em novembro no Confiança. Sem ter concluído a recuperação, Elenilson estava visivelmente distante da forma física ideal, sem ritmo de jogo e sem confiança. Depois de nove meses parado, Elenilson estreou e estava irreconhecível. Muitos torcedores que conheciam o futebol de Elenilson diziam que ele tinha desaprendido. Na segunda partida teve uma melhora significativa e o Confiança venceu o Sergipe por 1 a 0 e a final do campeonato sergipano de 1995 foi decidido em três partidas entre Confiança e Sergipe.

Na noite que antecedeu a ultima e decisiva partida Elenilson teve problemas estomacais e não consegui dormir. Para ter um bom desempenho dentro de campo, Elenilson tinha que dormir bem à noite e, depois do almoço, dormir no mínimo uma hora. No dia seguinte, antes da partida, conversou com Audair o seguinte: se eu pedir para não jogar a torcida do Confiança vai dizer que eu me vendi para não enfrentar o Sergipe na final e se eu jogar não vou ter o mesmo desempenho que todos esperam. Elenilson só conversou com Audair e, mesmo fraco e debilitado, foi pro jogo na tentativa de superar os problemas e fazer uma boa partida. A tentativa foi frustrada porque não jogou bem, errou na saída de bola e o Sergipe aproveitou para trabalhar a bola e marcar um dos gols, foi substituído e saiu vaiado pela torcida do Confiança. Elenilson ficou muito triste porque foi abraçado pela torcida do Confiança – inclusive cantavam “hei hei hei, Elenilson é nosso rei” - e não conseguiu retribuir o carinho com um título.

Segue abaixo a relação dos clubes que jogou e dos títulos conquistados por Elenilson como atleta profissional:

1986 – Esporte Clube Propriá – Propriá-SE.

1987 - Club Sportivo Sergipe. Campeão da Copa Governador Valadares.

1988 – Club Sportivo Sergipe.

1989 - Club Sportivo Sergipe. Campeão Sergipano.

1990 - Club Sportivo Sergipe.

1991 - Club Sportivo Sergipe. Campeão Sergipano.

1992 - Club Sportivo Sergipe. Campeão Sergipano.

1993 - Club Sportivo Sergipe. Campeão Sergipano.

1994 - Club Sportivo Sergipe. Campeão Sergipano.

1995 -

1996 -

1997 -

1998 -

1999 -

CONFIRMAR COM ELENILSON A RELAÇÃO DOS CLUBES E DOS TÍTULOS.

Na época em que Elenilson era atleta, a esmagadora maioria dos atletas imaginavam que iam jogar futebol eternamente e conquistar a independência financeira sem ter a necessidade de se preparar para a aposentadoria do futebol como atleta. Esse deslumbramento era normal porque naquela época poucas pessoas orientavam os atletas para estudar e fazer cursos profissionalizantes em algum segmento do mercado. O professor, ex-jogador e ex-técnico Aílton Rocha dizia e continua dizendo que o futebol enriquece poucos e empobrece muitos. Com Elenilson não foi diferente e esse deslumbramento existiu. Somente depois que parou de jogar profissionalmente Elemilson voltou a estudar e é formado em Educação Física pela UNIT (Universidade Tiradentes). Elenilson sabe da importância de uma orientação e, desde quando começou a trabalhar na comissão técnica das categorias de base do Clu Sportivo Sergipe até hoje, faz questão de orientar e incentivar os jovens para estudar porque se o futebol não der certo ele (o jovem) já está preparado para enfrentar o mercado de trabalho. Com o mercado de trabalho muito competitivo, a importância de estar bem preparado e estudar é a base para ter sucesso profissional em qualquer segmento do mercado.

Quando encerrou a carreira de atleta profissional, Elenilson decidiu ser técnico de futebol. Foi uma decisão pensada e a realização do sonho de continuar trabalhando com esporte e, principalmente, com o futebol. A formação de Professor de Educação Física foi e está sendo muito importante para que ele continue desenvolvendo um bom trabalho e colecionando títulos.

Segue abaixo a relação dos clubes que Elenilson treinou até a presente data:

1999  Categorias de base do Club Sportivo Sergipe; auxiliar técnico de Luiz Carlos Cruz; bicampeão sergipano da categoria Sub-17; tricampeão sergipano da categoria Sub-17.

2003  América Futebol Clube – clube de Propriá-SE. Convidado pelo presidente e amigo Isías Aragão, Elenilson treinou o América na Segunda Divisão do Campeonato Sergipano de Futebol e, depois de doze anos, o clube conseguiu o acesso para disputar a Primeira Divisão do Campeonato Sergipano de Futebol.

2004 - América Futebol Clube.

2005 - Olímpico Pirambu Futebol Clube – clube da cidade de Pirambu-SE. Campeão da segunda divisão do campeonato sergipano de futebol.

2006 - Olímpico Pirambu Futebol Clube – clube da cidade de Pirambu-SE. Campeão da primeira divisão do campeonato sergipano de futebol.

2007 - Clube Atlético do Porto – conhecido como Porto da cidade de Caruaru-PE. Ficou a um ponto para ser vice-campeão pernambucano de futebol. Foi um dos nomes escolhidos para ser o melhor técnico da competição, mas o escolhido foi o técnico Galo que na época treinava o Sport de Recife.

No segundo semestre foi o técnico do Clube Desportivo de Canindé do São Francisco (mais conhecido como Canindé) da cidade de Canindé do São Francisco-SE na segunda divisão do campeonato sergipano de futebol.

2008 – Club Sportivo Sergipe e América Futebol Clube de Propriá-SE.

2009 – Igaci Futebol Clube – clube da cidade de Igaci-AL. A equipe estava na última colocação do campeonato alagoano de futebol e, um dos diretores, solicitou a ajuda do empresário João Feijó para que o mesmo indicasse um técnico. João Feijó indicou Elenilson. Elenilson assumiu o comando técnico e disputou as duas últimas partidas do primeiro turno do campeonato alagoano de futebol (derrota para o CRB e empate com o CSE). Antes do início do segundo turno do campeonato alagoano de futebol foi realizada uma reunião com os dirigentes, o prefeito de Igaci e Elenilson. Elenilson disse que ia dispensar dez jogadores e contratar dez jogadores para fortalecer o elenco e brigar pelo título alagoano. O pedido de Elenilson foi aceito e, a equipe que a maioria dos jornalistas esportivos de Alagoas diziam que já estava rebaixada para segunda divisão, foi a sensação do segundo turno vencendo todas as partidas que jogou em casa e chegando nas semifinais do campeonato alagoano de futebol. Foi eliminada pelo ASA de Arapiraca mas permaneceu na primeira divisão com méritos e superação.

2010 - Associação Atlética Coruripe – clube da cidade de Coruripe-AL.

2011 – Clube Sociedade Esportiva – conhecido como CSE de Palmeira dos índios -AL.

2012 - Associação Atlética Coruripe – clube da cidade de Coruripe-AL.

2013 -

2014 - Clube Atlético do Porto – conhecido como Porto da cidade de Caruaru-PE.

2015 – Club Sportivo Sergipe. Depois passou quinze dias treinando a Seleção Brasileira Universitária na Coreia. TIRAR A DÚVIDA SE É SELEÇÃO BRASILEIRA OU SERGIPANA E QUAL COREIA.

2016 – Coordenador das categorias de base do Club Sportivo Sergipe.

2017 - Igaci Futebol Clube – clube da cidade de Igaci-AL – no segundo semestre.

2018 – Clube Esportivo Olhodaguense – conhecido como CEO – clube de Olho D’Água das Flores-AL.

2019 - Associação Atlética Coruripe – clube da cidade de Coruripe-AL.

2020 – Murici Futebol Clube – conhecido como Murici – clube da cidade de Murici-AL.

2021 – Esporte Clube Cruzeiro – conhecido como Cruzeiro de Arapiraca-AL.

Elenilson concluiu o nosso bate-papo dizendo que seria bom se nós fossemos jovens e tivéssemos a experiência e maturidade de hoje. Talvez eu (Elenilson) tivesse posições mais firmes para direcionar o meu futuro, mas não me arrependo da maioria das coisas que eu fiz dentro e fora de campo. Fui um atleta dedicado nos treinamentos, gostava de vencer as partidas independente do oponente e, se tivesse a oportunidade de voltar ao passado, faria tudo de novo para ser um jogador de futebol profissional.