Lionel Messi "abre espaço" para um novo debate sobre o fair play financeiro
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Lionel Messi "abre espaço" para um novo debate sobre o fair play financeiro

Crédito da foto: Twitter do PSG

Redação
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Crédito da foto: Twitter do PSG

Por: Redação

Atualizado: 16 de agosto de 2021 / segunda-feira / 20h15

Durante a última semana, o mercado da bola foi movimentado com a transferência de Lionel Messi do Barcelona para o PSG. Antes do início da última temporada surgiu a possibilidade de Messi sair do Barcelona, mas o contrato foi cumprido e o atleta honrou a camisa do clube que o acolheu desde a infância com um profissionalismo exemplar. A saída de Messi estava certa, mas ainda existia um fio de esperança pela permanência do atleta no clube catalão.

Afundado em uma enorme crise financeira, o Barcelona tinha que cumprir as regras do Fair Play Financeiro Espanhol e, manter Messi no elenco, tornou-se impossível mesmo com uma redução salarial de 50% proposta pelo atleta.

Na última temporada, jogando no Barcelona, Messi faturou 71 milhões de euros (cerca de R$ 436,5 milhões de reais) somente de salário fixo. Se nós dividirmos esse valor por doze meses, Messias faturou R$ 36 milhões de reais por mês. Segundo o jornal inglês "EL Mundo", entre rendimentos fixos, bônus por metas atingidas e luvas por assinatura de contrato, Messi recebeu 555 milhões de euros (cerca de R$ 3,4 bilhões de reais) ao longo dos últimos quatro anos no Barcelona.

Depois de vinte e um anos no Barcelona, sendo dezessete temporadas na equipe profissional, Messi conquistou uma enorme quantidade de títulos coletivo e individual - foi o melhor jogador do mundo seis vezes, por exemplo. Com uma excelente remuneração e um enorme carinho e gratidão pelo Barcelona, Messi propôs uma redução salarial de 50% para permanecer e ajudar o Barcelona sair da crise financeira e administrativa.

O desejo do Barcelona e de Messi esbarraram no Fair Play Financeiro da La Liga (campeonato espanhol) que vetou o acordo mesmo com a redução salarial. De acordo com o jornal inglês "The Guardian", o limite de gastos do Barcelona na temporada 2021/2022 é algo em torno de 200 milhões de euros (cerca de R$ 1,2 bilhão de reais) e a permanência de Messi ficou impossível.

O Fair Play Financeiro da Ligue 1 (campeonato francês) é diferente - podemos dizer que mais flexível - do que o Fair Play Financeiro da La Liga (campeonato espanhol). Mesmo com essa flexibilidade, o Paris Saint-Germain não poderia manter o salário que Messi recebia no Barcelona porque as regras da versão europeia proíbe que os clubes gastem mais do que arrecadam. O PSG pertence ao Governo do Qatar e, mesmo sendo uma fonte quase inesgotável de dinheiro, também precisa cumprir o que determina o Fair Play Financeiro francês. 

Com uma redução salarial de aproximadamente 50%, Messi acertou com o PSG sem que o clube francês  descumprisse as leis do Fair Play Financeiro. Messi vai receber entre 35 e 40 milhões de euros (cerca de R$ 246,1 milhões de reais) por temporada. Se nós dividirmos esse valor por doze meses, Messi terá um salário fixo de R$ 20 milhões de reais por mês. Não custa nada lembrar que o futebol ainda está se recuperando dos graves efeitos causados pela pandemia e, mesmo assim, o PSG já contratou o goleiro Donnaruma, o zagueiro Sergio Ramos, o lateral direito Hakimi e o meia Wijnaldum.

Vamos deixar os valores de lado e abordar algumas situações. 

Maurício Pochettino, técnico do PSG, vai ter um elenco estrelado e com três atacantes - Messi, Mbappé e Neymar - titulares absolutos. O problema é a recomposição do sistema defensivo quando a equipe perder a posse de bola. Os três atacantes são de altíssimo nível técnico, mas existe uma enorme dificuldade de recompor o meio-campo e os lados do campo. Messi fazia esse trabalho no Barcelona, mas a idade não permite que o jogador mantenha a mesma intensidade durante os noventa minutos.

As equipes - independente do tamanho e do poder econômico - vão enfrentar o PSG com muito mais vontade e alto nível de competitividade. Comparando com a maioria das grandes equipes do futebol mundial a superioridade técnica do PSG é indiscutível. Mas, quando a bola começar a rolar, a rivalidade, a vontade e a determinação de vencer uma equipe do nível do PSG é motivada de forma absurda. Se o PSG já alavancou um enorme índice de visibilidade com a chegada de Messi, imagine a equipe que conseguir vencer ou eliminar o PSG de uma competição.

Que Messi vai ser a estrela da companhia ninguém têm dúvidas. Resta saber se esse protagonismo vai ser absorvido por Neymar e Mbappé. Neymar já deve estar convencido que o seu melhor momento foi ao lado de Messi e, por esse motivo, ser um coadjuvante de Messi pode levá-lo ao título de melhor jogador do mundo - apesar de termos jogadores mais qualificados e jogando muito mais do que o brasileiro - e a tão sonhada Uefa Champions League pelo PSG. Mbappé é o mais novo do trio e, apesar da pouca idade, já é campeão do mundo pela seleção francesa marcando gol na final. São detalhes que somente o tempo vai esclarecer. 

A situação mais preocupante é o abismo financeiro que existe entre os clubes. Não faz muitos anos que existia mais equilíbrio entre os grandes clubes do futebol mundial. Mas, atualmente,  pouquíssimos clubes continuam com a mesma força financeira de cinco anos atrás e esse desequilíbrio nas finanças prejudica a competitividade das principais competições. Se nós fizermos um recorte dos últimos cinco anos e os campeões das principais competições do mundo, fica mais fácil identificar esse processo predatório em que o futebol está inserido. Uma distribuição de receitas mais igualitária e um Fair Play Financeiro mais rígido podem evitar a supremacia desses poucos clubes.