EU NÃO SEI FAZER
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EU NÃO SEI FAZER

EU NÃO SEI FAZER.

Alice Santos
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EU NÃO SEI FAZER.

Quantas vezes você já admitiu isso?

Como arquiteta eu posso criticar a faculdade por ter deixado de lado muitas questões, principalmente de prática profissional, mas dizer que ela não me ensinou a questionar seria uma mentira.

Infelizmente vivemos em um período que cada um se acha titular de uma verdade absoluta. Ouvi em uma propaganda da rádio espanhola esses dias (é, eu costumo ouvir os jogos do Real Madrid na rádio espanhola) algo mais ou menos assim: "existem mais terraplanistas no século 21 que no século 20. Procure informações de qualidade...rádio fulana tal e tal".

Não adianta muito na sua pesquisa, seja ela qual for, você se aferrar a apenas uma opinião ou apenas a um fato. A Metodologia de Pesquisa, aquela disciplina chata da faculdade, te ensinou isso.

É a fase mais chata da pesquisa, no entanto. E a mais demorada. A tal "revisão bibliográfica": ler artigos, dissertações, livros inteiros sobre idéias que você está tentando entender e as vezes entende mas não concorda, tudo isso quase sempre em um idioma com o qual você não tem familiaridade com os termos técnicos. Aqui temos outro ponto importante que a disciplina chata lá também nos ensinou: opinião não é conhecimento. Temos que embasar todo o nosso trabalho em conhecimento científico - e falo isso sem a intenção de ofender os terraplanistas! - e não em opiniões.

Aqui volto ao inicio com a admissão do EU NÃO SEI FAZER. Algumas pessoas preferem dizer que certas coisas não são possíveis a admitir isso. Profissionalmente, quando alguém, geralmente o cliente, pede algo, temos que nos virar pra aprender a fazer. Admitir que não se sabe algo – ou errar tentando - é a maneira mais simples de se aprender algo novo. Se esconder dessa admissão de falta de conhecimento é, no mínimo arrogante.

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Eu fui doutrinada pelos meus professores universitários a sempre melhorar, ter na ponta da língua as respostas e motivações para tudo aquilo que estava propondo nos meus projetos. Na época, nós alunos só achamos tudo isso uma droga, mas hoje eu sei que preciso agradecê-los por isso. Recentemente aprendi que esse método questionador tem um nome, o 5W2H. Então quando não sei fazer algo eu sempre me questiono POR QUE QUEREM ISSO e entro no meu looping de whys e hows.

Tudo isso pra resumir o meu interesse acadêmico no BIM e no IFC. Eu entrei há dois anos de fato no meu looping 5W2H sobre o assunto e ele é infinitamente extenso e muito, mas muito interessante. O que me levou a entrar nessa pesquisa lá atrás, o meu "eu não sei fazer" inicial eu aprendi há um ano atrás. Mas eu não parei ali, porque é apaixonante tudo isso! É uma área pouco explorada, principalmente aqui no Brasil e (opinião minha agora) acho que desmistificar o IFC é muito importante para o avanço do BIM por aqui, porque é com ele que os setores de planejamento, orçamento e gestão na construção civil podem abrir mão dos softwares autorais que custam milhares de dólares em licenças anuais e buscar soluções open source ou pelo menos menos custosas. 

E sim, com o IFC isso é possível. Só precisamos compreendê-lo e repassar esse conhecimento e por favor, pararmos de nos esconder atrás de críticas de que ele é inútil, incompleto, desinformado e tanta coisa mais que todos já ouvimos do pobre IFC. Eu mesma confesso que já o critiquei, mas já pedi perdão e somos agora, melhores amigos. Hoje eu vejo que criticá-lo só demonstra a limitação no conhecimento a respeito. O IFC é um incompreendido... o Mr.Darcy do BIM.

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Fica para o final o complemento do gif anterior do nosso querido Mestre Yoda (aqui nas palavras do roteirista Rian Johnson):

"Atenção nas minhas palavras, você não prestou. Passe adiante o que você aprendeu. Força, maestria... Mas fraqueza, tolice e também fracasso, sim, fracasso acima de tudo... O melhor professor, o fracasso é. Nós somos o que eles se tornam. Esse é o verdadeiro fardo de todos os mestres..."

Não guarde o conhecimento na sua caixinha e o esqueça lá. Liberte -o deixe que ele se expanda e multiplique!