A consciência cria!
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A consciência cria!

A consciência cria!

anderson
11 min
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A consciência cria!

O Campo simplesmente reflete a qualidade dos nossos sentimentos como as

experiências da nossa vida. Nas palavras de outras épocas, textos de 2.500

anos descrevem essa sabedoria com precisão e também indicam que ela pode

ser ainda mais antiga do que as páginas em que está preservada. O Evangelho

Essênio da Paz, por exemplo, diz: “Meus filhos, não sabeis que a Terra e

tudo o que nela habita não é senão um reflexo do reino do Pai celestial?

[Grifo nosso]” [9] Exatamente como ondulações que se irradiam do ponto

onde jogamos uma pedra num pequeno lago, nossos pensamentos,

sentimentos, emoções e crenças, às vezes inconscientes, criam as

“perturbações” no Campo que se tornam as matrizes da nossa vida.

É fácil depreciar o poder desse princípio por causa das poucas palavras

necessárias para explicá-lo. Sem o peso do jargão técnico ou da linguagem

científica ambígua, os antigos transmitiram uma compreensão simples de

como os acontecimentos da vida cotidiana estão diretamente ligados à

qualidade dos nossos sentimentos. Com a clareza dessa profunda sabedoria,

a responsabilidade por nossa saúde, e pela paz, vai além da esfera dos

eventos “casuais” e “fatalistas” e posta ao alcance da nossa mão.

Embora a ideia de um campo de inteligência sempre presente não seja nova,

físicos modernos elevaram hoje esse conceito a um patamar superior de

consideração e de aceitação no mundo científico. Talvez o renomado físico

da Princeton University, Dr. John Wheeler, contemporâneo de Albert

Einstein, seja quem melhor descreveu a física revolucionária de uma energia

que interconecta toda a criação. Lembro ter lido uma entrevista com o Dr.

Wheeler em 2002, depois que ele se recuperou de uma doença grave.

Quando lhe perguntaram que direção seu trabalho tomaria daí em diante, ele

respondeu que via a doença e a recuperação como uma oportunidade. Ela

era o catalisador que o convidava a concentrar a atenção numa única questão

que o desconcertava havia muito tempo.

“Que questão é essa?”, perguntou o entrevistador. Wheeler respondeu que

planejava dedicar sua vida a compreender a relação entre a consciência e o

universo. No mundo da física tradicional, essa afirmação, em si e por si

mesma, é suficiente para abalar os fundamentos da teoria aceita e fazer os

pais dos manuais modernos se revirarem em seus túmulos! Historicamente,

os conceitos sobre consciência e o tecido do universo não são usados na

mesma frase.

Mas Wheeler não parou por aí. Nos anos seguintes, aprofundando as suas

teorias, ele sugeriu que a consciência é mais do que um subproduto do

universo. Ele propõe que vivamos num universo “participativo”. “Fazemos

parte de um universo que é um trabalho em andamento”, ele diz. “Somos

fragmentos do universo olhando para si mesmo, e construindo a si mesmo.”

As implicações das afirmações de Wheeler são enormes. Na linguagem

científica do século XX, ele está reiterando o que as antigas tradições

afirmavam havia milênios: É a consciência que cria!

Quando perscrutamos o vazio do universo em busca dos seus limites, ou o

mundo quântico do átomo, o próprio ato de olharmos coloca ali algo para

vermos. A antecipação da consciência esperando ver alguma coisa — o

sentimento de que algo está lá para se ver — é o ato que cria.

Situando-se além da afirmação de John Wheeler, um dos mais respeitados

cientistas do século XX, e agora do século XXI, os textos antigos ampliam

com um detalhe importante — e às vezes subestimado — a ideia de que

criamos por meio da observação. Eles sugerem que é a qualidade das nossas

crenças enquanto olhamos que determina o que a nossa consciência cria. Em

outras palavras, se vemos o nosso corpo e o mundo através de uma lente de

separação, raiva, sofrimento e ódio, o espelho quântico reflete essas

qualidades devolvendo-as como raiva em nossa família, doença em nosso

corpo e guerra entre nações. Se sentimento é oração, como David e o abade

sugeriram, então quando rezamos para que algo aconteça, sentindo como se

esse algo estivesse faltando em nossa vida, podemos na verdade estar

negando a nós mesmos as próprias bênçãos que esperávamos criar.

Por outro lado, vendo-nos de uma perspectiva de unidade, apreço, sabedoria

e amor, essas são as qualidades que podemos esperar ver refletidas como

famílias e comunidades amorosas e protetoras e como paz e cooperação

entre nações. Imagine as possibilidades...

Aplicando o que sabemos

Esse princípio de um universo neutro e participativo pode começar a

responder à pergunta que muitas pessoas fazem: “Se a oração é tão poderosa,

por que parece que quanto mais rezamos pela paz, por exemplo, mais temos

a impressão de que as coisas pioram?” Sem parcialidade ou julgamento,

seria possível que o que vemos como um mundo turbulento de caos seja

simplesmente o Campo refletindo a nossa crença na falta de paz — o nosso

“Por favor, que haja paz” — reverberando como caos? Se esse for o caso,

então a boa notícia é que a compreensão que acabamos de ter sobre o

funcionamento do espelho nos estimula a mudar o que dizemos ao Campo.

É por isso que a forma perdida de oração pode dar uma enorme contribuição

para a nossa vida. Quer falemos sobre um relacionamento duradouro, um

emprego perfeito ou a cura de uma doença, o princípio é o mesmo. Somos

simplesmente lembrados de que a “substância” que subjaz a toda a criação

é uma essência maleável que reflete o que sentimos. Assim, aquilo que

escolhemos criar, precisamos antes sentir como realidade. Se podemos sentilo em nosso coração — não apenas pensar sobre ele, mas senti-lo realmente

—, então ele é possível em nossa vida!

No caso da paz, por exemplo, sabemos que ela sempre existe e está presente

em algum lugar. O mesmo se aplica à saúde e à felicidade; elas sempre

existem em algum lugar, ou existiram de alguma forma em nossa vida. A

chave é intensificar essas qualidades positivas da nossa experiência, vendo

o mundo como ele já é, com apreço e gratidão. Fazendo isso, abrimos a porta

para uma possibilidade maior. Já vimos o que acontece quando milhões de

pessoas rezam para que a paz faça parte do nosso mundo. O que aconteceria

se milhões de pessoas sentissem gratidão e apreço pela paz que já está entre

nós? Certamente vale a pena tentar!

Embora para algumas pessoas este seja um modo insólito de pensar sobre

sua relação com o mundo, para outras ele está em perfeita sintonia com suas

crenças e experiências passadas. Estudos científicos dão sustentação a esses

princípios e descobriram que, quando a tensão é aliviada dentro de um grupo

de pessoas por meio da meditação e da oração, os efeitos são sentidos além

dos limites do grupo imediato.

Em 1972, nos Estados Unidos, 24 cidades com populações acima de 10.000

habitantes tiveram mudanças importantes nas suas comunidades,

envolvendo apenas 1% (100 indivíduos) de participantes. Esses e outros

estudos semelhantes levaram a um marco divisório, o Projeto de Paz

Internacional no Oriente Médio, publicado no Journal of Conflict

Resolution, em 1988. [10] Durante a guerra líbano-israelense no início dos

anos 1980, pesquisadores treinaram um grupo de pessoas para “sentir” a paz

em seus corpos em vez de apenas pensar sobre a paz com a mente ou rezar

para que houvesse paz.

Em determinados dias do mês, em momentos específicos de cada dia, essas

pessoas eram colocadas em áreas de conflito no Oriente Médio. Durante a

janela de tempo em que elas sentiam a paz, as atividades terroristas eram

interrompidas, os crimes contra as pessoas diminuíam, as entradas nas

emergências rareavam e os acidentes de trânsito caíam significativamente.

Quando as pessoas paravam de expressar esses sentimentos, as estatísticas

se invertiam. Esses estudos confirmaram os resultados iniciais: quando uma

pequena porcentagem da população tinha paz dentro de si mesma, essa paz

se refletia no mundo ao seu redor.

As descobertas levaram em consideração os dias da semana, os feriados e os

próprios ciclos lunares, e os dados eram tão consistentes que os

pesquisadores conseguiram inclusive identificar o número de pessoas

necessário para participar da experiência de paz antes que ela se reflita no

seu mundo. Esse número é a raiz quadrada de 1% da população. Essa

fórmula produz números menores do que poderíamos esperar. Por exemplo,

numa cidade de um milhão de pessoas, a cifra fica em torno de 100. Num

mundo de 6 bilhões de pessoas, o número é de aproximadamente 8.000,

apenas! Esse número representa o mínimo necessário para iniciar o processo.

Quanto maior o número de pessoas, tanto mais rápido o efeito se produz.

Embora esses e outros estudos semelhantes obviamente mereçam

aprofundamento, eles demonstram que temos aqui um efeito que supera o

acaso. A qualidade das nossas crenças mais íntimas influencia claramente a

qualidade do nosso mundo exterior. Dessa perspectiva, tudo, desde a cura

do nosso corpo até a paz entre nações, do nosso sucesso nos negócios, nos

relacionamentos e na profissão ao fracasso no casamento e à desagregação

das famílias, deve ser considerado como reflexos de nós mesmos e do

significado que damos às experiências da nossa vida.

Além de responder a nossa pergunta anterior sobre “o que está acontecendo

no mundo”, a existência do Campo Unificado nos convida a dar um passo

adiante. Aliada ao conhecimento de uma oração baseada no sentimento, essa

sabedoria moderna/antiga nos mostra o que podemos fazer para melhorar as

coisas. Se o mundo e o nosso corpo refletem os nossos pensamentos,

sentimentos, emoções e crenças, com o número recorde de lares desfeitos,

relacionamentos fracassados, empregos perdidos e ameaças de guerra no

presente, o sentimento que nutrimos sobre o nosso mundo assume uma

importância maior do que nunca antes.

Sem dúvida, para que o espelho do nosso mundo reflita uma mudança

positiva, favorável à vida e duradoura, precisamos oferecer-lhe algo com que

ele possa trabalhar. Essa é a relação sutil, e todavia poderosa, entre a

linguagem da oração e a Mente de

Deus que une toda a criação. Em vez de tentar fazer com que o mundo se

curve aos nossos desejos, a oração centrada no sentimento muda a nós

mesmos. Nós é que nos curvamos, e o mundo espontaneamente reflete os

aspectos em que melhoramos.

Possivelmente, quem melhor sintetizou essa percepção foi o filósofo

dinamarquês do século XIX, Sören Kierkegaard, que afirmou: “A oração

não muda Deus, mas muda aquele que reza”. Assim, como mudamos o nosso

modo de sentir as tribulações da vida? É aqui que o trabalho realmente

começa!

O mundo como espelho

Sem prevenções ou julgamentos, é o espelho espiritual da Mente de Deus

que reflete de volta o que nos tornamos em nossos pensamentos,

sentimentos, emoções e crenças. Em outras palavras, as nossas experiências

interiores de sofrimento e medo, bem como as de amor e compaixão, tornamse o tema para o tipo de relacionamento que encontramos em nosso trabalho

e em nossas amizades, assim como em nossas expressões de abundância e

mesmo de saúde. A chave nesse modo de olhar o mundo é que aquilo que

“fazemos” como expressão externa da vida conta menos do que aquilo que

nos “tornamos” — como nos sentimos com relação ao que fazemos.

Para entender melhor, vejamos um exemplo. Vamos dizer que você esteja

participando de um seminário de caráter religioso que descreve os princípios

internos do sentimento, da emoção e da oração, e o papel que essas

experiências interiores de paz desempenham no nosso mundo. Devido a

circunstâncias imprevistas, o seminário ultrapassou em 30 minutos ou mais

a hora estipulada para terminar. Se você corre da sala para o carro antes que

se acendam as luzes e até que se abram as portas, sai do estacionamento

manobrando alucinadamente a ponto de bater em três outros veículos, e em

seguida acelera pela avenida pondo em risco a sua vida e a vida de outras

pessoas, costurando pelas três pistas para chegar à saída porque está atrasado

para uma manifestação pela paz, então você não compreendeu

absolutamente nada!

Talvez o conhecimento desse espelho sutil, e no entanto poderoso, possa

ajudar-nos a dar sentido ao que parece estarmos vivendo no mundo

atualmente. Dessa perspectiva, o que vemos no cinema, nos noticiários e nas

situações ao nosso redor é um reflexo das crenças que nutrimos em nossa

família, em nosso lar e em nossas comunidades no passado.

Do mesmo modo, os exemplos de amor, compaixão e dedicação que vemos

diante da guerra ou de desastres naturais também representam algo mais do

que apenas atos de umas poucas pessoas que realizam esforços humanitários

nessas áreas. Elas refletem o melhor do que é possível quando encontramos

uma maneira de ver além do sofrimento que a vida nos mostra. O poder de

reconhecer o mundo como um reflexo das nossas crenças é que se essa

relação existe verdadeiramente, ela deve operar tanto para as crenças de cura

como para as destrutivas. Desse modo, fazemos todos parte da mudança que

gostaríamos de ver em nosso mundo. A chave está em reconhecer a

linguagem da mudança!