A consciência cria!
A consciência cria! |
O Campo simplesmente reflete a qualidade dos nossos sentimentos como as |
experiências da nossa vida. Nas palavras de outras épocas, textos de 2.500 |
anos descrevem essa sabedoria com precisão e também indicam que ela pode |
ser ainda mais antiga do que as páginas em que está preservada. O Evangelho |
Essênio da Paz, por exemplo, diz: “Meus filhos, não sabeis que a Terra e |
tudo o que nela habita não é senão um reflexo do reino do Pai celestial? |
[Grifo nosso]” [9] Exatamente como ondulações que se irradiam do ponto |
onde jogamos uma pedra num pequeno lago, nossos pensamentos, |
sentimentos, emoções e crenças, às vezes inconscientes, criam as |
“perturbações” no Campo que se tornam as matrizes da nossa vida. |
É fácil depreciar o poder desse princípio por causa das poucas palavras |
necessárias para explicá-lo. Sem o peso do jargão técnico ou da linguagem |
científica ambígua, os antigos transmitiram uma compreensão simples de |
como os acontecimentos da vida cotidiana estão diretamente ligados à |
qualidade dos nossos sentimentos. Com a clareza dessa profunda sabedoria, |
a responsabilidade por nossa saúde, e pela paz, vai além da esfera dos |
eventos “casuais” e “fatalistas” e posta ao alcance da nossa mão. |
Embora a ideia de um campo de inteligência sempre presente não seja nova, |
físicos modernos elevaram hoje esse conceito a um patamar superior de |
consideração e de aceitação no mundo científico. Talvez o renomado físico |
da Princeton University, Dr. John Wheeler, contemporâneo de Albert |
Einstein, seja quem melhor descreveu a física revolucionária de uma energia |
que interconecta toda a criação. Lembro ter lido uma entrevista com o Dr. |
Wheeler em 2002, depois que ele se recuperou de uma doença grave. |
Quando lhe perguntaram que direção seu trabalho tomaria daí em diante, ele |
respondeu que via a doença e a recuperação como uma oportunidade. Ela |
era o catalisador que o convidava a concentrar a atenção numa única questão |
que o desconcertava havia muito tempo. |
“Que questão é essa?”, perguntou o entrevistador. Wheeler respondeu que |
planejava dedicar sua vida a compreender a relação entre a consciência e o |
universo. No mundo da física tradicional, essa afirmação, em si e por si |
mesma, é suficiente para abalar os fundamentos da teoria aceita e fazer os |
pais dos manuais modernos se revirarem em seus túmulos! Historicamente, |
os conceitos sobre consciência e o tecido do universo não são usados na |
mesma frase. |
Mas Wheeler não parou por aí. Nos anos seguintes, aprofundando as suas |
teorias, ele sugeriu que a consciência é mais do que um subproduto do |
universo. Ele propõe que vivamos num universo “participativo”. “Fazemos |
parte de um universo que é um trabalho em andamento”, ele diz. “Somos |
fragmentos do universo olhando para si mesmo, e construindo a si mesmo.” |
As implicações das afirmações de Wheeler são enormes. Na linguagem |
científica do século XX, ele está reiterando o que as antigas tradições |
afirmavam havia milênios: É a consciência que cria! |
Quando perscrutamos o vazio do universo em busca dos seus limites, ou o |
mundo quântico do átomo, o próprio ato de olharmos coloca ali algo para |
vermos. A antecipação da consciência esperando ver alguma coisa — o |
sentimento de que algo está lá para se ver — é o ato que cria. |
Situando-se além da afirmação de John Wheeler, um dos mais respeitados |
cientistas do século XX, e agora do século XXI, os textos antigos ampliam |
com um detalhe importante — e às vezes subestimado — a ideia de que |
criamos por meio da observação. Eles sugerem que é a qualidade das nossas |
crenças enquanto olhamos que determina o que a nossa consciência cria. Em |
outras palavras, se vemos o nosso corpo e o mundo através de uma lente de |
separação, raiva, sofrimento e ódio, o espelho quântico reflete essas |
qualidades devolvendo-as como raiva em nossa família, doença em nosso |
corpo e guerra entre nações. Se sentimento é oração, como David e o abade |
sugeriram, então quando rezamos para que algo aconteça, sentindo como se |
esse algo estivesse faltando em nossa vida, podemos na verdade estar |
negando a nós mesmos as próprias bênçãos que esperávamos criar. |
Por outro lado, vendo-nos de uma perspectiva de unidade, apreço, sabedoria |
e amor, essas são as qualidades que podemos esperar ver refletidas como |
famílias e comunidades amorosas e protetoras e como paz e cooperação |
entre nações. Imagine as possibilidades... |
Aplicando o que sabemos |
Esse princípio de um universo neutro e participativo pode começar a |
responder à pergunta que muitas pessoas fazem: “Se a oração é tão poderosa, |
por que parece que quanto mais rezamos pela paz, por exemplo, mais temos |
a impressão de que as coisas pioram?” Sem parcialidade ou julgamento, |
seria possível que o que vemos como um mundo turbulento de caos seja |
simplesmente o Campo refletindo a nossa crença na falta de paz — o nosso |
“Por favor, que haja paz” — reverberando como caos? Se esse for o caso, |
então a boa notícia é que a compreensão que acabamos de ter sobre o |
funcionamento do espelho nos estimula a mudar o que dizemos ao Campo. |
É por isso que a forma perdida de oração pode dar uma enorme contribuição |
para a nossa vida. Quer falemos sobre um relacionamento duradouro, um |
emprego perfeito ou a cura de uma doença, o princípio é o mesmo. Somos |
simplesmente lembrados de que a “substância” que subjaz a toda a criação |
é uma essência maleável que reflete o que sentimos. Assim, aquilo que |
escolhemos criar, precisamos antes sentir como realidade. Se podemos sentilo em nosso coração — não apenas pensar sobre ele, mas senti-lo realmente |
—, então ele é possível em nossa vida! |
No caso da paz, por exemplo, sabemos que ela sempre existe e está presente |
em algum lugar. O mesmo se aplica à saúde e à felicidade; elas sempre |
existem em algum lugar, ou existiram de alguma forma em nossa vida. A |
chave é intensificar essas qualidades positivas da nossa experiência, vendo |
o mundo como ele já é, com apreço e gratidão. Fazendo isso, abrimos a porta |
para uma possibilidade maior. Já vimos o que acontece quando milhões de |
pessoas rezam para que a paz faça parte do nosso mundo. O que aconteceria |
se milhões de pessoas sentissem gratidão e apreço pela paz que já está entre |
nós? Certamente vale a pena tentar! |
Embora para algumas pessoas este seja um modo insólito de pensar sobre |
sua relação com o mundo, para outras ele está em perfeita sintonia com suas |
crenças e experiências passadas. Estudos científicos dão sustentação a esses |
princípios e descobriram que, quando a tensão é aliviada dentro de um grupo |
de pessoas por meio da meditação e da oração, os efeitos são sentidos além |
dos limites do grupo imediato. |
Em 1972, nos Estados Unidos, 24 cidades com populações acima de 10.000 |
habitantes tiveram mudanças importantes nas suas comunidades, |
envolvendo apenas 1% (100 indivíduos) de participantes. Esses e outros |
estudos semelhantes levaram a um marco divisório, o Projeto de Paz |
Internacional no Oriente Médio, publicado no Journal of Conflict |
Resolution, em 1988. [10] Durante a guerra líbano-israelense no início dos |
anos 1980, pesquisadores treinaram um grupo de pessoas para “sentir” a paz |
em seus corpos em vez de apenas pensar sobre a paz com a mente ou rezar |
para que houvesse paz. |
Em determinados dias do mês, em momentos específicos de cada dia, essas |
pessoas eram colocadas em áreas de conflito no Oriente Médio. Durante a |
janela de tempo em que elas sentiam a paz, as atividades terroristas eram |
interrompidas, os crimes contra as pessoas diminuíam, as entradas nas |
emergências rareavam e os acidentes de trânsito caíam significativamente. |
Quando as pessoas paravam de expressar esses sentimentos, as estatísticas |
se invertiam. Esses estudos confirmaram os resultados iniciais: quando uma |
pequena porcentagem da população tinha paz dentro de si mesma, essa paz |
se refletia no mundo ao seu redor. |
As descobertas levaram em consideração os dias da semana, os feriados e os |
próprios ciclos lunares, e os dados eram tão consistentes que os |
pesquisadores conseguiram inclusive identificar o número de pessoas |
necessário para participar da experiência de paz antes que ela se reflita no |
seu mundo. Esse número é a raiz quadrada de 1% da população. Essa |
fórmula produz números menores do que poderíamos esperar. Por exemplo, |
numa cidade de um milhão de pessoas, a cifra fica em torno de 100. Num |
mundo de 6 bilhões de pessoas, o número é de aproximadamente 8.000, |
apenas! Esse número representa o mínimo necessário para iniciar o processo. |
Quanto maior o número de pessoas, tanto mais rápido o efeito se produz. |
Embora esses e outros estudos semelhantes obviamente mereçam |
aprofundamento, eles demonstram que temos aqui um efeito que supera o |
acaso. A qualidade das nossas crenças mais íntimas influencia claramente a |
qualidade do nosso mundo exterior. Dessa perspectiva, tudo, desde a cura |
do nosso corpo até a paz entre nações, do nosso sucesso nos negócios, nos |
relacionamentos e na profissão ao fracasso no casamento e à desagregação |
das famílias, deve ser considerado como reflexos de nós mesmos e do |
significado que damos às experiências da nossa vida. |
Além de responder a nossa pergunta anterior sobre “o que está acontecendo |
no mundo”, a existência do Campo Unificado nos convida a dar um passo |
adiante. Aliada ao conhecimento de uma oração baseada no sentimento, essa |
sabedoria moderna/antiga nos mostra o que podemos fazer para melhorar as |
coisas. Se o mundo e o nosso corpo refletem os nossos pensamentos, |
sentimentos, emoções e crenças, com o número recorde de lares desfeitos, |
relacionamentos fracassados, empregos perdidos e ameaças de guerra no |
presente, o sentimento que nutrimos sobre o nosso mundo assume uma |
importância maior do que nunca antes. |
Sem dúvida, para que o espelho do nosso mundo reflita uma mudança |
positiva, favorável à vida e duradoura, precisamos oferecer-lhe algo com que |
ele possa trabalhar. Essa é a relação sutil, e todavia poderosa, entre a |
linguagem da oração e a Mente de |
Deus que une toda a criação. Em vez de tentar fazer com que o mundo se |
curve aos nossos desejos, a oração centrada no sentimento muda a nós |
mesmos. Nós é que nos curvamos, e o mundo espontaneamente reflete os |
aspectos em que melhoramos. |
Possivelmente, quem melhor sintetizou essa percepção foi o filósofo |
dinamarquês do século XIX, Sören Kierkegaard, que afirmou: “A oração |
não muda Deus, mas muda aquele que reza”. Assim, como mudamos o nosso |
modo de sentir as tribulações da vida? É aqui que o trabalho realmente |
começa! |
O mundo como espelho |
Sem prevenções ou julgamentos, é o espelho espiritual da Mente de Deus |
que reflete de volta o que nos tornamos em nossos pensamentos, |
sentimentos, emoções e crenças. Em outras palavras, as nossas experiências |
interiores de sofrimento e medo, bem como as de amor e compaixão, tornamse o tema para o tipo de relacionamento que encontramos em nosso trabalho |
e em nossas amizades, assim como em nossas expressões de abundância e |
mesmo de saúde. A chave nesse modo de olhar o mundo é que aquilo que |
“fazemos” como expressão externa da vida conta menos do que aquilo que |
nos “tornamos” — como nos sentimos com relação ao que fazemos. |
Para entender melhor, vejamos um exemplo. Vamos dizer que você esteja |
participando de um seminário de caráter religioso que descreve os princípios |
internos do sentimento, da emoção e da oração, e o papel que essas |
experiências interiores de paz desempenham no nosso mundo. Devido a |
circunstâncias imprevistas, o seminário ultrapassou em 30 minutos ou mais |
a hora estipulada para terminar. Se você corre da sala para o carro antes que |
se acendam as luzes e até que se abram as portas, sai do estacionamento |
manobrando alucinadamente a ponto de bater em três outros veículos, e em |
seguida acelera pela avenida pondo em risco a sua vida e a vida de outras |
pessoas, costurando pelas três pistas para chegar à saída porque está atrasado |
para uma manifestação pela paz, então você não compreendeu |
absolutamente nada! |
Talvez o conhecimento desse espelho sutil, e no entanto poderoso, possa |
ajudar-nos a dar sentido ao que parece estarmos vivendo no mundo |
atualmente. Dessa perspectiva, o que vemos no cinema, nos noticiários e nas |
situações ao nosso redor é um reflexo das crenças que nutrimos em nossa |
família, em nosso lar e em nossas comunidades no passado. |
Do mesmo modo, os exemplos de amor, compaixão e dedicação que vemos |
diante da guerra ou de desastres naturais também representam algo mais do |
que apenas atos de umas poucas pessoas que realizam esforços humanitários |
nessas áreas. Elas refletem o melhor do que é possível quando encontramos |
uma maneira de ver além do sofrimento que a vida nos mostra. O poder de |
reconhecer o mundo como um reflexo das nossas crenças é que se essa |
relação existe verdadeiramente, ela deve operar tanto para as crenças de cura |
como para as destrutivas. Desse modo, fazemos todos parte da mudança que |
gostaríamos de ver em nosso mundo. A chave está em reconhecer a |
linguagem da mudança! |