A LINGUAGEM QUE ESPELHA A REALIDADE.
A LINGUAGEM QUE ESPELHA A REALIDADE. |
Enquanto a ciência ocidental apenas começa a compreender o que nossas relações com o espaço e o |
tempo significam dentro do contexto de conectividade, nossos ancestrais nativos já tinham pleno |
conhecimento dessas relações. O linguista Benjamin Lee Whorf, quando estudou a linguagem dos hopi, por |
exemplo, descobriu que as palavras refletiam diretamente o modo como eles viam o universo. A ideia que |
tinham de sermos humanos era muito diferente da maneira como costumamos pensar a nosso respeito — |
eles viam o mundo como uma entidade única, com tudo nele conectado à fonte. |
No seu livro pioneiro Language, Thought, and Realíty, Whorf resume o ponto de vista dos hopi: "Na |
visão dos hopi, o tempo desaparece e o espaço é alterado de modo que deixa de existir o espaço atemporal |
homogêneo e instantâneo da nossa suposta intuição ou o espaço da mecânica newtoniana clássica". Em outras palavras, os hopi simplesmente não concebem o tempo, o espaço, a distância e a realidade da |
mesma maneira que nós. Aos olhos deles, vivemos em um universo onde todas as coisas estão vivas, |
interligadas e acontecendo "agora". E a linguagem desse povo espelha essa perspectiva. |
Por exemplo, quando olhamos para o oceano e vemos uma onda podemos dizer "Olhe aquela onda." |
Mas nós sabemos que, na realidade, ela não existe sozinha, ela só está ali por causa das outras ondas. "Sem |
a projeção da linguagem", diz Whorf, "ninguém nunca viu uma onda" |
O que vemos é "uma superfície de |
movimentos ondulatórios sempre variáveis". Na linguagem dos hopi, entretanto, os falantes sempre dizem |
que o oceano está "ondulando", para descrever a presente ação da água. Mais precisamente, de acordo com |
Whorf, "Os hopi dizem walalata, significando 'muitas ondas estão acontecendo', e podem chamar atenção |
para um lugar na sucessão de ondas da mesma maneira que nós também podemos". Desse modo, ainda |
que possa nos parecer estranho, eles são mais precisos na maneira de descrever o mundo. |
Em uma vertente semelhante, o conceito de tempo como tendemos a percebê-lo adquire uma |
significação inteiramente nova nas crenças tradicionais dos hopi. Os estudos de Whorf levaram-no a |
descobrir que "o manifestado compreende tudo o que é ou tem sido acessível pelos sentidos, o universo físico histórico [...] sem nenhuma tentativa para distinguir entre o presente e o passado, mas excluindo tudo |
o que chamamos de futuro". Em outras palavras, os hopi usam as mesmas palavras para identificar apenas |
o que "é" ou o que já aconteceu. Essa visão da passagem do tempo e do uso da linguagem tem sentido, se |
analisada levando em consideração as possibilidades quânticas. Os hopi descrevem as possibilidades que |
foram escolhidas e deixam o futuro com as portas abertas. |
Nosso relacionamento com as concepções de espaço e tempo obviamente guardam mais correlações |
com as implicações da linguagem hopi e com exemplos comprovados de visão a distância, do que as |
correlações reconhecidas tradicionalmente. A essência da nova física sugere que o espaço-tempo não pode |
ser separado. Ao repensarmos o que a distância significa para nós dentro da Matriz Divina, fica claro que |
deveremos também reconsiderar nosso relacionamento com a passagem do tempo. É aqui que as |
possibilidades realmente ficam muito interessantes. |
QUANDO O DEPOIS É AGORA |
Afinal, qual verdadeiramente é o conceito que temos do tempo, além daquele que gastamos ajudando |
nossos filhos no futebol enquanto a bola ainda está em campo, ou do cálculo que fazemos para ter certeza |
de que estaremos no aeroporto a tempo de pegar o avião? Será que tudo o que existe para evitar que as |
coisas ocorram simultaneamente são apenas os segundos que preenchem os minutos do dia, como afirma a |
citação de John Wheeler no início deste capítulo? Será que o tempo existe se ninguém sabe nada sobre ele? |
Talvez uma questão ainda mais profunda seja indagar se aquilo que ocorre no tempo é "determinado". |
Será que os eventos do universo já estão inscritos em uma linha do tempo que simplesmente se esgota |
juntamente com nossa vida? Ou será que o tempo é um pouco flexível? Caso seja, será que os eventos |
dentro dele são intercambiáveis? |
O raciocínio convencional sugere que o tempo somente avança em um sentido — sempre para a frente |
— e que aquilo que tiver acontecido já ficou para sempre gravado no tecido espaço-temporal. Entretanto, as |
provas experimentais indicam que nossas ideias sobre passado e presente podem não ser assim tão bem |
ordenadas. Não apenas o tempo se move em dois sentidos, como Einstein postulou, como também parece |
que as escolhas que fazemos hoje podem realmente mudar o que aconteceu ontem. Houve um experimento |
em 1983 que foi elaborado justamente para testar essas possibilidades. Os resultados foram totalmente |
contrários ao que nos levaram a crer a respeito da passagem do tempo, e as implicações do experimento |
foram surpreendentes. |
Para fins dessa investigação, o físico John Wheeler propôs usar uma variação do famoso experimento |
da dupla fenda para testar os efeitos do presente sobre o passado. A seguir encontra-se um breve resumo |
do experimento original descrito no Capítulo 2. |
Uma partícula quântica (um fóton) foi disparada contra um alvo capaz de detectar as características do |
impacto — distinguindo se ocorrera como uma partícula de matéria ou se como uma onda de energia. |
Entretanto, antes que o alvo fosse alcançado, a partícula era obrigada a passar através de uma abertura na |
barreira. O mistério era que o fóton de alguma forma "sabia" quando a barreira tinha uma fenda e quando |
ela tinha duas. |
Na presença de uma abertura única, a partícula viajava e chegava ao seu destino do mesmo modo que |
começara a jornada: como uma partícula. Entretanto, na presença de duas fendas, ainda que no início do |
experimento houvesse apenas a partícula, ela tinha o mesmo procedimento de uma onda de energia e |
passava através de ambas as fendas ao mesmo tempo, continuando a proceder como uma onda até chegar |
ao seu destino. |
Tendo-se em vista que os cientistas eram os únicos com conhecimento sobre as aberturas na barreira, |
de alguma maneira esse conhecimento prévio afetava o comportamento do fóton. |
A variação de Wheeler para o mesmo experimento incluiu uma diferença importante, imaginada para |
testar suas ideias sobre o passado e o presente: o fóton seria observado apenas depois de ter passado através |
da barreira, mas, mesmo assim, antes de chegar ao seu destino. Em outras palavras, o fóton já estaria se |
encaminhando para o alvo quando a decisão fosse tomada sobre como ele seria observado. |
Ele imaginou duas formas diferentes para se certificar de que o fóton havia alcançado o alvo. Uma |
dessas formas previa o uso de uma lente para "vê-lo" como partícula e a outra usava uma tela capaz de |
sentir ondas. E uma diferença importante, pois nos experimentos anteriores os fótons agiam do modo como |
se esperava que agissem conforme a maneira pela qual fossem observados — isso é, eram partículas |
quando medidos como partículas e ondas quando medidos como ondas. |
Dessa maneira, nesse experimento, se o observador escolhesse ver o fóton como partícula, as lentes |
estariam colocadas e o fóton passaria através de uma única fonte. Se a escolha do observador fosse ver uma |
onda, a tela seria mantida no local e o fóton passaria através de ambas as fendas da barreira. O argumento |
decisivo consistia em que a decisão era tomada depois que o experimento já havia sido iniciado (o presente), |
mas, apesar disso, era capaz de determinar o comportamento da partícula quando o experimento tinha |
começado (passado). Wheeler chamou esse teste de experimento da escolha retardada. |
Baseado nesse tipo de investigação, aparentemente o tempo como nós o conhecemos em nosso mundo |
(físico) não tem efeito algum no domínio quântico (da energia). Se uma escolha posterior determinar como |
alguma coisa aconteceu no passado, Wheeler propõe que o observador "possa optar por ficar sabendo da |
característica depois do evento já ter ocorrido". As implicações do que ele diz abrem a porta para uma |
possibilidade poderosa para nossas relações com a passagem do tempo. Wheeler sugere que as escolhas |
que fazemos hoje podem, de fato, afetar diretamente as coisas que já aconteceram no passado. E se esse for |
o caso, isso poderia mudar tudo! |
E então, isso é verdade? Será que as decisões que tomamos agora influenciam, ou até mesmo |
determinam, o que já ocorreu? Todos já ouvimos gente sábia afirmar que temos o poder de transcender as |
mágoas mais profundas, mas será que essa capacidade também nos possibilita reescrever o passado que levou àqueles acontecimentos? Dificilmente poderíamos nos esquecer de como as coisas podem ficar |
embaralhadas pelo simples fato de formularmos uma questão como essa, basta que nos lembremos do que |
aconteceu com o personagem principal, Marty McFly, no filme De Volta para o Futuro (protagonizado por |
Michael J. Fox), quando ele teve a oportunidade de fazer isso. Entretanto, imagine as possibilidades se nós |
pudéssemos, por exemplo, tirar lições das guerras mundiais do último século, ou do nosso casamento que |
acaba de terminar, e fazer escolhas, hoje, que impedissem o acontecimento de tais coisas. Se pudéssemos |
fazer isso, o efeito seria equivalente ao de uma grande borracha quântica que nos possibilitaria alterar o |
curso dos eventos que nos trouxeram sofrimento. |
É precisamente essa questão que conduziu a outra variação do experimento da dupla fenda. É |
interessante notar o fato de essa experiência ter recebido justamente o nome de experimento da "borracha |
quântica". Ainda que esse nome pareça complicado, sua explicação é simples e trata-se realmente de um |
modelo assustador em suas aplicações, de modo que vamos passar diretamente à exposição do que se trata. |
O que esse experimento acaba demonstrando é que o comportamento das partículas quando o |
experimento começa aparentemente é determinado inteiramente por coisas que só terão acontecido depois |
que o experimento terminar11 |
. Em outras palavras, o presente tem o poder de mudar o que já ocorreu no |
passado. Esse é o chamado efeito da borracha quântica: coisas que acontecem depois do fato podem mudar |
("apagar") a maneira pela qual as partículas se comportaram em um determinado momento do passado. |
Coloca-se aqui uma pergunta óbvia: Esse efeito ocorre só com partículas quânticas ou também é válido |
para pessoas? |
Ainda que sejamos feitos de partículas, talvez nossa consciência seja a cola que nos mantém |
acorrentados aos eventos que percebemos como realidade — guerras, sofrimento, divórcio, pobreza e |
doença. Ou talvez aconteça outra coisa: talvez já tenhamos mudado nosso passado por termos aprendido |
com nossos erros, talvez até façamos isso o tempo todo. Talvez seja tão comum esse fato de nossas decisões |
reverberarem retroativamente que isso pode estar ocorrendo sem percebermos, sem nem pensarmos duas |
vezes. |
Talvez o mundo que vemos hoje, malgrado a aparência que tenha, seja o resultado do que já captamos |
refletido pelo que já passou. Certamente é preciso pensar nisso tudo e, no momento, as pesquisas |
aparentemente apoiam essa possibilidade. Pense bem no que isso significaria se isso fosse verdadeiro, se |
nosso mundo de fato atuasse em retrospecto cósmico, com as lições do presente alterando o passado! No |
mínimo isso significaria que o mundo que vemos hoje é o resultado do que já aprendemos. E, sem as lições |
que tivemos, as coisas poderiam estar muito piores, não poderiam? |
Independentemente do fato de sermos capazes ou não de mudar o passado, é claro que as escolhas que |
fazemos agora determinam o presente e o futuro. Todos os três — passado, presente e futuro — existem |
dentro do receptáculo da Matriz Divina. Como somos parte da Matriz, é bastante razoável que sejamos |
capazes de nos comunicar com ela de um modo que seja significativo e útil para nossa vida. De acordo com |
os experimentos científicos e nossas tradições mais caras, é isso que fazemos. O denominador comum das |
investigações dos capítulos precedentes tem duas vertentes: |
1. As investigações nos mostraram que somos parte da Matriz Divina; |
2. Elas demonstraram que as emoções humanas (crenças, expectativas e sentimentos) são a linguagem |
que a Matriz Divina reconhece. |
Ainda que por mera coincidência, é interessante assinalar que essas experiências são as mesmas que |
aparecem nos textos bíblicos cristãos e que foram desestimuladas pela cultura ocidental. Hoje, entretanto, |
tudo isso está mudando. Os homens estão sendo incitados a honrar suas emoções, e as mulheres, a explorar |
novas maneiras de expressar o poder, na realidade uma parte natural da existência delas. É claro que a |
emoção, o sentimento e a crença são parte da linguagem da Matriz Divina e que existe um tipo de emoção |
permitindo- nos experimentar o campo de energia que conecta o universo de maneiras tão poderosas, |
naturais e capazes de curar. |
A pergunta é: "Como reconhecer a resposta que a Matriz Divina dá às nossas perguntas?" Admitindo |
que nossos sentimentos, emoções, crenças e orações estejam fornecendo um código para as coisas quânticas |
do universo, o que então nosso corpo, vida e relacionamentos estão nos dizendo sobre nossa parte nessa |
conversação? Para responder a isso, precisamos reconhecer a segunda metade de nosso diálogo com o |
universo. Como entender então as mensagens vindas da Matriz Divina? |