A LINGUAGEM QUE ESPELHA A REALIDADE
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A LINGUAGEM QUE ESPELHA A REALIDADE

A LINGUAGEM QUE ESPELHA A REALIDADE.

anderson
11 min
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A LINGUAGEM QUE ESPELHA A REALIDADE.

Enquanto a ciência ocidental apenas começa a compreender o que nossas relações com o espaço e o

tempo significam dentro do contexto de conectividade, nossos ancestrais nativos já tinham pleno

conhecimento dessas relações. O linguista Benjamin Lee Whorf, quando estudou a linguagem dos hopi, por

exemplo, descobriu que as palavras refletiam diretamente o modo como eles viam o universo. A ideia que

tinham de sermos humanos era muito diferente da maneira como costumamos pensar a nosso respeito —

eles viam o mundo como uma entidade única, com tudo nele conectado à fonte.

No seu livro pioneiro Language, Thought, and Realíty, Whorf resume o ponto de vista dos hopi: "Na

visão dos hopi, o tempo desaparece e o espaço é alterado de modo que deixa de existir o espaço atemporal

homogêneo e instantâneo da nossa suposta intuição ou o espaço da mecânica newtoniana clássica". Em outras palavras, os hopi simplesmente não concebem o tempo, o espaço, a distância e a realidade da

mesma maneira que nós. Aos olhos deles, vivemos em um universo onde todas as coisas estão vivas,

interligadas e acontecendo "agora". E a linguagem desse povo espelha essa perspectiva.

Por exemplo, quando olhamos para o oceano e vemos uma onda podemos dizer "Olhe aquela onda."

Mas nós sabemos que, na realidade, ela não existe sozinha, ela só está ali por causa das outras ondas. "Sem

a projeção da linguagem", diz Whorf, "ninguém nunca viu uma onda"

O que vemos é "uma superfície de

movimentos ondulatórios sempre variáveis". Na linguagem dos hopi, entretanto, os falantes sempre dizem

que o oceano está "ondulando", para descrever a presente ação da água. Mais precisamente, de acordo com

Whorf, "Os hopi dizem walalata, significando 'muitas ondas estão acontecendo', e podem chamar atenção

para um lugar na sucessão de ondas da mesma maneira que nós também podemos". Desse modo, ainda

que possa nos parecer estranho, eles são mais precisos na maneira de descrever o mundo.

Em uma vertente semelhante, o conceito de tempo como tendemos a percebê-lo adquire uma

significação inteiramente nova nas crenças tradicionais dos hopi. Os estudos de Whorf levaram-no a

descobrir que "o manifestado compreende tudo o que é ou tem sido acessível pelos sentidos, o universo físico histórico [...] sem nenhuma tentativa para distinguir entre o presente e o passado, mas excluindo tudo

o que chamamos de futuro". Em outras palavras, os hopi usam as mesmas palavras para identificar apenas

o que "é" ou o que já aconteceu. Essa visão da passagem do tempo e do uso da linguagem tem sentido, se

analisada levando em consideração as possibilidades quânticas. Os hopi descrevem as possibilidades que

foram escolhidas e deixam o futuro com as portas abertas.

Nosso relacionamento com as concepções de espaço e tempo obviamente guardam mais correlações

com as implicações da linguagem hopi e com exemplos comprovados de visão a distância, do que as

correlações reconhecidas tradicionalmente. A essência da nova física sugere que o espaço-tempo não pode

ser separado. Ao repensarmos o que a distância significa para nós dentro da Matriz Divina, fica claro que

deveremos também reconsiderar nosso relacionamento com a passagem do tempo. É aqui que as

possibilidades realmente ficam muito interessantes.

QUANDO O DEPOIS É AGORA

Afinal, qual verdadeiramente é o conceito que temos do tempo, além daquele que gastamos ajudando

nossos filhos no futebol enquanto a bola ainda está em campo, ou do cálculo que fazemos para ter certeza

de que estaremos no aeroporto a tempo de pegar o avião? Será que tudo o que existe para evitar que as

coisas ocorram simultaneamente são apenas os segundos que preenchem os minutos do dia, como afirma a

citação de John Wheeler no início deste capítulo? Será que o tempo existe se ninguém sabe nada sobre ele?

Talvez uma questão ainda mais profunda seja indagar se aquilo que ocorre no tempo é "determinado".

Será que os eventos do universo já estão inscritos em uma linha do tempo que simplesmente se esgota

juntamente com nossa vida? Ou será que o tempo é um pouco flexível? Caso seja, será que os eventos

dentro dele são intercambiáveis?

O raciocínio convencional sugere que o tempo somente avança em um sentido — sempre para a frente

— e que aquilo que tiver acontecido já ficou para sempre gravado no tecido espaço-temporal. Entretanto, as

provas experimentais indicam que nossas ideias sobre passado e presente podem não ser assim tão bem

ordenadas. Não apenas o tempo se move em dois sentidos, como Einstein postulou, como também parece

que as escolhas que fazemos hoje podem realmente mudar o que aconteceu ontem. Houve um experimento

em 1983 que foi elaborado justamente para testar essas possibilidades. Os resultados foram totalmente

contrários ao que nos levaram a crer a respeito da passagem do tempo, e as implicações do experimento

foram surpreendentes.

Para fins dessa investigação, o físico John Wheeler propôs usar uma variação do famoso experimento

da dupla fenda para testar os efeitos do presente sobre o passado. A seguir encontra-se um breve resumo

do experimento original descrito no Capítulo 2.

Uma partícula quântica (um fóton) foi disparada contra um alvo capaz de detectar as características do

impacto — distinguindo se ocorrera como uma partícula de matéria ou se como uma onda de energia.

Entretanto, antes que o alvo fosse alcançado, a partícula era obrigada a passar através de uma abertura na

barreira. O mistério era que o fóton de alguma forma "sabia" quando a barreira tinha uma fenda e quando

ela tinha duas.

Na presença de uma abertura única, a partícula viajava e chegava ao seu destino do mesmo modo que

começara a jornada: como uma partícula. Entretanto, na presença de duas fendas, ainda que no início do

experimento houvesse apenas a partícula, ela tinha o mesmo procedimento de uma onda de energia e

passava através de ambas as fendas ao mesmo tempo, continuando a proceder como uma onda até chegar

ao seu destino.

Tendo-se em vista que os cientistas eram os únicos com conhecimento sobre as aberturas na barreira,

de alguma maneira esse conhecimento prévio afetava o comportamento do fóton.

A variação de Wheeler para o mesmo experimento incluiu uma diferença importante, imaginada para

testar suas ideias sobre o passado e o presente: o fóton seria observado apenas depois de ter passado através

da barreira, mas, mesmo assim, antes de chegar ao seu destino. Em outras palavras, o fóton já estaria se

encaminhando para o alvo quando a decisão fosse tomada sobre como ele seria observado.

Ele imaginou duas formas diferentes para se certificar de que o fóton havia alcançado o alvo. Uma

dessas formas previa o uso de uma lente para "vê-lo" como partícula e a outra usava uma tela capaz de

sentir ondas. E uma diferença importante, pois nos experimentos anteriores os fótons agiam do modo como

se esperava que agissem conforme a maneira pela qual fossem observados — isso é, eram partículas

quando medidos como partículas e ondas quando medidos como ondas.

Dessa maneira, nesse experimento, se o observador escolhesse ver o fóton como partícula, as lentes

estariam colocadas e o fóton passaria através de uma única fonte. Se a escolha do observador fosse ver uma

onda, a tela seria mantida no local e o fóton passaria através de ambas as fendas da barreira. O argumento

decisivo consistia em que a decisão era tomada depois que o experimento já havia sido iniciado (o presente),

mas, apesar disso, era capaz de determinar o comportamento da partícula quando o experimento tinha

começado (passado). Wheeler chamou esse teste de experimento da escolha retardada.

Baseado nesse tipo de investigação, aparentemente o tempo como nós o conhecemos em nosso mundo

(físico) não tem efeito algum no domínio quântico (da energia). Se uma escolha posterior determinar como

alguma coisa aconteceu no passado, Wheeler propõe que o observador "possa optar por ficar sabendo da

característica depois do evento já ter ocorrido".  As implicações do que ele diz abrem a porta para uma

possibilidade poderosa para nossas relações com a passagem do tempo. Wheeler sugere que as escolhas

que fazemos hoje podem, de fato, afetar diretamente as coisas que já aconteceram no passado. E se esse for

o caso, isso poderia mudar tudo!

E então, isso é verdade? Será que as decisões que tomamos agora influenciam, ou até mesmo

determinam, o que já ocorreu? Todos já ouvimos gente sábia afirmar que temos o poder de transcender as

mágoas mais profundas, mas será que essa capacidade também nos possibilita reescrever o passado que levou àqueles acontecimentos? Dificilmente poderíamos nos esquecer de como as coisas podem ficar

embaralhadas pelo simples fato de formularmos uma questão como essa, basta que nos lembremos do que

aconteceu com o personagem principal, Marty McFly, no filme De Volta para o Futuro (protagonizado por

Michael J. Fox), quando ele teve a oportunidade de fazer isso. Entretanto, imagine as possibilidades se nós

pudéssemos, por exemplo, tirar lições das guerras mundiais do último século, ou do nosso casamento que

acaba de terminar, e fazer escolhas, hoje, que impedissem o acontecimento de tais coisas. Se pudéssemos

fazer isso, o efeito seria equivalente ao de uma grande borracha quântica que nos possibilitaria alterar o

curso dos eventos que nos trouxeram sofrimento.

É precisamente essa questão que conduziu a outra variação do experimento da dupla fenda. É

interessante notar o fato de essa experiência ter recebido justamente o nome de experimento da "borracha

quântica". Ainda que esse nome pareça complicado, sua explicação é simples e trata-se realmente de um

modelo assustador em suas aplicações, de modo que vamos passar diretamente à exposição do que se trata.

O que esse experimento acaba demonstrando é que o comportamento das partículas quando o

experimento começa aparentemente é determinado inteiramente por coisas que só terão acontecido depois

que o experimento terminar11

. Em outras palavras, o presente tem o poder de mudar o que já ocorreu no

passado. Esse é o chamado efeito da borracha quântica: coisas que acontecem depois do fato podem mudar

("apagar") a maneira pela qual as partículas se comportaram em um determinado momento do passado.

Coloca-se aqui uma pergunta óbvia: Esse efeito ocorre só com partículas quânticas ou também é válido

para pessoas?

Ainda que sejamos feitos de partículas, talvez nossa consciência seja a cola que nos mantém

acorrentados aos eventos que percebemos como realidade — guerras, sofrimento, divórcio, pobreza e

doença. Ou talvez aconteça outra coisa: talvez já tenhamos mudado nosso passado por termos aprendido

com nossos erros, talvez até façamos isso o tempo todo. Talvez seja tão comum esse fato de nossas decisões

reverberarem retroativamente que isso pode estar ocorrendo sem percebermos, sem nem pensarmos duas

vezes.

Talvez o mundo que vemos hoje, malgrado a aparência que tenha, seja o resultado do que já captamos

refletido pelo que já passou. Certamente é preciso pensar nisso tudo e, no momento, as pesquisas

aparentemente apoiam essa possibilidade. Pense bem no que isso significaria se isso fosse verdadeiro, se

nosso mundo de fato atuasse em retrospecto cósmico, com as lições do presente alterando o passado! No

mínimo isso significaria que o mundo que vemos hoje é o resultado do que já aprendemos. E, sem as lições

que tivemos, as coisas poderiam estar muito piores, não poderiam?

Independentemente do fato de sermos capazes ou não de mudar o passado, é claro que as escolhas que

fazemos agora determinam o presente e o futuro. Todos os três — passado, presente e futuro — existem

dentro do receptáculo da Matriz Divina. Como somos parte da Matriz, é bastante razoável que sejamos

capazes de nos comunicar com ela de um modo que seja significativo e útil para nossa vida. De acordo com

os experimentos científicos e nossas tradições mais caras, é isso que fazemos. O denominador comum das

investigações dos capítulos precedentes tem duas vertentes:

1. As investigações nos mostraram que somos parte da Matriz Divina;

2. Elas demonstraram que as emoções humanas (crenças, expectativas e sentimentos) são a linguagem

que a Matriz Divina reconhece.

Ainda que por mera coincidência, é interessante assinalar que essas experiências são as mesmas que

aparecem nos textos bíblicos cristãos e que foram desestimuladas pela cultura ocidental. Hoje, entretanto,

tudo isso está mudando. Os homens estão sendo incitados a honrar suas emoções, e as mulheres, a explorar

novas maneiras de expressar o poder, na realidade uma parte natural da existência delas. É claro que a

emoção, o sentimento e a crença são parte da linguagem da Matriz Divina e que existe um tipo de emoção

permitindo- nos experimentar o campo de energia que conecta o universo de maneiras tão poderosas,

naturais e capazes de curar.

A pergunta é: "Como reconhecer a resposta que a Matriz Divina dá às nossas perguntas?" Admitindo

que nossos sentimentos, emoções, crenças e orações estejam fornecendo um código para as coisas quânticas

do universo, o que então nosso corpo, vida e relacionamentos estão nos dizendo sobre nossa parte nessa

conversação? Para responder a isso, precisamos reconhecer a segunda metade de nosso diálogo com o

universo. Como entender então as mensagens vindas da Matriz Divina?