C A P I T U L O S E I S
Capitulo seis. |
O UNIVERSO CONVERSA CONOSCO: MENSAGENS DA MATRIZ. |
Enquanto falamos com a Matriz Divina usando a linguagem do sentimento e da fé, os capítulos |
anteriores também descrevem que a Matriz nos responde por meio dos fatos que ocorrem em |
nossa vida. Nesse diálogo, nossas crenças mais profundas transformam-se no projeto de tudo |
o que experimentamos. Nosso diálogo com o mundo é constante e não termina nunca, quer se trate da paz |
no mundo, da cura de nossas doenças, dos relacionamentos e amores ou de nossas profissões. Como esse |
diálogo não se interrompe, não conseguimos ser observadores passivos sem tomar parte ativa na vida ... |
sendo conscientes, por definição, somos criativos. |
Algumas vezes o diálogo é sutil e algumas vezes não é. Independentemente do grau de sutileza, |
entretanto, a vida no universo refletido promete que, entre desafios e alegrias, o mundo é nada mais nada |
menos do que o reflexo que a Matriz traz de nossas convicções mais verdadeiras e profundas. E isso |
também inclui nossas relações íntimas. Ainda que o reflexo seja fiel, algumas vezes temos dificuldade de |
aceitar o reflexo de nossas imagens como a percebemos por meio de outras pessoas. Elas também podem |
ser o caminho mais curto para nossa maior cura. |
A REALIDADE REFLETIDA. |
Em 1998, uma experiência no Tibete me fez ver uma eficiente metáfora para o modus operandi da |
conversação quântica. Estávamos a caminho da capital, Lhasa, e nosso carro fazia a curva na estrada que |
leva a um pequeno lago na base de um penhasco. O ar estava totalmente parado, a água refletia perfeitamente toda a paisagem em volta. |
De onde estávamos, víamos a corpulenta imagem de um Buda, artisticamente entalhado na rocha, |
refletida na água do lago. Aparentemente ela estava em algum lugar do penhasco com vista para o lago, |
embora eu não pudesse distinguir a imagem propriamente dita naquele momento — tudo o que via era seu |
reflexo. Somente quando completamos a curva pude perceber com meus próprios olhos o que tinha |
imaginado que fosse a origem do reflexo. E ali estava ela: esculpido em alto relevo, o Buda se projetava |
como uma marquise sobre o lago, libertado da rocha viva, como uma testemunha silenciosa perante todos |
os passantes. |
Nesse momento, a imagem no lago se tornou uma metáfora do mundo visível. Enquanto fazíamos a |
curva e víamos o Buda na água, seu reflexo era a única maneira de sabermos que a estátua existia. Ainda |
que suspeitasse que o lago estava refletindo alguma coisa física, de onde eu estava simplesmente não podia |
ver a origem do reflexo. Semelhantemente, diz-se que o mundo é o reflexo de uma realidade mais |
profunda, esculpida no tecido do universo — uma |
realidade que simplesmente não podemos ver de onde nos encontramos, por estarmos dentro dela. |
Tanto a tradição antiga quanto a ciência moderna sugerem que o que vemos como relacionamentos |
visíveis da "vida" nada mais são do que o reflexo de coisas que estão acontecendo em outro domínio, um |
lugar que não podemos perceber a partir do nosso ponto de observação no universo. E tão certamente |
como eu sabia que a imagem na água espelhava alguma coisa real e sólida, podemos ter certeza de que a |
vida nos informa sobre eventos que acontecem em outro âmbito da existência. Apenas porque não |
podemos observar esses eventos, isso não significa que eles não sejam reais. As tradições antigas sugerem, |
de fato, que o mundo invisível é mais real do que o visível! Como Bohm disse na Introdução, nós |
simplesmente não podemos vislumbrar essa "realidade mais profunda" da posição que ocupamos no |
espaço-tempo. |
Ainda que não possamos perscrutar diretamente esse domínio invisível, alguma indicação nós temos |
do que lá ocorre, porque podemos ver seu reflexo no nosso dia-a-dia. A partir de tal perspectiva, nossas |
experiências diariamente servem de mensagens para essas realidades mais profundas — comunicações de |
dentro da Matriz Divina propriamente dita. E assim como, para entender um idioma precisamos |
compreender o significado das palavras, precisamos reconhecer a linguagem da Matriz Divina para que |
possamos nos beneficiar de suas mensagens. |
Algumas vezes as mensagens que chegam são diretas e não admitem dúvidas, mas outras vezes as |
perdemos completamente por serem muito sutis. Entretanto, muitas vezes podemos pensar que estamos |
vendo uma coisa quando, de fato, as mensagens estão nos dizendo outra bem diferente. |
NEM TUDO É O QUE PARECE |
"Uma súbita rajada de vento me atingiu naquele instante efez meus olhos arderem. Fixei o olhar na área em |
questão. Não havia absolutamente nada fora do comum. |
'Não posso ver nada', eu disse. |
'Você acaba de perceber', ele replicou [. . .] |
'O quê? O vento?' |
'Não se trata apenas do vento', ele disse gravemente. 'Pode lhe parecer que é o vento, porque o vento é tudo o que |
você conhece'."1 |
Nesse diálogo, Don Juan, o feiticeiro índio dos yaquis, ensina ao estudante Carlos Castaneda as sutis |
realidades do mundo invisível. No livro Journey to Ix- tlan, Castaneda, um antropólogo que documenta os |
costumes do velho mago, aprende muito rapidamente que ele não podia confiar nos filtros de sua percepção como tinha sido condicionado no passado. Como ele acabou descobrindo, o mundo vivia em planos |
visíveis e invisíveis. |
Por exemplo, Castaneda tinha sempre ouvido dizer que, quando os arbustos se movem ao nosso lado e |
sentimos uma rajada de ar frio no rosto, é o vento que está se movimentando. No exemplo acima, o mestre |
de Castaneda lembra-lhe que ele somente está sentindo o vento porque o vento é tudo o que ele conhece. |
Na realidade, a brisa fluindo contra o rosto e balançando os cabelos poderia ser o vento ou a energia de um |
espírito chamando a atenção para a sua presença. Castaneda rapidamente descobre que tal experiência |
nunca mais seria "apenas o vento" novamente. |
Por meio dos filtros de nossa percepção, fazemos o possível para encaixar romances, amizades, |
finanças e nossa saúde dentro da estrutura estabelecida pelas experiências passadas. Ainda que essas |
fronteiras possam funcionar, até que ponto elas realmente nos são úteis? Quantas vezes reagimos à vida de |
uma maneira aprendida com outras pessoas em vez de reagirmos com base na nossa própria experiência? |
Quantas vezes não nos privamos de ter mais abundância, relacionamentos mais profundos ou empregos |
mais compensadores porque determinada oportunidade que cruzou nosso caminho parecia semelhante a |
uma outra de nosso passado, nos prendendo e obrigando a fazer o contrário? |
Figura 11. Reflexo do Buda entalhado no penhasco próximo a Lhasa, no Tibete. |
ESTAMOS SINTONIZADOS COM O NOSSO MUNDO |
Dentro do contexto da Matriz Divina, somos parte de cada parcela de grama, de todos os seixos e de |
todos os córregos e rios. Fazemos parte de cada gota de chuva e também do vento frio que sopra no nosso |
rosto ao sairmos de casa de manhã cedo. |
Se nosso vínculo com o mundo todo é tão profundo, é razoável que vejamos uma prova de tal conexão |
todos os dias de nossa vida. Talvez realmente vejamos a evidência disso, possivelmente todos os dias, mas |
de maneiras que não reconhecemos ou nem mesmo notamos. |
É fato sabido que quanto mais convivemos com pessoas, lugares e coisas, mais à vontade nos sentimos |
com elas. Para a maioria de nós, andar na sala da própria casa, por exemplo, é uma experiência mais |
gratificante do que atravessar a sala de recepção de um hotel em outra cidade. Ainda que o hotel possa ser |
mais novo e ter os tecidos, carpetes e estofados mais finos, simplesmente não nos sentimos em casa. |
Quando passamos por uma experiência desse tipo, nossa satisfação vem da sintonia fina da energia sutil |
que faz com que nos sintamos em equilíbrio com o mundo — nós damos a esse equilíbrio o nome de |
ressonância. |
Até certo ponto, estamos em ressonância com tudo ao nosso redor, com nossos carros, nossa casa e até |
mesmo com os aparelhos domésticos que usamos diariamente, razão pela qual exercemos influência sobre |
outras pessoas, sobre nossa vizinhança e sobre o mundo em geral simplesmente pelo fato de estarmos |
presentes. Não deveria causar surpresa, portanto, que, quando alguma coisa muda dentro de nós ou nas |
coisas no nosso entorno, tais mudanças apareçam em nossa vida [...] e assim acontece. |
Algumas vezes essas mudanças acontecem de maneiras sutis. Por exemplo, tive um carro americano |
que tinha mais de 480.000 quilômetros rodados com o motor original na época em que o vendi, em 1995. |
Sempre tive o maior cuidado para que meu "velho companheiro" tivesse a aparência de novo e me levasse, |
são e salvo, das montanhas do Colorado às colinas de Napa, na Califórnia, e me trouxesse de volta ao |
deserto do Novo México. |
Ainda que o carro desse partida e rodasse perfeitamente na minha mão, ele nunca deixou de dar |
problema quando eu o emprestava a alguém. Invariavelmente surgia algum barulho novo no motor, uma |
luz de advertência aparecia acesa no painel ou ele simplesmente parava de funcionar quando o toque pessoal de outro indivíduo se fazia sentir na direção. Também, invariavelmente, bastava que eu fosse para o |
volante assumindo a direção para o problema "se resolver espontaneamente", desaparecendo de modo |
inexplicável. |
Ainda que o mecânico me assegurasse de que "essas coisas acontecem o tempo todo", estou seguro de |
que depois de alguns alarmes falsos ele começou a suspeitar de outras razões sempre que via meu Pontiac |
de 480.000 quilômetros rodados parado no pátio da sua oficina. Embora não possa demonstrá-lo |
cientificamente, conversei com muitas outras pessoas para me certificar de que essa minha experiência não |
era fora do comum. Os aparelhos que usamos diariamente parece que funcionam melhor em nossa |
presença. Algumas vezes, entretanto, nossa ressonância com o mundo se revela de maneira menos sutil, |
por meio de uma mensagem mais difícil de ser compreendida, como a que se percebe no exemplo a seguir. |
No início de 1990, em Denver, parei de trabalhar na indústria bélica e comecei a morar, |
temporariamente, em São Francisco. Durante o dia promovia seminários e escrevia meu primeiro livro e no |
período noturno trabalhava como consultor. Especificamente, eu procurava orientar as pessoas para compreenderem melhor a grande influência da emoção em nossa vida e seu papel nos nossos relacionamentos. |
Uma de minhas primeiras clientes descrevia um relacionamento que era um belíssimo exemplo de como a |
ressonância com o mundo podia ser profunda e como ela podia ser entendida ao pé da letra. |
Ela se referia ao seu relacionamento com o homem de sua vida como um "encontro que não terminava |
nunca". Durante mais de dez anos, o relacionamento deles parecia um beco sem saída. Suas conversas |
sobre casamento pareciam sempre terminar em discussões amargas, embora eles não pensassem em se |
separar, desejassem mesmo continuar vivendo juntos. Uma noite, minha cliente me contou uma |
experiência de ressonância tão clara e intensa que não deixava dúvida sobre a ligação da ressonância com |
nosso mundo. |
"Conte-me como você viveu nessa última semana", pedi. "Como anda a vida em casa?" |
"Puxa, nem queira saber o que tem acontecido", ela começou. "Que semana esquisita! Primeiramente, |
enquanto meu namorado e eu estávamos vendo TV no sofá, ouvimos um barulho terrível vindo do |
banheiro. Quando fomos ver o que tinha acontecido, você nem queira saber o que encontramos." |
"Nem desconfio o que possa ter sido", eu disse, "mas agora você realmente me deixou muito curioso... O |
que aconteceu?" |
"Bem, a tubulação de água quente debaixo do lavatório tinha explodido e arrancado a porta do armário |
embaixo da pia, que foi parar na parede do outro lado do banheiro", ela contou. |
"Nossa!", exclamei. "Nunca tinha ouvido nada semelhante a isso em minha vida." |
"Isso não é tudo", continuou contando. "Tem mais! Quando fomos até a garagem para pegar o carro, a |
água quente havia inundado todo o piso, o aquecedor também tinha explodido e havia água em toda parte. |
Então, quando demos marcha a ré para sair com o carro, a mangueira do radiador também explodiu e o |
anticongelante aquecido foi para todo o lado!" |
Ouvi o que a mulher estava contando e instantaneamente reconheci o padrão. "O que estava |
acontecendo em casa nesse dia?", perguntei. "Como você diria que seu relacionamento estava indo?" |
"Isso é fácil", disse impulsivamente. "A casa estava como uma panela de pressão naquele dia." Ela então |
parou de repente e me encarou. "Você não está achando que a tensão em nosso relacionamento tem alguma |
coisa a ver com o que aconteceu, está?" |
"No meu mundo", repliquei, "tem tudo a ver com o que aconteceu. Estamos em sintonia com o mundo e |
o mundo nos mostra, fisicamente, a energia que experimentamos emocionalmente. Isso algumas vezes é |
sutil, mas em seu caso foi literal, sua casa inteira refletiu a tensão que se passava entre você e seu |
namorado. E para fazer isso, apelou para a própria essência que durante milhares de anos tem sido usada |
para representar a emoção: a água. Veja só como foi bela, intensa e clara a mensagem que você recebeu do |
campo! E agora, o que você vai fazer com ela?" |
Princípio 17: A Matriz Divina no nosso mundo funciona como o espelho dos relacionamentos que |
construímos com nossas crenças. |
Independentemente de reconhecermos nossa conexão de ressonância com a realidade que nos cerca, |
essa conexão existe por meio da Matriz Divina. Se tivermos sabedoria suficiente para compreender as |
mensagens que nos chegam do nosso entorno, nosso relacionamento com o mundo pode nos ensinar muito. Algumas vezes pode até salvar nossa vida! |