CAPITULO 2
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CAPITULO 2

"A criatura foi feita sujeita a vaidade", para que ela possa

anderson
9 min
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"A criatura foi feita sujeita a vaidade", para que ela possa

tornar-se consciente de sua individualidade e de suas

funções, pois com a consciência de sua individualidade e

suas funções, ela pode agir de acordo com uma finalidade;

ela pode conscientemente ter uma história

autodeterminada. Sem consciência, ela age

inconscientemente, e clama a um Deus objetivo, para ser

salva de sua própria criação.

"Ó Senhor, até quando eu clamarei, e tu não me escutará!

Mesmo clamando fervorosamente, tu não vens me

salvar!" (Habacuque 1, versículo 2).

Quando o homem descobre que a vida é uma peça que é

escrita conscientemente ou inconscientemente por ele

mesmo, ele deixará a cega autopenitencia de ficar julgando

os outros. Em vez disso, ele vai reescrever a peça conforme

o seu ideal, pois ele vai perceber que todas as alterações na

peça, devem ser provenientes da cooperação dos "quatro

poderes" dentro dele. Só eles podem alterar o script e

produzir a mudança. 

Todos os homens e mulheres em seu mundo são meros

participantes, que são tão impotentes para mudar a sua

peça, como são os atores no palco do teatro para mudar o

cenário. A mudança desejada deve ser concebida,

dramatizada, ensaiada e realizada no teatro da sua mente.

Quando a quarta função, a imaginação, concluir a sua tarefa

de ensaiar a versão revisada da peça até que ela seja natural,

então a cortina se abrirá sobre este mundo tão

aparentemente sólido, e os "Quatro poderes" projetarão o

reflexo da peça real sobre a tela do espaço. Os homens e

mulheres automaticamente desempenharão os seus papéis

para realizar o cumprimento do tema dramatizado. Os

participantes, em virtude de suas várias partes no drama do

mundo, tornam-se relevantes ao tema dramatizado por

você, e porque são relevantes, são trazidos ao seu drama.

Eles vão desempenhar os seus papeis, acreditando

fielmente que, ao mesmo tempo, foram eles mesmos que

iniciaram as cenas que eles participaram. Isto porque:

"Pai, tu estás em mim, e Eu em ti... e Eu neles, e tu em mim..."

(João 17, versículos 21 e 23).

Eu estou envolvido pela humanidade. Nós somos um.

Estamos todos desempenhando as quatro funções, o

produtor, o autor, o diretor e o ator no drama da vida.

Uns fazem isso conscientemente, outros inconscientemente.

É necessário que isso seja feito conscientemente. Somente

desta forma poderemos ter a certeza de um final perfeito

para a nossa peça. Então, devemos entender porque nós

devemos nos tornar conscientes dos quatro poderes do

Deus único dentro de nós, para que possamos ter a

companhia de Deus como seus filhos.

"O homem não deve permanecer como homem;

Seu objetivo mais elevado deve ser;

Pois Deus, somente a deuses Aceitará como companhia."

– Angelus Silesius.

Em janeiro de 1946, levei minha esposa e minha filha para

umas férias em Barbados, nas Índias Ocidentais Britânicas.

Sem saber que havia uma grande dificuldade para obter

uma passagem de retorno, eu não reservei a nossa antes de

sair de Nova York. Após a nossa chegada em Barbados,

descobri que havia apenas dois navios atendendo as ilhas,

um vindo de Boston e outro de Nova York. Disseram-me

que não havia lugar disponível para eles até setembro.

Como eu tinha compromissos em Nova York, logo na

primeira semana de maio, eu coloquei meu nome na longa

lista de espera para um retorno em abril.

Poucos dias depois, o navio de Nova York estava ancorado

no porto. Eu o observei muito atentamente, e decidi que ele

seria o navio em que eu embarcaria com a minha família.

Voltei para o meu hotel, e assumi a atitude que eu teria,

caso estivéssemos navegando de verdade naquele navio.

Sentei-me em uma poltrona confortável em meu quarto, e

me lancei em uma ação imaginativa.

Em Barbados, temos que embarcar em uma lancha

motorizada ou em um barco a remos, para seguir para o

porto mais profundo, quando o embarque é realizado em

um grande navio. Eu sabia que eu teria que assumir a

sensação de que estávamos embarcados no navio. Eu

escolhi a ação interna de sair tranquilamente do porto e

subir a rampa para o navio. A primeira vez que tentei, minha

atenção vagueou depois de ter chegado ao topo da rampa.

Eu retornei a mim mesmo e tentei de novo. Eu não me

lembro quantas vezes eu realizei esta ação na minha

imaginação, até chegar na plataforma e olhar para traz para

o porto com a sensação da doce tristeza da partida. Eu

estava feliz em voltar para minha casa, em Nova York, mas

nostálgico em dizer adeus a essa ilha adorável e à nossa

família e amigos. Eu me lembro que em uma das minhas

muitas tentativas de subir a bordo, com a sensação de que

eu estava navegando, eu adormeci. Depois que acordei, eu

segui com as minhas atividades sociais de costume, tanto de

dia como à noite.

Na manhã seguinte, recebi um telefonema da companhia de

navios, pedindo-me para comparecer em seu escritório para

buscar os nossos bilhetes para viajar em abril. Eu fiquei

curioso para saber o motivo do cancelamento desta saída

de Barbados, e porque eu fui escolhido para ser encaixado

nesse cancelamento, e por quê mesmo estando no final de

uma longa lista de espera, acabei ganhando a reserva, mas,

tudo o que o agente pôde me dizer foi que um aviso havia

sido recebido naquela manhã, vindo de Nova York,

oferecendo passagem para três pessoas. Eu não fui o

primeiro a ser chamado pelo agente, mas por razões que ele

não soube explicar, aqueles que foram chamados primeiro

disseram que no momento eles não poderiam viajar em

abril. Nós partimos em 20 de abril e chegamos em Nova

York na manhã de primeiro de maio.

Na produção da minha peça – Navegar em um navio que

me levaria para Nova York no início de maio – eu utilizei os

quatro elementos mais importantes no meu drama. Como o

produtor, eu decidi navegar em um navio específico em um

determinado momento. No papel do autor, eu escrevi o

roteiro – eu visualizei a ação interna que conformava com a

ação exterior, que resultaria que o meu desejo seria

realizado. Como diretor, eu realizei os ensaios, como ator,

imaginei-me na ação de subir a rampa, até que a ação se

tornasse completamente natural.

Isto sendo feito, os eventos e as pessoas rapidamente foram

mudados para que o mundo exterior fosse adequado à peça

que eu tinha construído e promulgado em minha

imaginação.

"Eu vi o fluxo da visão mística;

E vivi entre os homens, bosques, e riachos;

Até que eu já não conseguia distinguir;

O fluxo da vida, e os meus sonhos."

– George William Russell (AE).

Eu contei essa história para um público em uma palestra

minha em São Francisco, e uma senhora na plateia me disse

como ela inconscientemente tinha usado essa mesma

técnica, quando ela era uma menina.

O incidente ocorreu na véspera de Natal. Ela estava se

sentindo muito triste e cansada, com pena de si mesma. Seu

pai, a quem ela adorava, havia morrido repentinamente.

Não só ela sofreu esta perda justo na época de Natal, mas

também a necessidade forçou a abandonar os seus anos de

faculdade para ter que começar a trabalhar. Nesta véspera

de Natal chuvosa, ela estava de carona indo para casa de

carro, passando pelas ruas de São Diego. O carro estava

cheio de jovens felizes, conversando entre si, todos voltando

para casa para passar as férias. Para esconder as lágrimas

daqueles que a rodeavam, ela inclinou-se para fora de uma

janela do carro que estava aberta, e virou o seu rosto para o

céu, para que as gotas de chuva se misturassem com as suas

lágrimas. Com os olhos fechados e se apoiando firmemente

sobre a porta do carro, ela disse isso para si mesma: "Não é

o sal das minhas lágrimas que eu estou provando, mas o

sal do vento que vem do mar. Não estou em São Diego,

estou no Pacífico Sul, e estou navegando pela a Baía de

Samoa". Então, olhando para cima, na sua imaginação, ela

construiu o que ela imaginou ser o cruzeiro do Sul. Ela

perdeu-se nesta contemplação, e tudo se desvaneceu ao

seu redor. De repente, ela estava no fim da linha, em casa.

Duas semanas depois, ela recebeu uma carta de um

advogado em Chicago, informando que ele estava com 3

mil dólares em títulos americanos destinados a ela. Vários

anos antes, uma tia dela tinha ido para a Europa, deixando

instruções que estes títulos fossem entregues a sobrinha

caso ela não retornasse para os Estados Unidos. O

advogado acabava de receber a notícia da morte de sua tia,

e agora estava cumprindo as suas instruções.

Um mês depois, essa jovem navegou para as Ilhas do

Pacífico Sul. Era de noite quando o navio chegou na Baía de

Samoa. Olhando para baixo, ela podia ver a espuma branca

conforme o navio lavrava através das ondas e lhe trazia o sal

do mar com o vento. Um oficial de plantão lhe disse: "Olhe!

Lá está o cruzeiro do Sul!" E olhando para cima, ela viu o

cruzeiro do Sul, da mesma forma como antes ela havia

imaginado.

Nos anos seguintes, ela teve muitas oportunidades de usar

a sua imaginação de forma construtiva, mas como ela havia

feito isso inconscientemente, ela não sabia que havia uma

lei por trás disso tudo. Agora que ela entende, ela, também,

está conscientemente utilizando os seus quatro elementos

principais no seu drama diário da vida, produzindo peças

para o bem dos outros, assim como o bem para ela mesma.

"Tendo pois, os soldados crucificado a Jesus, eles tomaram

as suas vestes, e fizeram delas quatro partes, uma para cada

soldado. Tomaram também a túnica; porém a túnica não

tinha costura, sendo toda tecida de cima para baixo. (João

19, versículo 23)".