CAPÍTULO 3.
CAPÍTULO 3. |
O DOM DA FÉ. |
"E o senhor aceitou com alegria a Abel e suas ofertas... |
Todavia, não se agradou de Caim e de suas oferendas." |
(Gênesis 4, versículos 4 e 5). |
Se buscarmos nas escrituras, poderemos nos tornar |
conscientes de um significado muito maior e mais profundo |
na citação acima, do que aquilo que nos daria uma leitura |
literal. O senhor não é diferente de sua própria consciência |
"...assim dirás aos filhos de Israel, EU SOU me enviou a |
vós..." (Êxodo 3, versículo 14)". "EU SOU" é a auto-definição |
de Deus. |
Caim e Abel, como os netos do senhor, podem ser apenas |
personificações de duas funções distintas da sua própria |
consciência. O autor do livro de Gênesis na realidade está |
buscando nos mostrar "dois estados opostos da alma |
humana", e ele usou dois irmãos para representar esses |
estados. Os dois irmãos representam duas visões distintas |
sobre o mundo possuído por todos. Uma é a percepção |
limitada dos sentidos, e a outra é uma visão imaginativa do |
mundo. Caim – a primeira perspectiva – é uma rendição |
passiva às aparências, e uma aceitação da vida com base no |
mundo exterior, uma perspectiva que inevitavelmente |
conduz ao uma ânsia insaciável ou ao contentamento de |
uma desilusão. Abel – a segunda perspectiva – é uma visão |
da realização do desejo, o homem acima das evidências dos |
sentidos, no estado de alívio, onde ele já não mais anseia |
pelo desejo. A ignorância da segunda perspectiva é a alma |
em chamas. O conhecimento sobre ela é as asas que o |
levarão para o Céu do desejo Realizado. |
“Vinde, comei do meu pão e bebei do vinho que preparei. |
Abandonai a insensatez e vivei; andai pelo Caminho do |
arrependimento!" (Provérbios 9, versículos 5 e 6). |
Na Epístola aos Hebreus, o autor nos diz que a oferta de |
Abel foi a fé: "Pela fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício |
melhor que o de Caim. (Hebreus 11, versículo 4)". O autor |
afirma ainda: "Em verdade, sem fé é impossível agradar a |
Deus. (Hebreus 11, versículo 6)". |
"Ora, a fé é a substância das coisas que se esperam, a |
prova das coisas que não se veem.... É pela fé que |
entendemos que os mundos foram criados pela palavra de |
Deus, de modo que o visível não foi feito daquilo o que se |
vê". (Hebreus 11, versículos 1 e 3). |
Caim ofereceu as evidências dos sentidos, das quais a |
consciência, O Senhor, rejeita, porque a aceitação deste |
dom como um molde paro o futuro significaria a |
estagnação e a perpetuação do estado presente, para |
sempre. O doente ficaria doente, os pobres seriam pobres, o |
ladrão seria um ladrão, o assassino, sempre um assassino, e |
assim por diante, sem esperança de redenção. |
O senhor, ou a consciência, não aceita esta utilização |
passiva da imaginação – que é o presente de Caim. Ele se |
deleita no presente de Abel, o exercício ativo, amoroso e |
voluntário da imaginação do homem em favor de si e dos |
outros. |
"E que diga o fraco, EU SOU forte. (Joel 3, versículo 10)". |
Deixe que o homem desconsidere as aparências, e deixe-o |
declarar-se ser o homem que ele quer ser. Deixe-o imaginar |
a beleza onde os seus sentidos revelam as cinzas, a alegria |
onde eles testificam o luto, riquezas onde eles testemunham |
a pobreza. Somente por tal uso voluntário e ativo da |
imaginação, o homem poderá se erguer e restaurar o Éden. |
O ideal está sempre à espera de ser encarnado, mas a |
menos que nós mesmos ofereçamos este ideal ao senhor, a |
nossa consciência ao supor que nós já temos e somos |
aquilo que queremos encarnar, este não será capaz de |
nascer. |
O senhor precisa do cordeiro diário da fé para moldar o |
mundo em harmonia com os nossos sonhos. |
"Pela fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor que o |
de Caim. (Hebreus 11, versículo 4)". |
A fé sacrifica o fato evidente, em favor da verdade que não |
se vê. A fé se apropria rapidamente da verdade fundamental |
por meio de uma concepção, e estados invisíveis, tornam-se |
fatos visíveis. |
"Para que serve a fé senão para acreditar no que não se |
vê?" |
– Santo Agostinho. |
Bem recentemente, eu tive a oportunidade de ver os |
resultados maravilhosos de uma pessoa que teve fé para |
acreditar naquilo o que ela não via. |
Uma jovem mulher me pediu para visitar a sua irmã e seu |
sobrinho de três anos. Ele era um belo menino saudável, |
com olhos azuis e uma pele lisa, excepcionalmente |
impecável. Daí, então, ela me contou a sua história. |
Ao nascer, este menino era perfeito em todos os sentidos, |
exceto por uma grande e terrível marca de nascença que |
cobria um lado do seu rosto. Seu médico informou-lhes que |
nada poderia ser feito para remover este tipo de cicatriz. |
Visitas a vários especialistas apenas confirmaram o seu |
laudo. Ouvindo o veredito, a tia se empenhou na tarefa de |
provar sua fé – que uma concepção, mesmo que negada |
pelas evidências dos sentidos, se for persistida, se |
transmutará em um fato. |
Toda vez que ela pensava no bebê, o que era frequente, ela |
via na sua imaginação um bebê de oito meses de idade com |
um rosto perfeito – sem qualquer traço de uma cicatriz. Não |
era fácil, mas ela sabia que neste caso, o presente de Abel |
agradaria a Deus. Ela persistiu em sua fé – ela acreditava no |
que não estava lá para ser visto. O resultado foi que ela |
visitou a irmã no dia que a criança completou oito meses e |
descobriu que ela estava com uma pele perfeita, sem |
mácula, sem os vestígios de que qualquer marca de |
nascença havia sido presente. "Sorte! Coincidência!" |
Exclama Cain. Não. Abel sabe que estes são nomes dados |
por aqueles que não tem fé, às obras da fé. |
"Caminhamos pela fé, não pela visão. (2º Coríntios 5, |
versículo 7)". |
Quando a razão e os fatos da vida se opõem à ideia que |
você deseja realizar, e você aceitar as evidências dos seus |
sentidos e os ditames da razão como verdade, você |
apresenta ao Senhor – sua consciência – a oferta de Caim, e |
é óbvio que tal oferta não irá agradá-lo. |