COMO DESCOBRIR O QUE OS SENTIMENTOS DE ATRAÇÃO DIZEM.
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COMO DESCOBRIR O QUE OS SENTIMENTOS DE ATRAÇÃO DIZEM.

COMO DESCOBRIR O QUE OS SENTIMENTOS DE ATRAÇÃO DIZEM.

anderson
13 min
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COMO DESCOBRIR O QUE OS SENTIMENTOS DE ATRAÇÃO DIZEM.

Todos nós dominamos a arte de desistir de partes de nós mesmos quando sentimos que no momento é

uma medida necessária para nossa sobrevivência física ou emocional. Quando fazemos isso, é fácil nos

vermos como "inferiores" e sermos iludidos pelas nossas crenças sobre o que restou. Para algumas pessoas,

a compensação ocorre antes da percepção, sem que cheguem a compreender o que ocorre; enquanto para

outras, trata-se de uma escolha consciente.

Uma tarde, enquanto eu trabalhava naquela mesma indústria bélica com meu amigo engenheiro, um

convite inesperado aterrissou em minha mesa. Era para uma apresentação informal que seria realizada

para a Casa Branca e oficiais sobre o novo sistema, recentemente inaugurado, Strategic Defense Initiative

(SDI), popularmente conhecido como "Guerra nas Estrelas". Durante a recepção que se seguiu ao evento,

tive oportunidade de ouvir uma conversa entre um dos oficiais de alta patente e o CEO de nossa

companhia.

A pergunta feita pelo CEO era relativa aos sacrifícios que o outro havia suportado para alcançar a

posição de poder que conquistara. "Quais sacrifícios você teve que fazer para chegar onde está hoje?", era a

pergunta. O oficial descreveu como tinha escalado postos no Pentágono e na hierarquia militar até sua

atual posição de mando em uma grande companhia multinacional. Eu ouvia atentamente enquanto o

homem narrava sua história com honestidade e entusiasmo.

"Para chegar onde estou hoje, tive que me entregar ao sistema. Cada vez que conquistava um posto,

perdia mais uma parte da minha vida. Um dia, compreendi que tinha chegado ao topo e olhei para trás,

para minha vida. Descobri que havia aberto mão de tanto de mim mesmo que não havia sobrado mais

nada. Meus donos eram as empresas e os militares. Tinha deixado escapar o que mais amava: minha

esposa, meus filhos, os amigos e a saúde. Tinha trocado essas coisas por poder, saúde e controle."

Fiquei pasmo com a honestidade de sua narrativa. Ainda que admitisse ter se perdido no processo,

estava consciente do que havia feito. Estava entristecido, mas considerava que era um preço que valia a

pena pagar pela sua posição de poder. Ainda que não pelas mesmas razões, nós todos podemos fazer algo

semelhante. Para muitos, entretanto, a meta é menos o poder do que a sobrevivência.

Convido-o a mergulhar em si mesmo no momento em que encontrar alguém que lhe desperte um

sentimento de proximidade e empatia. Algo de raro e precioso está acontecendo com ambos nesse instante:

você acaba de encontrar quem guardava suas partes perdidas que você tanto procurava. Frequentemente

trata-se de uma experiência de mão dupla, pois a outra pessoa sente-se atraída pela mesma razão. Usando

seu poder de discernimento, você percebe que deve iniciar uma conversa. Comece falando sobre alguma

coisa — qualquer coisa — para manter o contato pelo olhar. Enquanto fala, mentalmente proponha a si

mesmo a seguinte pergunta: O que vejo nesta pessoa que perdi em mim mesmo, que desisti, ou que tiraram de

mim?

Quase imediatamente uma resposta surgirá em sua mente. Pode ser alguma coisa tão simples como um

sentimento de realização ou algo tão claro como a voz interior que você reconhece e que tem estado desde

criança em sua companhia. As respostas frequentemente são palavras simples ou frases curtas, e seu corpo

saberá o que tem sentido para você. Talvez você simplesmente perceba algo de belo nessa pessoa de que

você sente falta em si mesmo naquele momento. Possivelmente será a inocência perante a vida, a graça com

que anda pelo corredor do supermercado, a confiança que transmite ao executar a tarefa do momento ou,

simplesmente, seu brilho ou vitalidade.

Seu encontro não precisa durar mais do que alguns segundos, talvez poucos minutos. Aqueles

instantes são a sua oportunidade de sentir a alegria e a euforia do momento. Trata-se de você encontrando

uma parte sua em outra pessoa, algo que você tem, bem como o sentimento do que seria despertar alguma

coisa assim no seu íntimo.

Para os que têm a coragem de reconhecer o sentimento de familiaridade de tais encontros

momentâneos, o espelho da perda, provavelmente, é algo que enfrentamos todos os dias. Encontramos

uma sensação de plenitude em nós mesmos quando os outros espelham em nós a verdadeira natureza

deles. Coletivamente, estamos olhando para nossa plenitude, e criamos individualmente as situações que

nos levam a encontrá-la. Sacerdotes, professores, pessoas mais velhas, jovens, pais e filhos são, todos,

catalisadores de sentimentos.

Nesses sentimentos encontramos as coisas que ansiamos ter em nós mesmos, o que ainda existe em nós

mas está oculto pelas máscaras do que acreditamos que somos. É natural e humano. A compreensão do que

nossos sentimentos realmente nos contam a respeito dos outros pode se transformar no mais poderoso

instrumento para descobrirmos nosso potencial máximo.

QUARTO ESPELHO: REFLEXOS DA NOITE ESCURA DA ALMA.

"Aquilo que tendes vos salvará se o manijestardes."5 — Evangelho de Tomé

Gerald (nome fictício) era engenheiro no Vale do Silício, na Califórnia, durante o grande avanço da alta

tecnologia no início da década de 1990. Tinha duas lindas filhas e sua esposa era igualmente bela. Já viviam

juntos há quase 15 anos. Quando eu o encontrei, ele tinha acabado de ganhar um prêmio da companhia

pelo seu quinto ano na função de solucionador sênior de problemas para um determinado tipo de software

especialista. Seu desempenho fez com que o considerassem um verdadeiro patrimônio da companhia e

usavam sua vasta experiência mais do que a típica semana de cinco dias e oito horas de trabalho diárias.

Para atender à demanda pelas suas habilidades, ele começou a trabalhar até altas horas da noite e

também nos fins de semana, além de fazer viagens para convenções e exposições profissionais com seu

software. Não demorou muito e ele notou que passava mais tempo com seus colegas de trabalho do que

com a família. Eu podia ver em seus olhos como ele se ressentia da falta de convívio com os familiares.

Quando Gerald chegava em casa à noite, encontrava a esposa e as filhas dormindo e, na manhã seguinte,

ele já estava no trabalho antes de elas se levantarem. Depois de algum tempo, ele começou a se sentir um

estranho na própria casa. Ele sabia mais acerca das famílias das pessoas em seu escritório do que sobre a

sua própria.

Foi nesse ponto que a vida de Gerald deu uma violenta guinada. Por acaso ele tinha me procurado

para uma sessão de aconselhamento enquanto eu escrevia um livro intitulado Walking Between the Worlds:

The Science of Compassion, que descrevia como os "espelhos" dos nossos relacionamentos atuavam em nossa

vida. Há mais de 2.200 anos, os autores dos Manuscritos do Mar Morto identificaram sete padrões

específicos de ocorrência provável em nossas interações com outras pessoas. À medida que Gerald

desenrolava sua história, ficava cada vez mais claro que ele descrevia um desses padrões, reflexo de um

dos nossos maiores medos, usualmente conhecido como "Noite Escura da Alma".

Entre os engenheiros do escritório havia uma jovem programadora brilhante, aproximadamente da

mesma idade dele. E ele de repente estava constantemente trabalhando em parceria com essa moça,

pegando serviços que às vezes duravam dias e que os levava a visitar diversas cidades no país inteiro. Em

pouco tempo, ele começou a sentir que a conhecia melhor ainda do que à própria esposa. Nesse ponto da

história já pude vislumbrar o desfecho provável. O que eu não poderia supor foi o que aconteceu em

seguida e por qual razão Gerald ficara tão perturbado.

Não demorou muito para que ele achasse que tinha se apaixonado pela colega de trabalho, decidindo

então deixar a esposa e filhas para começar uma vida nova com ela. Essa era uma decisão que parecia fazer

sentido na época, já que tinham tanta coisa em comum. Entretanto, dentro de poucas semanas, sua nova

parceira foi transferida para um trabalho em Los Angeles. Cobrando alguns favores de conhecidos, Gerald

manobrou para que também fosse transferido para o mesmo escritório.

Imediatamente tudo começou a andar errado e Gerald descobriu que tinha perdido mais do que ganho

na barganha. Os amigos comuns dele e da esposa, conhecidos de muitos anos, repentinamente tornaram-se

distantes e indisponíveis. Seus colegas de trabalho pensaram que ele estava "maluco" por largar a posição e

projetos que havia conquistado com tanto sacrifício. Até mesmo seus pais se enraivecerem quando viram

que ele tinha largado a família. Embora traumatizado, ele racionalizou dizendo a si mesmo que esse era o

preço a pagar pela mudança de vida. Ele estava livre para começar uma grande vida nova. O que mais

poderia pedir?

É nesse ponto que o espelho do equilíbrio vindo da Noite Escura da Alma entra em cena. Quando as

coisas pareciam estar correndo como planejado, Gerald descobriu que, na realidade, tudo estava se

esfacelando! Em poucas semanas seu novo amor deixou claro que o relacionamento não era o que ela

esperava que fosse. Ela rompeu bruscamente e pediu que ele se fosse. Sem mais nem menos, de repente ele

estava sozinho e arrasado. "Depois de tudo que eu tinha feito por ela, como ela pode fazer isso?" ele gemia.

Ele tinha largado a esposa, as crianças, os amigos e o emprego — em resumo, ele tinha aberto mão de tudo

o que amava.

Não demorou muito para ele passar a executar seu trabalho de modo deficiente. Depois de vários

avisos de que seu desempenho estava inferior ao ótimo esperado, o departamento o despediu. O desenrolar

da história de Gerald mostra claramente o que tinha acontecido. Sua vida tinha saído do mais alto dos

patamares, com todas as perspectivas de novos relacionamentos, novos trabalhos e salário mais alto, para o

ponto mais baixo possível, com o desvanecimento de todos os sonhos. Naquela noite quando ele veio me

ver, trazia uma única pergunta: "O que aconteceu?" Como tudo que parecia tão bom ficou tão ruim?

A NOITE ESCURA DA ALMA: COMO RECONHECER O GATILHO.

Gerald tinha perdido tudo o que amava na época que eu o conheci. A razão pela qual isso tinha

acontecido é o ponto fundamental de sua história. Em vez de se libertar das coisas que amava porque se

sentia realizado e desejava avançar, ele tinha feito suas opções porque acreditava que havia algo melhor

para ocupar o lugar do que já existia. Em outras palavras, ele jogou com segurança. Como tinha medo de

que poderia não encontrar nada melhor, ele permaneceu fisicamente casado e com a família, muito depois

de, emocionalmente, ter se separado de ambos. Existe uma diferença sutil, embora significativa, entre

deixar nosso emprego, amigos e romances porque nos sentimos realizados e a situação de se agarrar a

todos eles por causa do medo de que não exista mais nada para alcançarmos!

Em todos os tipos de relacionamento pode ocorrer uma certa tendência de ficarmos presos ao status

quo, esperando que alguma coisa melhor apareça. Esse tipo de apego pode resultar do fato de não termos

consciência do que estamos fazendo, ou pode aparecer por causa do medo de balançar o barco e de encarar

a incerteza do que vem a seguir. Ainda que pareça representar um padrão do qual não temos consciência,

não deixa de ser um padrão. Quer se trate de um emprego, de um romance ou de um estilo de vida, é

possível que estejamos retendo um padrão no qual não nos sentimos verdadeiramente felizes, ainda que

não tenhamos comunicado isso a ninguém de nossas relações. Assim, mesmo quando o mundo acredita

que vivemos como era de se esperar, por dentro poderemos estar clamando por uma mudança e nos

sentindo frustrados por não sabermos como compartilhar essa necessidade com os que nos são próximos.

Esse é o padrão que acumula o negativismo. Nossos verdadeiros sentimentos são disfarçados em

tensão, hostilidade ou, algumas vezes, apenas ficam ausentes do relacionamento. Todos os dias passamos

pelas alterações normais do ambiente de trabalho ou compartilhamos nossa vida com outra pessoa, enquanto emocionalmente estamos distantes e vivendo em outro mundo. Quer nosso problema seja com o

patrão, com o(a) amante ou com nós mesmos, racionalizamos, assumimos compromissos e ficamos

aguardando. E, então, um belo dia, sem mais nem menos — bum! — acontece! Aparentemente vindas de

lugar nenhum, aquelas mesmas coisas pelas quais ansiávamos e esperávamos tanto que acontecessem

aparecem repentinamente. Nesse momento podemos investir nelas como se não houvesse um amanhã.

No caso de Gerald, quando ele mudou para outra cidade com seu novo relacionamento, deixou atrás

de si um vazio não solucionado, dentro do qual seu mundo entrou em colapso. Agora, depois de ter

perdido tudo o que ele prezava tanto, sentava-se diante de mim com enormes lágrimas rolando pelas faces!

"Como vou conseguir de volta meu emprego e minha família? Só me diga o que tenho que fazer!"

Passei os lenços de papel que tinha ao lado da mesa — e que deixava ali justamente para ocasiões como

essa — e disse algo que o pegou completamente desprevenido: "Nesse momento não se trata de recuperar

o que você perdeu, ainda que isso possa vir a acontecer. Você criou para si mesmo uma situação que

ultrapassa seu emprego e sua família. Despertou uma força interior que poderá vir a ser sua mais poderosa

aliada. Quando você passa por uma experiência dessas, você ganha uma confiança nova inquebrantável.

Penetra em um intervalo do tempo que os antigos chamavam de 'Noite Escura da Alma'".

Gerald enxugou os olhos e sentou na cadeira. "O que você quer dizer com a 'Noite Escura da Alma?'",

perguntou. "Como é que eu nunca soube de nada sobre isso?"

"A Noite Escura da Alma é um período da vida em que a gente se vê arrastado para uma situação que

para nós significa o nosso pior pesadelo", respondi. "Isso geralmente acontece quando menos esperamos e,

normalmente, sem nenhum aviso prévio. A questão é que", continuei, "só se pode ser arrastado para uma

dinâmica dessas quando nosso domínio sobre a vida assinala que estamos preparados! Então, exatamente

quando tudo parece perfeito, o próprio equilíbrio conquistado serve para sinalizar que estamos pronto

para a mudança. O chamariz para criar a mudança será alguma coisa pela qual ansiamos a vida toda, algo

que simplesmente consideremos irresistível. De outro modo, nunca teríamos coragem de dar o salto!"

"Um chamariz como um novo relacionamento?", ele perguntou.

"Precisamente como um novo relacionamento", respondi. "Um relacionamento é uma espécie de

catalisador que embute a promessa de avanço na vida." Continuei explicando, que ainda que soubéssemos

que somos perfeitamente capazes de sobreviver seja lá ao que for que enfrentemos no caminho, não é

natural acordarmos uma manhã dizendo, “Humm... acho que hoje vou desistir de tudo que mais prezo e

mergulhar na minha Noite Escura da Alma”. Nós simplesmente não pensamos desse jeito! É muito comum

que os grandes testes das noites escuras venham quando menos esperamos.

A possibilidade de que a vida nos traga exatamente o que estamos precisando no momento em que

precisamos é bastante razoável. Assim como podemos encher uma xícara abrindo uma torneira, se nossa

caixa de ferramentas emocional estiver bem sortida, é perfeitamente possível que isso seja o gatilho que

abre a torneira da vida deixando a mudança fluir. Até abrirmos o fluxo nada acontece. O outro lado dessa

dinâmica ocorre quando nos encontramos na Noite Escura da Alma, pois pode ser confortador saber que a

única maneira de estarmos enfrentando o que estamos é que fomos nós mesmos que abrimos a torneira.

Tendo ou não ciência disso, sempre estamos prontos para enfrentar o que a vida nos reserva.