MATRIZ DIVINA
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MATRIZ DIVINA

Por fim, o relacionamento com a essência quântica que nos conecta a tudo mais nos lembra que nós

anderson
6 min
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Por fim, o relacionamento com a essência quântica que nos conecta a tudo mais nos lembra que nós

mesmos somos criadores. Como tais podemos expressar nossos anseios mais profundos por cura,

abundância, alegria e paz em tudo, de nosso corpo e vida até nossos relacionamentos. E podemos fazer isso

conscientemente, da maneira e no momento que escolhermos.

Entretanto, assim como os iniciados do poema de Christopher Logue no começo desta Introdução

estavam precisando de um "empurrãozinho" para conseguir alçar voo, todas essas possibilidades exigem

uma sutil, embora poderosa, mudança no modo de percebermos o mundo e nós mesmos. Nessa mudança

subitamente captamos nossos desejos íntimos, nossos ideais mais elevados e sonhos grandiosos. Por mais

miraculosa que essa realidade possa parecer, todas essas coisas — e muito mais — estão dentro das

possibilidades do mundo da Matriz Divina. O segredo não consiste em apenas perceber como ele funciona,

precisamos também dominar uma linguagem para comunicarmos nossos desejos de um modo que seja

reconhecível por essa antiga rede de energia.

Nossas tradições mais caras e antigas nos lembram que de fato existe uma linguagem para falarmos à

Matriz Divina, uma linguagem que dispensa palavras, que não implica no uso dos sinais de comunicação

que fazemos com nossas mãos e corpo. Ela vem de maneira tão simples que praticamente já sabemos como

"falar" fluentemente usando-a. Na realidade, é a que usamos todos os dias — é a linguagem da emoção

humana.

A ciência moderna descobriu que nosso corpo, ao experimentar emoções, também processa mudanças

químicas de coisas como pH e hormônios, ambos capazes de espelhar nossos sentimentos.

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experiências "positivas" de amor, compaixão e perdão, por meio de emoções "negativas" de ódio, julgamento e inveja, somos dotados do poder de afirmar ou negar nossa existência a cada momento de todos os

dias. Mais ainda, a mesma emoção que nos dá tal poder dentro do nosso corpo, estende sua força no mundo

quântico, além do nosso corpo.

Pode ser útil imaginar que a Matriz Divina é como um cobertor cósmico que começa e termina no

mundo do desconhecido, mas que se estende cobrindo todas as coisas entre seus extremos. Essa cobertura

tem muitas camadas, já está na posição certa e está em toda parte, o tempo todo. Nosso corpo, vida e tudo o

que conhecemos existem e ocupam um lugar dentro da trama de suas fibras. Desde o aquoso ambiente do

útero materno até os casamentos, divórcios, amizades e carreiras, toda nossa experiência pode ser

imaginada como "dobras" nesse cobertor.

De uma perspectiva quântica, tudo, desde os átomos da matéria, a folha do gramado, até nosso corpo, o

planeta e o que se encontra além, tudo isso pode ser pensado como uma "perturbação" no tecido liso desse

cobertor espaço- temporal. Talvez não seja coincidência o fato de as antigas tradições espirituais e poéticas

se assemelharem tanto ao descreverem o fenômeno da existência. As escrituras védicas, por exemplo, falam

de um campo unificado de "pura consciência", que banha e permeia toda a criação.

10 Nesses escritos, nossas

experiências do pensar, sentir, ter emoções e alimentar crenças — e todo o discernimento criado por tais

experiências — são considerados como "perturbações", interrupções em um campo que, não fosse por isso,

teria suavidade e imobilidade.

De maneira semelhante, o poema do século VI Hsin-Hsin Ming (que se traduz como Versos sobre a FéMente) descreve as propriedades de uma essência que é projeto de toda criação. Chamada Tao, está

basicamente além da descrição, exatamente como vemos nas escrituras védicas. Isso é tudo, o receptáculo

de toda experiência, assim como a experiência propriamente dita. O Tao é descrito como perfeito, "como

um vasto espaço, onde nada falta e nada está em excesso".11

De acordo com Hsin-Hsin Ming, somente nos equivocamos com a harmonia do Tao quando

perturbamos sua tranquilidade com nossos juízos. Quando isso ocorre inevitavelmente e nos encontramos

enredados por sentimentos de raiva e separação, seu texto nos oferece diretrizes para remediar essa condição: "Para entrar em direta harmonia com essa realidade, diga simplesmente quando a dúvida surgir, 'não

dois'. Nesse 'não dois' nada está separado, nada é excluído".12

Ainda que eu esteja disposto a admitir a perda de alguma noção romântica sobre nossa vida ao

admitirmos que somos um distúrbio na Matriz, isso também nos oferece uma forma poderosa de

conceitualizar nosso mundo e nós mesmos. Se quisermos, por exemplo, travar novos relacionamentos, saudáveis e de afirmação à vida, deixar um romance curativo impregnar nossa vida ou propor uma solução

pacífica para o Oriente Médio, temos de criar nova perturbação no campo, uma tal que espelhe nosso

desejo. Precisamos fazer nova "dobra" nessa coisa que constitui o espaço, o tempo, o nosso corpo e o

mundo.

Esse é o nosso relacionamento com a Matriz Divina. Recebemos o poder de imaginar, sonhar e sentir as

possibilidades da vida no interior da Matriz propriamente dita, de tal modo que ela possa refletir de volta

para nós nossas criações. Tanto as tradições antigas como a ciência moderna descreveram como esse

espelho cósmico funciona; nos experimentos que serão descritos nos capítulos mais adiante, até mesmo

mostramos, usando a linguagem da ciência, como tais reflexos funcionam. Mesmo admitindo que esses

estudos resolvem alguns mistérios da criação, eles também descortinam questões mais profundas sobre

nossa existência.

Certamente não sabemos tudo o que existe para se conhecer sobre a Matriz Divina. A ciência não tem

todas as respostas — e com toda franqueza, os cientistas nem mesmo estão certos de onde veio a Matriz

Divina. Sabemos que poderíamos estudá-la mais cem anos sem encontrar todas as respostas. O que

sabemos, entretanto, é que a Matriz Divina existe. Ela está aqui e podemos nos valer do seu poder criativo

pela linguagem das emoções.

Podemos aplicar esse conhecimento de um modo que seja útil e significativo em nossa vida. Ao fazer

isso, nossa ligação com os outros e com todas as coisas não poderá ser negada. É sob a luz de tal conexão

que poderemos perceber como realmente somos poderosos. Da posição de força que passamos a ter com tal

feito podemos aproveitar a oportunidade de sermos pessoas mais pacíficas e misericordiosas, de trabalhar

ativamente na criação de um mundo que espelhe essas e outras qualidades. Por meio da Matriz Divina

temos a oportunidade de focalizar tais atributos em nossa vida, aplicá-los na tecnologia íntima dos nossos

sentimentos, imaginação e sonhos. Ao fazer isso, aproveitamos a essência verdadeira do poder de mudar

nossa vida e o mundo.