NOSSOS MAIORES MEDOS
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NOSSOS MAIORES MEDOS

NOSSOS MAIORES MEDOS.

anderson
13 min
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NOSSOS MAIORES MEDOS.

O propósito da Noite Escura da Alma é nos fazer passar pela cura de nossos grandes medos. Uma coisa

realmente curiosa a respeito da "noite escura" é que, como os medos mudam conforme a pessoa, uma

experiência assustadora para algumas poderá significar uma banalidade para outras. Por exemplo, Gerald

havia admitido que seu pior medo era ser deixado por conta de si mesmo. Um pouco mais cedo, no mesmo

dia, uma mulher havia me dito que sua maior alegria era "ficar sozinha".

Não é incomum que alguém que tenha medo de estar só torne-se mestre em arranjar relacionamentos

em que possa justamente viver tal medo. Por exemplo, Gerald havia narrado romances, empregos e

amizades no passado que jamais poderiam ter sido duradouros! Mas, mesmo assim, quando cada umas

dessas situações terminava ele dizia que o relacionamento tinha "fracassado". Na realidade, tinham sido tão

bem-sucedidos que cada um deles havia permitido que seu maior medo, o de ficar sozinho, viesse a

acontecer. Como ele nunca tinha se curado e nem mesmo reconhecido os padrões que pautavam sua vida

antes, ele se colocava em situações em que seu medo se tornava cada vez menos sutil. Finalmente as coisas

tinham chegado a um ponto em que suas emoções eram tão fortes que ele precisava dar atenção a elas,

antes que pudesse prosseguir.

Ainda que possamos passar por muitas noites escuras da alma ao longo da vida, a primeira,

geralmente, é a mais sofrida. E frequentemente é também a mais poderosa agente de mudança. Depois que

compreendemos por que estamos tão feridos, a experiência começa a assumir um novo significado. Ao

reconhecermos a sinalização do caminho da Noite Escura, podemos dizer: "Ah!... Conheço esse padrão!

Sim, sem dúvida, trata-se da Noite Escura da Alma, tudo certo. Bom, e agora, o que é mesmo que devo

aprender nessa situação?"

Conheço pessoas que ficam tão fortes depois de aprenderem a resolver o episódio da Noite Escura, que

praticamente desafiam o universo que os submetam à próxima prova! Fazem isso porque simplesmente

sabem que, se conseguiram sobreviver ao primeiro, poderão superar qualquer coisa. Só quando temos tais

experiências sem compreender o que elas significam, ou porque estamos passando por elas, é que ficamos

bloqueados anos, ou até a vida inteira, presos a um padrão que literalmente pode roubar o que mais

prezamos ... tal como nossa própria vida.

QUINTO ESPELHO: REFLEXOS DO NOSSO MAIOR ATO DE COMPAIXÃO.

"A pedra que os pedreiros rejeitaram, tornou-se agora a pedra angular"6 — Evangelho de Tome

No final da década de 1980, meu escritório ficava em um edifício de vários pavimentos nas colinas de

Denver. Embora o edifício fosse enorme, o fim da Guerra Fria e os cortes governamentais fizeram com que

a companhia onde eu trabalhava cortasse funcionários e se reorganizasse. Como outras divisões da

companhia também tinham se mudado para o edifício, o espaço era muito limitado. Eu compartilhava

minha sala com outra pessoa, uma mulher que executava uma função inteiramente diferente da minha no

departamento. Não havia competição nem responsabilidades comuns, e rapidamente nos tornamos bons

amigos, trocávamos histórias sobre nossos fins de semana com a família, amigos e falávamos sobre as

alegrias e tristezas da vida fora da companhia.

Um dia, tínhamos acabado de voltar do almoço e ela ouvia as mensagens gravadas no seu correio de

voz enquanto estávamos ausentes. Pelo canto do olho, eu a vi ficar paralisada, sentando-se com um olhar

vidrado nos olhos. Seu rosto ficou totalmente branco com realce apenas da maquilagem dos lábios e face.

Depois que ela desligou, aguardei um pouco para que ela se recompusesse e perguntei o que tinha

acontecido. Ela me olhou e narrou uma história ao mesmo tempo pungente e triste.

Um de seus amigos tinha uma filha jovem com uma combinação muito invejada de qualidades que

cultivava desde a infância: beleza, habilidades de ginasta e talento artístico. Quando a garota cresceu,

buscou uma forma de combinar todos os seus atributos em uma carreira única e decidiu ser modelo. A

família apoiou sua decisão e prestou-lhe ajuda de todas as maneiras possíveis para que ela realizasse seus

sonhos. Quando ela distribuiu o seu portfólio, algumas agências responderam com entusiasmo. Ela

começou a receber ofertas de viagens, cursos e muito mais apoio do que imaginara ser possível. Para todos

parecia que não faltava mais nada, coisa alguma poderia ser melhor na vida dela.

Entretanto, em um nível sutil e quase imperceptível, os que realmente a conheciam podiam sentir que

alguma coisa estava mudando. Seu estado de espírito dava margem a preocupações. As agências para

quem ela trabalhava buscavam um determinado tipo de aparência na mulher que desejavam promover.

Conquanto a moça fosse dona de uma beleza toda especial, não era o tipo que as agências estavam

procurando no final dos anos 80. Sentindo-se compelida a conseguir o tipo físico que a indústria queria,

pediu que a família a ajudasse a fazer uma série de procedimentos estéticos que achava que podiam

moldar seu corpo até alcançar o tipo desejado.

Começou com o mais óbvio dos melhoramentos, a cirurgia plástica. Ainda que tivesse chegado mais

perto da meta, ainda não obtivera realmente a aparência que queria; resolveu então partir para medidas

mais drásticas. Desde a infância, ela sempre teve a arcada superior dos dentes ligeiramente proeminente,

com leve recessão do queixo e do maxilar. Ela então concordou em fazer uma reestruturação que implicava

em quebrar e reposicionar o maxilar para obtenção de uma simetria mais perfeita. Sua boca tinha sido

fechada com uma armação metálica durante seis semanas para dar tempo à cicatrização da ossatura e

durante esse período ela apenas ingeria líquidos. Quando a armação metálica foi removida sua face estava

lindamente simétrica, com maçãs do rosto acentuadas e sem proeminência do maxilar superior. Ao olhar

uma foto que minha companheira de sala tinha da filha da amiga, eu mesmo não pude ver grande

diferença entre as imagens anterior e posterior à cirurgia.

Depois de haver perdido peso durante semanas por causa da dieta líquida, essa bela jovem começou a

notar que seu corpo não tinha mais as mesmas formas de antes da cirurgia. A realidade era que devido à

perda de peso, seu busto havia perdido o tônus muscular que lhe conferia suas proporções de "modelo".

Entretanto, a percepção que ela tinha era de que se tratava de algo que poderia ser remediado

cirurgicamente, portanto decidiu empreender a retirada de um par de costelas inferiores, para definir mais

sua silhueta e proporções.

O stress resultante dos procedimentos anteriores debilitou o corpo da moça. Ela concluiu que não podia

mais controlar a perda ou ganho de um quilo num lugar ou noutro. Seu corpo passou a perder peso de

modo sistemático e diário. Quando seus pais acordaram para o que estava acontecendo e a hospitalizaram,

já era muito tarde. A amiga da minha colega de trabalho acabara de falecer naquela manhã, não sob

alegação de uma única causa, mas sim, de uma série de complicações pós-cirúrgicas. Essa tinha sido a

mensagem que recebera pela secretária eletrônica depois do almoço.

Talvez você conheça pessoas que passaram por algo semelhante, espero que com desenlaces não tão

extremados assim. Dou esse exemplo com o objetivo de enfatizar um ponto. A jovem dessa história tinha

uma imagem de perfeição aos olhos de sua mente e essa imagem transformou-se em padrão a ser seguido.

Ela manteve-se constantemente na sombra desse ponto de referência, e usou sua imagem mental como

medida de comparação para sua aparência física. Suas crenças lhe diziam que ela era de certo modo

imperfeita, e que suas imperfeições poderiam ser superadas graças aos milagres da tecnologia moderna. O

que aconteceu a essa moça, entretanto, desenrola-se em um nível muito mais profundo do que os

procedimentos usados para corrigir as imperfeições percebidas — iam diretamente ao âmago desse

espelho.

Por que ela sentia que tais extremos eram necessários para seu sucesso? Por que sua família e amigos a

apoiavam nessa busca pela perfeição? Por que razão essa jovem, já naturalmente tão bela, sentia uma

compulsão tão forte para se transformar em outra, diferente de quem era desde que nasceu? Que medos

ficaram tão fortes que ela fez de tudo para mudar a aparência, procurando ser aprovada por outros? Talvez

uma questão maior ainda seja: Que lição podemos tirar de sua experiência? Qual gabarito poderemos usar para

comparar? Qual o ponto de referência que usamos para medir nossos próprios sucessos e fracassos ao

longo da vida?

AS "IMPERFEIÇÕES" SÃO AS PERFEIÇÕES.

Frequentemente conto essa história em meus workshops. Imediatamente depois de contá-la, peço aos

participantes para completarem um gráfico simples onde eles avaliam suas próprias conquistas em áreas

tais como a educacional, romântica, profissional e atlética. O sistema de atribuição de notas compõe-se de

quatro categorias que oscilam desde o "muito bom" até ao "muito ruim". O segredo aqui é que dou a eles

muito pouco tempo para completarem o gráfico. Faço isso por uma razão: a resposta que virá no papel é

menos importante do que o pensamento que a acompanha.

Sejam quais forem as respostas, a realidade é que qualquer coisa inferior à perfeição será o próprio

participante fazendo uma avaliação sobre si mesmo. A única maneira de as pessoas atribuírem notas a elas

mesmas relativas ao sucesso ou fracasso é pela comparação com alguma coisa que esteja além da própria

experiência. E como todos sabem, nós somos nossos críticos mais severos. Por essa razão, esse espelho é

conhecido como nossa maior atitude de compaixão. Trata-se da compaixão por nós mesmos — pelo que

somos e por quem queremos ser.

É por meio do reflexo de nós mesmos que nos pedem para sermos com- passivos quanto à perfeição

que já existe em cada momento da vida. Isso é verdadeiro, não importando como outros possam ver o

momento ou como ele realmente venha a ser. Até colocarmos um significado nosso ao resultado, cada

experiência é simplesmente uma oportunidade para nossa própria expressão... nem mais nem menos do

que isso.

Até que ponto sua vida seria diferente se você permitisse que todas as coisas que você faz fossem

perfeitas, como na realidade elas são, não importando as consequências? Se tudo o que fazemos e criamos é

feito da melhor maneira que podemos, então, até compararmos com alguma outra coisa, como ela poderá

ser menos do que ótima? Se por acaso um projeto profissional, um relacionamento, um compromisso

escolar, não for concluído com a qualidade esperada, sempre poderemos aprender com a experiência feita e

da próxima vez fazer melhor. Na Matriz Divina o que conta é a maneira de nos sentirmos — nosso

desempenho, presença e realizações —, que se reflete em nós como realidade do nosso mundo. Com isso

em mente, a cura mais profunda de nossa vida poderá também ser o nosso maior ato de empatia. É a

bondade que dirigimos a nós mesmos.

ALÉM DOS ESPELHOS

Apesar de existirem outros espelhos que nos mostram segredos ainda mais sutis da nossa verdadeira

natureza, os que apresento aqui são os cinco que possibilitam as maiores curas nos relacionamentos. Nesse

processo, encontramos nosso poder mais verdadeiro para sermos criadores dentro da Matriz Divina. Cada

espelho é um degrau na conquista da capacidade de exercer o domínio em grau mais elevado. Depois de

aprendê-los, não há como "desaprendê-los". Depois de vê-los atuando em sua vida, você não será capaz de

desviar o olhar. Todas as vezes que reconhecer um desses espelhos em uma determinada circunstância, há

boa possibilidade de encontrar o mesmo padrão atuante em outras áreas de sua vida também.

Por exemplo, as questões relativas ao controle, que fazem surgir tantas emoções quando em casa no

ambiente familiar, podem aflorar com intensidade muito menor no momento de regatear com um estranho

o preço de um carro usado. O motivo pelo qual a emoção é mais moderada é explicado pela falta provável

do mesmo grau de intimidade com o vendedor, em comparação com o que existe com relação à família e

aos amigos. Ainda que os padrões sejam menos intensos, eles ainda estão lá. E aí está a beleza do padrão

holográfico de consciência. A determinação que você demonstra ao se relacionar na compra do carro em

uma revenda, com a funcionária do caixa do supermercado ou com o mau garçom no restaurante, acaba

transparecendo no seu relacionamento familiar. E deve acontecer assim, é da própria natureza do

holograma.

Uma vez que o padrão mude em um ambiente, todo relacionamento que use o mesmo padrão será

beneficiado.

As mudanças algumas vezes vêm até nós onde menos esperamos. Se não viessem, provavelmente

nunca diríamos no começo do dia: "Hoje vou enfrentar relacionamentos que vão me mostrar os meus

maiores espelhos nos meus mais profundos julgamentos". Nós simplesmente não pensamos desse jeito! Em

vez disso, as oportunidades de nos curarmos por meio de espelhos frequentemente aparecem enquanto

estamos a caminho do correio ou enchendo os pneus do carro.

Não faz muito tempo encontrei um amigo que tinha desistido da carreira, da família, das amizades e

dos relacionamentos que tinha em outro Estado e mudado para a região inóspita do norte do Novo México.

Perguntei a ele por qual razão ele tinha desistido de tanto para viver no isolamento dos altiplanos do

deserto. Ele começou a me dizer que tinha ido à procura do seu "caminho espiritual". Entretanto,

imediatamente depois, ele me disse que não tinha sido capaz de começar nada porque nada estava dando

certo. Ele estava tendo problemas com a família, com os planos de negócios e até mesmo com os empreiteiros que estavam construindo sua nova casa "espiritual". Sua frustração era óbvia. Ouvindo sua

história sugeri uma interpretação com o intuito de ajudá-lo.

Meu ponto de vista é que somos incapazes de algo que não seja a vida espiritual. Em outras palavras,

como somos espírito, somos capazes de ter apenas experiências espirituais. Independentemente da

aparência que a vida possa ter, acredito que tudo o que empreendemos e todos os nossos caminhos estão

nos levando para o mesmo lugar. A partir dessa crença, as atividades diárias não podem ser separadas da

nossa evolução espiritual — elas são nossa evolução espiritual!

Eu me virei para meu amigo e sugeri que talvez todos os desafios da vida dele no momento se

resumissem no seu caminho espiritual. Ainda que essa obviamente não fosse a resposta esperada, ele ficou

curioso sobre o que eu queria dizer. Sua ideia era de que a espiritualidade seria alcançada pela vida

solitária em calma contemplação todos os dias.

Eu esclareci melhor minhas crenças explicando que, apesar disso tudo poder ser parte da vida, o modo

de resolver os desafios que ele enfrentava poderia ser, precisamente, o caminho que ele estava prestes a

explorar. Devolvendo meu olhar com um ar surpreso no rosto enquanto nos despedíamos, ele simplesmente respondeu: "Talvez seja!"