NOSSOS MAIORES MEDOS.
NOSSOS MAIORES MEDOS. |
O propósito da Noite Escura da Alma é nos fazer passar pela cura de nossos grandes medos. Uma coisa |
realmente curiosa a respeito da "noite escura" é que, como os medos mudam conforme a pessoa, uma |
experiência assustadora para algumas poderá significar uma banalidade para outras. Por exemplo, Gerald |
havia admitido que seu pior medo era ser deixado por conta de si mesmo. Um pouco mais cedo, no mesmo |
dia, uma mulher havia me dito que sua maior alegria era "ficar sozinha". |
Não é incomum que alguém que tenha medo de estar só torne-se mestre em arranjar relacionamentos |
em que possa justamente viver tal medo. Por exemplo, Gerald havia narrado romances, empregos e |
amizades no passado que jamais poderiam ter sido duradouros! Mas, mesmo assim, quando cada umas |
dessas situações terminava ele dizia que o relacionamento tinha "fracassado". Na realidade, tinham sido tão |
bem-sucedidos que cada um deles havia permitido que seu maior medo, o de ficar sozinho, viesse a |
acontecer. Como ele nunca tinha se curado e nem mesmo reconhecido os padrões que pautavam sua vida |
antes, ele se colocava em situações em que seu medo se tornava cada vez menos sutil. Finalmente as coisas |
tinham chegado a um ponto em que suas emoções eram tão fortes que ele precisava dar atenção a elas, |
antes que pudesse prosseguir. |
Ainda que possamos passar por muitas noites escuras da alma ao longo da vida, a primeira, |
geralmente, é a mais sofrida. E frequentemente é também a mais poderosa agente de mudança. Depois que |
compreendemos por que estamos tão feridos, a experiência começa a assumir um novo significado. Ao |
reconhecermos a sinalização do caminho da Noite Escura, podemos dizer: "Ah!... Conheço esse padrão! |
Sim, sem dúvida, trata-se da Noite Escura da Alma, tudo certo. Bom, e agora, o que é mesmo que devo |
aprender nessa situação?" |
Conheço pessoas que ficam tão fortes depois de aprenderem a resolver o episódio da Noite Escura, que |
praticamente desafiam o universo que os submetam à próxima prova! Fazem isso porque simplesmente |
sabem que, se conseguiram sobreviver ao primeiro, poderão superar qualquer coisa. Só quando temos tais |
experiências sem compreender o que elas significam, ou porque estamos passando por elas, é que ficamos |
bloqueados anos, ou até a vida inteira, presos a um padrão que literalmente pode roubar o que mais |
prezamos ... tal como nossa própria vida. |
QUINTO ESPELHO: REFLEXOS DO NOSSO MAIOR ATO DE COMPAIXÃO. |
"A pedra que os pedreiros rejeitaram, tornou-se agora a pedra angular"6 — Evangelho de Tome |
No final da década de 1980, meu escritório ficava em um edifício de vários pavimentos nas colinas de |
Denver. Embora o edifício fosse enorme, o fim da Guerra Fria e os cortes governamentais fizeram com que |
a companhia onde eu trabalhava cortasse funcionários e se reorganizasse. Como outras divisões da |
companhia também tinham se mudado para o edifício, o espaço era muito limitado. Eu compartilhava |
minha sala com outra pessoa, uma mulher que executava uma função inteiramente diferente da minha no |
departamento. Não havia competição nem responsabilidades comuns, e rapidamente nos tornamos bons |
amigos, trocávamos histórias sobre nossos fins de semana com a família, amigos e falávamos sobre as |
alegrias e tristezas da vida fora da companhia. |
Um dia, tínhamos acabado de voltar do almoço e ela ouvia as mensagens gravadas no seu correio de |
voz enquanto estávamos ausentes. Pelo canto do olho, eu a vi ficar paralisada, sentando-se com um olhar |
vidrado nos olhos. Seu rosto ficou totalmente branco com realce apenas da maquilagem dos lábios e face. |
Depois que ela desligou, aguardei um pouco para que ela se recompusesse e perguntei o que tinha |
acontecido. Ela me olhou e narrou uma história ao mesmo tempo pungente e triste. |
Um de seus amigos tinha uma filha jovem com uma combinação muito invejada de qualidades que |
cultivava desde a infância: beleza, habilidades de ginasta e talento artístico. Quando a garota cresceu, |
buscou uma forma de combinar todos os seus atributos em uma carreira única e decidiu ser modelo. A |
família apoiou sua decisão e prestou-lhe ajuda de todas as maneiras possíveis para que ela realizasse seus |
sonhos. Quando ela distribuiu o seu portfólio, algumas agências responderam com entusiasmo. Ela |
começou a receber ofertas de viagens, cursos e muito mais apoio do que imaginara ser possível. Para todos |
parecia que não faltava mais nada, coisa alguma poderia ser melhor na vida dela. |
Entretanto, em um nível sutil e quase imperceptível, os que realmente a conheciam podiam sentir que |
alguma coisa estava mudando. Seu estado de espírito dava margem a preocupações. As agências para |
quem ela trabalhava buscavam um determinado tipo de aparência na mulher que desejavam promover. |
Conquanto a moça fosse dona de uma beleza toda especial, não era o tipo que as agências estavam |
procurando no final dos anos 80. Sentindo-se compelida a conseguir o tipo físico que a indústria queria, |
pediu que a família a ajudasse a fazer uma série de procedimentos estéticos que achava que podiam |
moldar seu corpo até alcançar o tipo desejado. |
Começou com o mais óbvio dos melhoramentos, a cirurgia plástica. Ainda que tivesse chegado mais |
perto da meta, ainda não obtivera realmente a aparência que queria; resolveu então partir para medidas |
mais drásticas. Desde a infância, ela sempre teve a arcada superior dos dentes ligeiramente proeminente, |
com leve recessão do queixo e do maxilar. Ela então concordou em fazer uma reestruturação que implicava |
em quebrar e reposicionar o maxilar para obtenção de uma simetria mais perfeita. Sua boca tinha sido |
fechada com uma armação metálica durante seis semanas para dar tempo à cicatrização da ossatura e |
durante esse período ela apenas ingeria líquidos. Quando a armação metálica foi removida sua face estava |
lindamente simétrica, com maçãs do rosto acentuadas e sem proeminência do maxilar superior. Ao olhar |
uma foto que minha companheira de sala tinha da filha da amiga, eu mesmo não pude ver grande |
diferença entre as imagens anterior e posterior à cirurgia. |
Depois de haver perdido peso durante semanas por causa da dieta líquida, essa bela jovem começou a |
notar que seu corpo não tinha mais as mesmas formas de antes da cirurgia. A realidade era que devido à |
perda de peso, seu busto havia perdido o tônus muscular que lhe conferia suas proporções de "modelo". |
Entretanto, a percepção que ela tinha era de que se tratava de algo que poderia ser remediado |
cirurgicamente, portanto decidiu empreender a retirada de um par de costelas inferiores, para definir mais |
sua silhueta e proporções. |
O stress resultante dos procedimentos anteriores debilitou o corpo da moça. Ela concluiu que não podia |
mais controlar a perda ou ganho de um quilo num lugar ou noutro. Seu corpo passou a perder peso de |
modo sistemático e diário. Quando seus pais acordaram para o que estava acontecendo e a hospitalizaram, |
já era muito tarde. A amiga da minha colega de trabalho acabara de falecer naquela manhã, não sob |
alegação de uma única causa, mas sim, de uma série de complicações pós-cirúrgicas. Essa tinha sido a |
mensagem que recebera pela secretária eletrônica depois do almoço. |
Talvez você conheça pessoas que passaram por algo semelhante, espero que com desenlaces não tão |
extremados assim. Dou esse exemplo com o objetivo de enfatizar um ponto. A jovem dessa história tinha |
uma imagem de perfeição aos olhos de sua mente e essa imagem transformou-se em padrão a ser seguido. |
Ela manteve-se constantemente na sombra desse ponto de referência, e usou sua imagem mental como |
medida de comparação para sua aparência física. Suas crenças lhe diziam que ela era de certo modo |
imperfeita, e que suas imperfeições poderiam ser superadas graças aos milagres da tecnologia moderna. O |
que aconteceu a essa moça, entretanto, desenrola-se em um nível muito mais profundo do que os |
procedimentos usados para corrigir as imperfeições percebidas — iam diretamente ao âmago desse |
espelho. |
Por que ela sentia que tais extremos eram necessários para seu sucesso? Por que sua família e amigos a |
apoiavam nessa busca pela perfeição? Por que razão essa jovem, já naturalmente tão bela, sentia uma |
compulsão tão forte para se transformar em outra, diferente de quem era desde que nasceu? Que medos |
ficaram tão fortes que ela fez de tudo para mudar a aparência, procurando ser aprovada por outros? Talvez |
uma questão maior ainda seja: Que lição podemos tirar de sua experiência? Qual gabarito poderemos usar para |
comparar? Qual o ponto de referência que usamos para medir nossos próprios sucessos e fracassos ao |
longo da vida? |
AS "IMPERFEIÇÕES" SÃO AS PERFEIÇÕES. |
Frequentemente conto essa história em meus workshops. Imediatamente depois de contá-la, peço aos |
participantes para completarem um gráfico simples onde eles avaliam suas próprias conquistas em áreas |
tais como a educacional, romântica, profissional e atlética. O sistema de atribuição de notas compõe-se de |
quatro categorias que oscilam desde o "muito bom" até ao "muito ruim". O segredo aqui é que dou a eles |
muito pouco tempo para completarem o gráfico. Faço isso por uma razão: a resposta que virá no papel é |
menos importante do que o pensamento que a acompanha. |
Sejam quais forem as respostas, a realidade é que qualquer coisa inferior à perfeição será o próprio |
participante fazendo uma avaliação sobre si mesmo. A única maneira de as pessoas atribuírem notas a elas |
mesmas relativas ao sucesso ou fracasso é pela comparação com alguma coisa que esteja além da própria |
experiência. E como todos sabem, nós somos nossos críticos mais severos. Por essa razão, esse espelho é |
conhecido como nossa maior atitude de compaixão. Trata-se da compaixão por nós mesmos — pelo que |
somos e por quem queremos ser. |
É por meio do reflexo de nós mesmos que nos pedem para sermos com- passivos quanto à perfeição |
que já existe em cada momento da vida. Isso é verdadeiro, não importando como outros possam ver o |
momento ou como ele realmente venha a ser. Até colocarmos um significado nosso ao resultado, cada |
experiência é simplesmente uma oportunidade para nossa própria expressão... nem mais nem menos do |
que isso. |
Até que ponto sua vida seria diferente se você permitisse que todas as coisas que você faz fossem |
perfeitas, como na realidade elas são, não importando as consequências? Se tudo o que fazemos e criamos é |
feito da melhor maneira que podemos, então, até compararmos com alguma outra coisa, como ela poderá |
ser menos do que ótima? Se por acaso um projeto profissional, um relacionamento, um compromisso |
escolar, não for concluído com a qualidade esperada, sempre poderemos aprender com a experiência feita e |
da próxima vez fazer melhor. Na Matriz Divina o que conta é a maneira de nos sentirmos — nosso |
desempenho, presença e realizações —, que se reflete em nós como realidade do nosso mundo. Com isso |
em mente, a cura mais profunda de nossa vida poderá também ser o nosso maior ato de empatia. É a |
bondade que dirigimos a nós mesmos. |
ALÉM DOS ESPELHOS |
Apesar de existirem outros espelhos que nos mostram segredos ainda mais sutis da nossa verdadeira |
natureza, os que apresento aqui são os cinco que possibilitam as maiores curas nos relacionamentos. Nesse |
processo, encontramos nosso poder mais verdadeiro para sermos criadores dentro da Matriz Divina. Cada |
espelho é um degrau na conquista da capacidade de exercer o domínio em grau mais elevado. Depois de |
aprendê-los, não há como "desaprendê-los". Depois de vê-los atuando em sua vida, você não será capaz de |
desviar o olhar. Todas as vezes que reconhecer um desses espelhos em uma determinada circunstância, há |
boa possibilidade de encontrar o mesmo padrão atuante em outras áreas de sua vida também. |
Por exemplo, as questões relativas ao controle, que fazem surgir tantas emoções quando em casa no |
ambiente familiar, podem aflorar com intensidade muito menor no momento de regatear com um estranho |
o preço de um carro usado. O motivo pelo qual a emoção é mais moderada é explicado pela falta provável |
do mesmo grau de intimidade com o vendedor, em comparação com o que existe com relação à família e |
aos amigos. Ainda que os padrões sejam menos intensos, eles ainda estão lá. E aí está a beleza do padrão |
holográfico de consciência. A determinação que você demonstra ao se relacionar na compra do carro em |
uma revenda, com a funcionária do caixa do supermercado ou com o mau garçom no restaurante, acaba |
transparecendo no seu relacionamento familiar. E deve acontecer assim, é da própria natureza do |
holograma. |
Uma vez que o padrão mude em um ambiente, todo relacionamento que use o mesmo padrão será |
beneficiado. |
As mudanças algumas vezes vêm até nós onde menos esperamos. Se não viessem, provavelmente |
nunca diríamos no começo do dia: "Hoje vou enfrentar relacionamentos que vão me mostrar os meus |
maiores espelhos nos meus mais profundos julgamentos". Nós simplesmente não pensamos desse jeito! Em |
vez disso, as oportunidades de nos curarmos por meio de espelhos frequentemente aparecem enquanto |
estamos a caminho do correio ou enchendo os pneus do carro. |
Não faz muito tempo encontrei um amigo que tinha desistido da carreira, da família, das amizades e |
dos relacionamentos que tinha em outro Estado e mudado para a região inóspita do norte do Novo México. |
Perguntei a ele por qual razão ele tinha desistido de tanto para viver no isolamento dos altiplanos do |
deserto. Ele começou a me dizer que tinha ido à procura do seu "caminho espiritual". Entretanto, |
imediatamente depois, ele me disse que não tinha sido capaz de começar nada porque nada estava dando |
certo. Ele estava tendo problemas com a família, com os planos de negócios e até mesmo com os empreiteiros que estavam construindo sua nova casa "espiritual". Sua frustração era óbvia. Ouvindo sua |
história sugeri uma interpretação com o intuito de ajudá-lo. |
Meu ponto de vista é que somos incapazes de algo que não seja a vida espiritual. Em outras palavras, |
como somos espírito, somos capazes de ter apenas experiências espirituais. Independentemente da |
aparência que a vida possa ter, acredito que tudo o que empreendemos e todos os nossos caminhos estão |
nos levando para o mesmo lugar. A partir dessa crença, as atividades diárias não podem ser separadas da |
nossa evolução espiritual — elas são nossa evolução espiritual! |
Eu me virei para meu amigo e sugeri que talvez todos os desafios da vida dele no momento se |
resumissem no seu caminho espiritual. Ainda que essa obviamente não fosse a resposta esperada, ele ficou |
curioso sobre o que eu queria dizer. Sua ideia era de que a espiritualidade seria alcançada pela vida |
solitária em calma contemplação todos os dias. |
Eu esclareci melhor minhas crenças explicando que, apesar disso tudo poder ser parte da vida, o modo |
de resolver os desafios que ele enfrentava poderia ser, precisamente, o caminho que ele estava prestes a |
explorar. Devolvendo meu olhar com um ar surpreso no rosto enquanto nos despedíamos, ele simplesmente respondeu: "Talvez seja!" |