P A R T E 1
P A R T E 1 |
DESCOBRINDO A MATRIZ DIVINA: |
O MISTÉRIO QUE UNE TODAS AS COISAS. |
O QUE EXISTE NO ESPAÇO EM VOLTA? RESPOSTA: A MATRIZ DIVINA |
"A ciência não pode resolver |
o derradeiro mistério da natureza. |
E isso porque, em última análise, ! |
nós mesmos somos [...] parte do ; |
mistério que tentamos resolver." \ |
— Max Planck (1858-1947), físico j |
"Quando nos compreendemos, |
quando compreendemos j |
a nossa consciência, \ |
compreendemos também o universo t |
e a separação desaparece." |
— Amit Goswami, físico | |
xiste um lugar onde todas as coisas começam, um lugar de pura energia, que |
simplesmente "é". Nessa incubadora quântica da realidade, todas as coisas são possíveis. |
Nosso sucesso pessoal, nossa abundância, a cura de nossas falhas, nossas carências e |
doenças, nossos maiores medos e desejos mais profundos, absolutamente tudo tem início nesse "caldo" |
potencial. |
Por meio dos construtores da realidade: fantasias, expectativas, ponderações, paixões e preces, |
galvanizamos cada possibilidade na existência. Ao professar as crenças sobre quem somos, o que temos e o |
que não temos, o que deveríamos ser e o que não deveríamos ser, insuflamos vida nas nossas maiores |
alegrias, mas também em nossos mais negros momentos. |
O princípio para dominar esse lugar de pura energia é ter o conhecimento de que ele existe, |
compreender seu funcionamento e usar uma linguagem que seja reconhecível. Como arquitetos da |
realidade, tudo fica à nossa disposição nesse local onde o mundo começa: o espaço puro da Matriz Divina. |
Princípio 1: A Matriz Divina é o receptáculo que contém o universo, a ponte que interliga tudo e o |
espelho que mostra todas as nossas criações. |
A última coisa que eu esperava ver em um final de tarde de outubro, ao escalar uma trilha remota em |
Four Corners no noroeste do Novo México, era um dos guardiões das tradições americanas nativas |
andando em minha direção nesse mesmo caminho. Mas lá estava ele, de pé no topo da pequena rampa que |
nos separava na medida em que nossos caminhos convergiam. |
Não sei bem desde quando ele estava ali. No momento em que o vi ele aguardava minha chegada, |
olhava-me enquanto eu escolhia meu passo entre as pedras soltas da trilha. A luminosidade do fim de |
tarde ensombrava profundamente a silhueta do corpo do homem. Quando ergui a mão para bloquear a luz |
do sol dos meus olhos, vislumbrei mechas de seu cabelo comprido até os ombros e soprando pela face. |
Ele parecia tão surpreso em me ver quanto eu em vê-lo. Protegendo o som com as mãos em concha em |
volta da boca, ele gritou: "Olá!" |
"Olá", respondi. "Não esperava encontrar ninguém aqui a esta hora do dia." Aproximando-me, |
perguntei: "Há quanto tempo você estava me observando?" |
"Não fazia muito tempo", ele disse. "Vim até aqui para ouvir as vozes dos meus ancestrais vinda dessas |
cavernas", falou enquanto apontava para o lado oposto do cânion. |
O caminho em que estávamos dava voltas em torno de uma série de locais arqueológicos construídos |
há cerca de onze séculos por uma tribo misteriosa. Ninguém sabia de onde tinham vindo nem quem eram |
eles. Sem evidência alguma da evolução de suas habilidades ao longo do tempo, essas pessoas chamadas |
pelos nativos modernos simplesmente de "os antigos" apareceram em um momento da história trazendo a |
mais avançada tecnologia que jamais seria vista na América do Norte durante os mil anos seguintes. |
Dos edifícios de quatro andares e perfeitas câmaras kivas (estruturas cerimoniais arredondadas) |
subterrâneas, aos amplos sistemas de irrigação e colheitas sofisticados, que garantiam o sustento da |
população, o lugar parecia ter surgido do nada num belo dia. E, de repente, os que o tinham construído |
foram embora — simplesmente desapareceram. |
Os antigos nos deixaram preciosas pistas para nos dizer quem eles eram. Com exceção da arte rupestre |
nas paredes do cânion, nunca foram encontrados registros históricos sobre o fato. Não existem locais de |
E |
cemitérios coletivos, de cremações nem cenários de guerras passadas. Ainda assim, as provas são visíveis: |
centenas de antigas habitações ao longo de uma garganta de dezoito quilômetros de comprimento por dois |
de largura, no canto remoto de um cânion desolado no noroeste do Novo México. |
Eu já havia estado nesse lugar outras vezes para caminhar, imerso na estranha beleza dessa desolação |
aberta, e para sentir o passado. Nesse entardecer de outubro, tanto o nativo quanto eu havíamos chegado |
ao meio do deserto no mesmo dia e pela mesma razão. Enquanto trocávamos ideias sobre os segredos que |
o lugar ainda escondia, meu novo amigo me contou uma história. |
UMA VEZ, HÁ MUITOS ANOS... |
"Há muitos anos, o mundo era bem diferente do nosso mundo de hoje em dia", começou o nativo, |
guardião da sabedoria. "Existiam menos pessoas, vivíamos mais perto da terra. As pessoas entendiam a |
linguagem da chuva, as colheitas e o Grande Criador. Sabiam até mesmo como falar com as estrelas e os |
povos do céu. Estavam cientes de que a vida é sagrada, e que ela vinha do casamento da Mãe Terra com o |
Pai Céu. Era uma época em que tudo estava em equilíbrio, as pessoas eram felizes." |
Senti alguma coisa muito antiga crescendo dentro de mim enquanto ouvia ecoando a calma voz do |
homem pelo arenito das paredes rochosas em volta. De repente, sua voz ficou triste. |
"Então alguma coisa aconteceu", ele disse. "Ninguém realmente sabe o porquê, mas as pessoas |
começaram a se esquecer de quem eram. Ao se esquecerem, começaram a se sentir separadas — separadas |
da terra, separadas umas das outras e até mesmo de quem as havia criado. Ficaram perdidas, vagando pela |
vida, sem nenhuma direção ou destino. Nesse estado de segregação acreditavam que deviam lutar para |
sobreviver aqui neste mundo, para defender-se das mesmas forças que lhes concederam a vida, que tinham |
aprendido a viver com tanta harmonia e confiança. Logo passaram a se proteger energicamente do mundo |
em que viviam, em vez de viverem em paz com o mundo que estava dentro deles." |
Imediatamente a história que ele contava encontrou ressonância em mim. Enquanto ouvia, eu |
identificava a descrição perfeita de como procedem os seres humanos hoje em dia! Nossa civilização, sem |
sombra de dúvida, focaliza mais o mundo em nossa volta do que o nosso mundo interior, com exceção de |
poucas culturas isoladas e de alguns remotos bolsões de tradições, ainda remanescentes. |
Gastamos centenas de milhões de dólares todos os anos defendendo-nos de doenças e tentando |
controlar a natureza. Ao fazermos isso, com toda probabilidade ficamos ainda mais desgarrados de uma |
posição de equilíbrio com o mundo natural. O guardião da sabedoria havia conquistado a minha atenção |
— a questão agora era: para onde ele ia levando tal história? |
"Ainda que eles tenham esquecido quem eram, intimamente a dádiva de seus ancestrais continuava |
existindo", ele prosseguiu. "Ainda havia uma memória vivendo dentro deles. Durante a noite, dormiam e |
sonhavam que ainda tinham o poder da cura corporal, de fazer chover quando necessário e de falar com os |
ancestrais. Sabiam que, de algum modo, poderiam encontrar, uma vez mais, seu antigo lugar no mundo |
natural. |
"Enquanto tentavam se lembrar de quem eram, começaram a construir coisas externas para se |
lembrarem das internas, para se recordarem quem realmente eram, intimamente. Com o passar do tempo |
chegaram até a construir máquinas de curar, fabricar produtos químicos para fertilizar seus plantios, e |
esticar fios para se comunicarem a longas distâncias. Quanto mais se distanciavam de seus poderes |
interiores, mais atravancadas sua vida ficava com as coisas que eles acreditavam que iam torná-los mais |
felizes." |
Enquanto escutava, eu percebia o paralelo inconfundível entre a narração sobre essas pessoas e a nossa |
civilização de hoje. Nossa civilização ficou impregnada de sentimentos de impotência quanto a nos prestar |
ajuda ou fazer um mundo melhor. Com bastante frequência sentimo-nos desamparados ao vermos pessoas |
queridas aprisionadas aos grilhões da dor ou na dependência dos vícios. Acreditamos não ter poder para |
minorar o sofrimento causado por doenças horríveis, que nenhum ser vivo deveria ser obrigado a |
enfrentar. Podemos esperar apenas pela paz que resgatará nossos entes queridos e os trará de volta dos |
campos de batalha estrangeiros. E também sentimo-nos insignificantes na presença de uma ameaça nuclear |
crescente, enquanto o mundo cerra fileiras dividindo-se nas várias crenças religiosas, hereditariedades e |
fronteiras. |
Aparentemente, quanto mais desgarrados ficamos de nossas relações naturais com a terra, com nosso |
corpo, uns dos outros e de Deus, mais vazios nos tornamos. Tão vazios assim, empenhamo-nos na luta |
para preencher nosso vácuo íntimo com "coisas". Observando o mundo a partir dessa perspectiva, não |
posso deixar de pensar sobre dilema semelhante levado ao cinema pelo filme de ficção científica Contato. O |
consultor para temas de ciência do presidente dos Estados Unidos, representado pelo ator Matthew |
McConaughey, explora a questão fundamental enfrentada por todas as sociedades tecnológicas. Durante |
uma entrevista de televisão, ele indaga se nossa sociedade melhorou com os avanços tecnológicos. Teriam |
eles nos aproximado uns dos outros ou feito com que ficássemos mais separados? A questão acaba não |
sendo realmente respondida no filme, e um tópico desses poderia, sozinho, ser tema de um livro inteiro. |