Sempre a matéria, nunca a mente? Sempre a
Sempre a matéria, nunca a mente? Sempre a |
mente, nunca a matéria? |
Ligar os pontos entre o mundo físico exterior do observável e o mundo |
mental interior do pensamento sempre representou um desafio aos |
cientistas e aos filósofos. Ainda hoje, para muitos de nós, a mente parece |
ter pouco ou nenhum efeito mensurável no mundo material. Embora |
provavelmente concordemos que o mundo material produz consequências |
que afetam nossa mente, como é possível nossa mente produzir quaisquer |
mudanças físicas que afetem as coisas sólidas em nossa vida? Mente e |
matéria parecem estar separadas… isto é, a menos que haja uma mudança |
em nosso entendimento sobre como as coisas sólidas e físicas de fato |
existem. |
Bem, houve essa mudança, e para remontar a seus primórdios não |
temos que retroceder muito. Durante uma grande parte do que os |
historiadores consideram os tempos modernos, a humanidade acreditou |
que a natureza do universo era ordenada e, portanto, previsível e |
explicável. Considere o matemático e filósofo René Descartes, do século |
17, que desenvolveu muitos conceitos que ainda têm grande relevância |
para a matemática e outros campos (penso, logo existo evoca alguma |
coisa?). Em retrospectiva, no entanto, uma de suas teorias no fim causou |
mais mal do que bem. Descartes foi um proponente do modelo mecânico |
do universo – uma visão de que o universo é controlado por leis |
previsíveis. |
No que se refere ao pensamento humano, Descartes enfrentou um real |
desafio – a mente humana possuía variáveis demais para se encaixar |
adequadamente em qualquer lei. Como não conseguia unificar seu |
entendimento do mundo físico com o entendimento da mente, mas tinha |
de explicar ambos, Descartes jogou um elegante jogo mental (trocadilho |
intencional). Ele disse que a mente não estava sujeita às leis do mundo |
físico objetivo; por isso, situava-se totalmente fora das fronteiras da |
investigação científica. O estudo da matéria era a jurisdição da ciência |
(sempre a matéria, nunca a mente) – enquanto a mente era um instrumento |
de Deus; por isso, seu estudo cabia à religião (sempre a mente, nunca a |
matéria). |
Essencialmente, Descartes deu início a um sistema de crença que |
impôs uma dualidade entre os conceitos de mente e matéria. Por séculos |
essa divisão manteve-se como o entendimento aceito da natureza da |
realidade. |
Ajudando a perpetuar as convicções de Descartes, houve as |
experiências e teorias de Sir Isaac Newton. O cientista e matemático |
inglês não apenas solidificou o conceito do universo como uma máquina, |
mas produziu um conjunto de leis estabelecendo que os seres humanos |
poderiam determinar, calcular e prever com precisão os meios ordenados |
nos quais o mundo físico operaria. |
De acordo com o modelo newtoniano de física “clássica”, todas as |
coisas são consideradas sólidas. Por exemplo, a energia poderia ser |
explicada como uma força para mover objetos ou para mudar o estado |
físico da matéria. Mas, como você verá, a energia é muito mais do que |
uma força externa exercida sobre coisas materiais. A energia é o próprio |
tecido de todas as coisas materiais e reage à mente. |
Por extensão, o trabalho de Descartes e Newton estabeleceu uma |
mentalidade de que, se a realidade opera sob princípios mecânicos, então a |
humanidade tem pouca influência nos resultados. Toda a realidade é |
predeterminada. Dada essa perspectiva, seria de surpreender que os seres |
humanos lutassem contra a ideia de que suas ações importavam, que dirá |
cogitassem a noção de que seus pensamentos importavam ou que o livrearbítrio desempenhava qualquer papel no grande esquema das coisas? |
Muitos de nós ainda hoje não trabalham (subconsciente ou |
conscientemente) sob a premissa de que nós humanos geralmente não |
passamos de vítimas? |
Considerando que essas apreciadas crenças predominaram por séculos, |
foi preciso um pensamento revolucionário para confrontar Descartes e |
Newton. |
Einstein: bagunçando não só o coreto – |
bagunçando o universo |
Cerca de duzentos anos depois de Newton, Albert Einstein criou sua |
famosa equação E = mc |
2, demonstrando que energia e matéria estão tão |
fundamentalmente correlacionadas que são a mesma e única coisa. |
Essencialmente, seu trabalho mostrou que matéria e energia são |
inteiramente intercambiáveis. Isso contradisse diretamente Newton e |
Descartes e introduziu um novo entendimento sobre o funcionamento do |
universo. |
Einstein não esfarelou nossa visão anterior da natureza da realidade |
sozinho. Mas minou sua fundação, e isso levou ao colapso de algumas de |
nossas formas tacanhas e rígidas de pensar. Suas teorias deram início à |
exploração do comportamento enigmático da luz. Os cientistas então |
observaram que a luz às vezes se comporta como uma onda (quando |
circunda um canto, por exemplo) e em outras vezes se comporta como |
uma partícula. Como a luz poderia ser tanto uma onda como uma |
partícula? De acordo com a perspectiva de Descartes e Newton, não |
poderia – um fenômeno tinha de ser uma coisa ou outra. |
Rapidamente ficou claro que o modelo dualístico |
cartesiano/newtoniano falhava no nível mais básico de todos: o |
subatômico (subatômico refere-se aos componentes – elétrons, prótons, |
nêutrons etc. – formadores dos átomos, que constituem todas as coisas |
físicas). Os componentes mais fundamentais do chamado mundo físico são |
as ondas (energia) e as partículas (matéria física), dependendo da mente |
do observador (voltaremos a esse ponto). Para entender como o mundo |
funciona, temos que examinar seus componentes mais diminutos. |
Assim, a partir desses experimentos específicos, nasceu um novo |
campo da ciência, denominado física quântica. |
O chão sólido em que pisamos… só que não |
Essa mudança foi uma completa reinterpretação do mundo em que |
pensávamos viver e levou à proverbial puxada de tapete sob nossos pés – |
pés que costumávamos pensar que estavam plantados em chão sólido. |
Como assim? Recorde aqueles antigos modelos de átomo feitos com |
palitos de dente e bolas de isopor. Antes da física quântica, as pessoas |
acreditavam que um átomo era composto de um núcleo relativamente |
sólido com objetos menores e menos substanciais localizados ao redor. A |
própria ideia de que com um instrumento suficientemente poderoso |
poderíamos medir (calcular a massa) e contar (numerar) as partículas |
subatômicas que formavam um átomo fazia com que eles parecessem tão |
inertes como vacas pastando no campo. Os átomos pareciam ser feitos de |
material sólido, certo? |
Nada poderia estar mais distante da verdade, conforme revelou o modelo |
quântico. Os átomos são basicamente espaço vazio; os átomos são energia. |
Pense nisso: todas as coisas físicas de nossa vida não são matéria sólida – |
são, isso sim, campos de energia ou padrões de frequência de informação. |
Toda a matéria é mais “coisa nenhuma” (energia) do que “alguma coisa” |
(partículas). |
Outro enigma: partículas subatômicas e objetos |
maiores jogam com regras diferentes |
Mas só isso não bastava para explicar a natureza da realidade. Einstein e |
outros tinham mais um enigma para solucionar – a matéria nem sempre |
parecia se comportar da mesma maneira. Quando os físicos começaram a |
observar e medir o mundo diminuto do átomo, notaram que, no nível |
subatômico, os elementos fundamentais do átomo não obedeciam às leis |
da física clássica da mesma forma que os objetos maiores. |
Os eventos envolvendo objetos no mundo “amplo” eram previsíveis, |
reproduzíveis e consistentes. Quando a lendária maçã caiu de uma árvore e |
moveu-se na direção do centro da Terra até colidir com a cabeça de |
Newton, sua massa acelerou-se com uma força constante. Mas os elétrons, |
como partículas, comportavam-se de modo imprevisível, incomum. |
Quando interagiam com o núcleo do átomo e moviam-se na direção de seu |
centro, ganhavam e perdiam energia, apareciam e desapareciam e |
pareciam exibir-se por toda parte, alheios às fronteiras de tempo e espaço. |
Será que o mundo das partículas e dos objetos maiores opera sob |
conjuntos de regras muito diferentes? Visto que partículas subatômicas |
como os elétrons eram os blocos de construção de tudo na natureza, como |
poderiam estar sujeitos a um conjunto de regras e as coisas que formavam |
se comportarem segundo um outro conjunto de regras? |
Da matéria à energia: as partículas executam o |
derradeiro ato de desaparecimento |
No nível dos elétrons, os cientistas conseguem medir características |
dependentes da energia, como comprimento de onda, potenciais de tensão |
e afins, mas essas partículas têm uma massa tão infinitesimalmente |
pequena e que existe tão temporariamente que é quase inexistente. |
Isso é que torna o mundo subatômico singular. Ele possui não apenas |
qualidades físicas, mas também qualidades energéticas. Na verdade, a |
matéria no nível subatômico existe como um fenômeno momentâneo. Ela |
é tão elusiva que aparece e desaparece constantemente, aparecendo em três |
dimensões (no tempo e no espaço) e desaparecendo no nada (no campo |
quântico, sem espaço, sem tempo), transformando-se de partícula |
(matéria) em onda (energia) e vice-versa. Mas para onde vão as partículas |
quando desaparecem sem deixar vestígio? |
A criação da realidade: a energia responde à |
atenção consciente |
Considere novamente aquele modelo de composição do átomo da escola, |
feito com palitos de dente e bolas de isopor. Naquele tempo não fomos |
induzidos a acreditar que os elétrons orbitavam o núcleo como os planetas |
ao redor do Sol? Sendo assim, poderíamos indicar suas localizações, não |
é? A resposta é sim, de certa maneira, mas o motivo não é absolutamente o |
que pensávamos. |
O que os físicos quânticos descobriram foi que a pessoa que observa |
(ou mede) as partículas diminutas que compõem os átomos afeta o |
comportamento da energia e da matéria. Experimentos quânticos |
demonstraram que os elétrons existem simultaneamente em um leque |
infinito de possibilidades ou probabilidades em um campo invisível de |
energia. Mas apenas quando um observador foca a atenção em alguma |
localização de algum elétron, o elétron aparece. Em outras palavras, uma |
partícula não pode manifestar-se na realidade – ou seja, no espaço/tempo |
ordinário como o conhecemos – até que a observemos.1 |
Os físicos quânticos denominam esse fenômeno de “colapso da função |
de onda” ou de “efeito do observador”. Agora sabemos que, no momento |
em que o observador procura um elétron, há um ponto específico no tempo |
e no espaço onde todas as probabilidades do elétron colapsam em um |
evento físico. Com essa descoberta, mente e matéria não podem mais ser |
consideradas elementos separados; estão intrinsecamente relacionadas, |
pois a mente subjetiva produz mudanças mensuráveis no mundo físico, |
objetivo. |
Você está começando a ver por que este capítulo é intitulado “O você |
quântico”? No nível subatômico, a energia responde à sua atenção |
consciente e se torna matéria. Como sua vida mudaria se você aprendesse |
a direcionar o efeito do observador e colapsasse ondas infinitas de |
probabilidade na realidade de sua preferência? Você poderia melhorar a |
observação da vida que deseja? |
Um número infinito de possíveis realidades |
aguarda o observador |
Pondere o seguinte: todas as coisas do universo físico são compostas de |
partículas subatômicas como os elétrons. Por sua própria natureza, essas |
partículas, quando existem como puro potencial, estão em seus estados de |
onda enquanto não estão sendo observadas. São potencialmente “todas as |
coisas” e “coisa nenhuma” até serem observadas. Existem em toda parte e |
em parte alguma até serem observadas. Assim, todas as coisas em nossa |
realidade física existem como puro potencial. |
Se as partículas subatômicas podem existir em um número infinito de |
possíveis locais simultaneamente, somos potencialmente capazes de |
colapsar em existência um número infinito de possíveis realidades. Em |
outras palavras, se você consegue imaginar um evento futuro em sua vida |
baseado em qualquer um de seus desejos pessoais, essa realidade já existe |
como possibilidade no campo quântico, esperando para ser observada por |
você. Se a sua mente pode influenciar o aparecimento de um elétron, então |
teoricamente ela pode influenciar o aparecimento de qualquer |
possibilidade. |
Isso significa que o campo quântico contém uma realidade na qual você |
é saudável, rico, feliz e possui todas as qualidades e aptidões do eu |
idealizado que mantém em seus pensamentos. Acompanhe-me e você verá |
que, com atenção deliberada, aplicação sincera do novo conhecimento e |
esforço diário repetido, você pode utilizar sua mente, como observador, |
para colapsar partículas quânticas e organizar um vasto número de ondas |
subatômicas de probabilidade em um evento físico desejado chamado de |
experiência em sua vida. |
Como argila, a energia de infinitas possibilidades é modelada pela |
consciência: sua mente. E, se toda a matéria é feita de energia, faz sentido |
que consciência (nesse caso, “mente”, conforme denominada por Newton e |
Descartes) e energia (“matéria”, de acordo com o modelo quântico) |
estejam tão intimamente relacionadas que sejam uma única coisa. Mente e |
matéria são completamente emaranhadas. Sua consciência (mente) tem |
efeitos sobre a energia (matéria) porque sua consciência é energia e |
energia tem consciência. Você é suficientemente poderoso para influenciar |
a matéria porque no nível mais elementar você é energia com uma |
consciência. Você é matéria consciente. |
No modelo quântico, o universo físico é um campo de informação |
imaterial, interconectado e unificado, potencialmente todas as coisas, mas |
fisicamente coisa nenhuma. O universo quântico está apenas esperando um |
observador consciente (você ou eu) aparecer e influenciar a energia na |
forma de matéria potencial pelo uso da mente e da consciência (que são |
energia) para fazer ondas de probabilidades energéticas aglutinarem-se em |
matéria física. Assim como a onda de possibilidade do elétron manifestase como uma partícula dentro de um evento momentâneo específico, nós |
como observadores fazemos uma partícula, ou grupos de partículas, |
manifestar experiências físicas na forma de eventos em nossa vida. |
Isso é decisivo para o entendimento de como você pode causar um |
efeito ou fazer uma mudança em sua vida. Quando aprende a aguçar suas |
habilidades de observação para afetar intencionalmente seu destino, você |
está a caminho de viver a versão ideal de sua vida, tornando-se a versão |
idealizada do seu eu. |
Estamos conectados a todas as coisas no campo |
quântico |
Como tudo o mais no universo, estamos de certo modo conectados a um |
mar de informações em uma dimensão além do espaço e do tempo físicos. |
Não precisamos estar tocando, nem sequer estar muito perto de quaisquer |
elementos físicos no campo quântico para afetá-los ou sermos afetados por |
eles. O corpo físico são padrões organizados de energia e informação, |
unificados a tudo no campo quântico. |
Você, como todos nós, emite um padrão de energia ou assinatura |
distinta. De fato, tudo que é material está sempre emitindo padrões de |
energia específicos. E essa energia conduz informações. Seus estados |
mentais flutuantes consciente ou inconscientemente alteram essa |
assinatura a cada momento, pois você é mais do que um simples corpo |
físico; você é uma consciência usando um corpo e um cérebro para |
expressar diferentes níveis mentais. |
Outra forma de examinar como nós humanos e o campo quântico |
estamos interconectados é o conceito de emaranhamento quântico ou |
conexão quântica não local. Essencialmente, uma vez que duas partículas |
possam ser inicialmente ligadas de alguma forma, elas sempre estarão |
unidas além do espaço e do tempo. Como resultado, qualquer coisa que |
seja feita para uma será feita para a outra, embora elas estejam separadas |
espacialmente. Isso significa que, uma vez que nós também somos |
compostos de partículas, estamos todos implicitamente conectados além |
do espaço e do tempo. O que fazemos para os outros, fazemos para nós |
mesmos. |
Pense nas implicações disso. Se consegue envolver sua mente com esse |
conceito, você tem de concordar que o “você” que existe em um provável |
futuro já está conectado ao “você” desse agora, em uma dimensão além |
desse tempo e espaço. Continue antenado… ao final deste livro, essa ideia |
poderá simplesmente ser normal para você |