Visões e Ideais
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Visões e Ideais

Visões e Ideais.

anderson
9 min
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Visões e Ideais.

s sonhadores são os salvadores do mundo. Assim como o mundo visível é

sustentado pelo invisível, do mesmo modo os homens, através de todos os seus

pecados, tribulações e sórdidas tendências, são alimentados pelas belas visões dos

sonhadores solitários. A humanidade não pode esquecer os seus sonhadores; não

pode deixar que seus ideais se apaguem e morram; vive neles; reconhece neles

as realidades que um dia verá e conhece rá. Compositores, escultores, pintores, poetas, profetas e sábios são os

construtores do pós-mundo, os arquitetos do céu. O mundo é bonito porque eles

viveram; sem eles, a humanidade que labuta pereceria. Todo aquele que em seu íntimo alimenta uma bela visão, um ideal elevado, um dia os atingirá. Colombo acalentou a visão de um outro mundo e o descobriu;

Copérnico alimentou a visão de uma multiplicidade de mundos e de um universo

mais amplo e a revelou; Buda sustentou o ideal de um mundo espiritual de

imaculada be leza e perf eita pa z e pene trou nele. Ame suas visões; ame seus ideais; ame a música que lhe toca o coração, a

beleza que toma forma em sua mente, a amabilidade que reveste seus

pensamentos mais puros, pois deles brotarão todas as situações felizes, todos os

ambientes agradá veis; se você simplesmente se m antiver fiel a eles, o s eu m undo

aca bará se edificando.

Desejar é obter; aspirar é alcançar. Acaso os mais baixos desejos do

homem receberão a mais plena medida de recompensa e suas mais puras

aspirações definharão por falta do alimento que as sustente? Essa não é a Lei:

semelhante estado de coisas jamais justificará o “Pedi e recebereis”. Sonhe sonhos altos, e você há de se transformar naquilo que sonhou. Sua

Visão é a promessa do que um dia você será; seu Ideal é a profecia daquilo que

você um dia, finalmente, revelará. A maior realização sempre foi, no início, e por algum tempo, um sonho. O

carvalho dorme em sua semente; o pássaro espera no ovo; e na mais alta visão

da alma, um anjo inicia o seu despertar. Sonhos são os brotos das realidades. As circunstâncias de sua vida podem não ser adequadas, mas não

permanecerão assim por muito tempo se você puder ainda que apenas

vislumbrar um Ideal e lutar por atingi-lo. Você não pode viajar interiormente e

permanecer exteriormente imóvel. Imaginemos um jovem duramente oprimido

pela pobreza e pelo trabalho; confinado horas a fio numa oficina insalubre;

analfabeto e carente de todas as formas de refinamento. Mas ele sonha com

melhores coisas; pensa na inteligência, no refinamento, na graça e na beleza. Imagina e mentalmente constrói uma condição ideal de vida; a visão de uma

liberdade mais ampla e de um escopo mais largo o domina; a inquietação o

impele para a ação e ele utiliza tudo o que consegue poupar de seu tempo e de

seus meios, por menos que pudessem representar, para desenvolver suas

potencialidades e recursos latentes. Em muito pouco tempo sua mente se

modifica de tal forma que a oficina não mais pode contê-lo. Por tal forma se

desarmoniza com a sua mentalidade, que ela desaparece de sua vida como uma

roupa que despimos, e, com o aumento das oportunidades condizentes com o

escopo de suas potencialidades em expansão, ele a abandona para sempre. Anos

mais tarde vam os encontrar esse j ovem já fe ito homem maduro. Encontram o-lo

á senhor de certas forças mentais que maneja com largo prestígio mundano e

com um poder quase inigualado. Em suas mãos manobra os cordéis de

gigantescas responsabilidades; fala e — oh, maravilha! — vidas se transformam;

homens e mulheres bebem-lhe as palavras e reformam seus caracteres, e como

um sol transforma-se no luminoso eixo em torno do qual giram inúmeros

destinos. Realizou a Visão de sua j uventude. Tornou-se um com o seu Ideal. Você também, jovem leitor, realizará a Visão (não o ocioso desejo) de seu

coração, seja ela vil ou bela ou uma mistura de ambos, pois há de gravitar

sempre na direção daquilo que secretamente mais ama. Em suas mãos serão

colocados os resultados exatos de seus próprios pensamentos; você receberá

aquilo que merece; nem mais nem menos. Seja qual for o seu ambiente atual, você cairá, permanecerá nele ou se alçará com seus pensamentos, com a sua

Visão, com o seu Ideal. Você se tornará tão pequeno quanto o desejo que o

controla; tão grande quanto a aspiração que o domina; nas belas palavras de

Stanton Kirkham Davis: “Você pode estar fazendo suas contas e de repente sairá

pela porta que por tanto tempo parecia ser uma barreira diante de seus ideais e se

verá diante de uma audiência — a pena ainda enfiada por trás da orelha, o

tinteiro ainda na mão — e nesse mesmo instante verá jorrar a torrente de sua

inspiração. Poderá estar pastoreando carneiros e — em boquiaberto e bucólico

espanto — passará a vagar pela cidade; intrepidamente guiado pelo espírito, entrará na sala do m estre e pouco tem po depois ele dirá: ‘Não tenho nada par a te

ensinar’. E agora, você, que há tão pouco tempo sonhava grandes coisas enquanto

pastoreava carneiros, se tornou o mestre. Deixe de lado a serra e a plaina e

assuma por si mesmo a regenera ção do mundo ”. O irrefletido, o ignorante e o indolente, vendo apenas os efeitos aparentes

das coisas e não as coisas em si, falam em sorte, em fortuna, em acaso. Vendo

um homem enriquecer, dizem: “Que sujeito de sorte!” Notando que um outro se

intelectualiza, exclamam: “Como ele é bem dotado!” E percebendo o espírito

religioso e a ampla influência de outro, observam : “Como a sorte o aj uda a cada

passo!” Não veem as provações e os fracassos e as lutas que tais homens

voluntariamente enfrentaram para alcançar a sua experiência; não têm

conhecimento dos sacrifícios que eles fizeram, dos inauditos esforços que

desenvolveram , da fé que e xercitaram para que pud essem vencer o que parec ia

invencível e realizar a Visão de sua alma. Desconhecem as trevas e os

sofrimentos; veem apena s a luz e a alegria, e cham am a isso “sorte”; não veem a

longa e árdua jornada, mas apenas divisam a meta risonha, e chamam-na “boa

estrela”; não compreendem o processo, mas só percebem o resultado, e

chama m- no “aca so”. Em todas as atividades humanas existem esforços e resultados, e a

intensidade do esforço é a medida do resultado. O acaso não existe. “Dons”, potencialidades, bens materiais, intelectuais e espirituais são frutos do esforço;

são pensamentos concluídos, alvos atingidos, visões realizadas. A Visão que você glorifica em sua mente, o Ideal que entroniza em seu

coração — eis o que você usará para construir sua vida, eis o que você se

tornará.

Serenidade.

erenidade de e spírito é um a das mais belas j oias da sabedoria. É o resultado de

um longo e paciente esforço de autocontrole. Sua presença é indício de

experiência m adura e de um conhecim ento bem pouco comum das leis e modos

de operar do pensam ento. Um homem se torna calmo na medida em que passa a compreender a si

mesmo como um ser de pensamento evoluído, pois semelhante conhecimento

exige a compree nsão dos outros com o re sultado do pensam ento, e na medida em

que e le desenv olve uma compreensão corret a e vê ca da vez mais claram ente a s

relações internas das coisas através da lei de causa e efeito, deixa de se agitar e

de se irritar, de se preocupar e de se queixar, e se torna equilibrado, firme, sereno. O homem calmo, tendo aprendido a governar-se, sabe como adaptar-se aos

outros; e estes, por sua vez, revere nciam sua força espiritual e sentem que podem

aprender com ele e confiar nele. Quanto mais tranquilo um homem se torna, maior o seu sucesso, sua influência, sua capacidade para o bem. Até mesmo o

come rciante c omum verá c rescer a prosperidade de seu n egócio na m edida em

que desenvolve um maior autocontrole e equanimidade, pois as pessoas sempre

preferem lidar com alguém cuj o comportamento é marcantemente igual. O homem forte e calmo é sempre amado e reverenciado. Assemelha-se a

uma árvore que espalha sua sombra em terra sequiosa ou a uma rocha

acolhedora em meio à tempestade. “Quem não amará um coração tranquilo, uma vida equilibrada e cheia de doçura? Não importa se chove ou se faz sol ou

quais sejam as mudanças por que passam os que possuem essas bênçãos, pois

permanecem sempre dóceis, serenos e calmos. Esse raro equilíbrio de

personalidade a que chamamos serenidade é a última lição da cultura; é o

florescimento da vida, o frutificar da alma. É tão preciosa quanto a sabedoria, mais desejável do que o ouro — sim, do que o mais fino ouro. Quão

insignificante nos parece a mera busca do dinheiro se comparada a uma vida

serena — uma vida que habita as profundezas do oceano da Verdade, sob as

ondas, fora do alca nce das tempestades, na Eterna Cal ma! “Quantas pessoas conhecemos que amarguram suas vidas, que arruínam

tudo o que existe de doce e de belo com temperamentos explosivos, que

destroem o seu próprio equilíbrio pessoal e envenenam o próprio sangue! Seria o

caso de perguntar se a grande maioria das criaturas não arruína a própria vida e

estraga a própria felicidade por falta de autocontrole. Como são poucas as

pessoas bem equilibradas que encontramos na vida, como é raro encontrar-se

aquele equilíbrio que é a característica de um caráter aprimorado!” Sim, a humanidade se agita com incontrolada paixão, tumultua-se sob o

desgovernado sofrimento, é varrida pelos vendavais da ansiedade e da dúvida. Só

o homem sábio, só aquele cujos pensamentos são controlados e purificados, é

capaz de impor obedi ência à s borra scas e vendavais da alm a. Almas sacudidas por tempestades, onde quer que estiverdes, sejam quais

forem as condições em que viveis, sabei disto — no oceano da vida as ilhas da

Bem-aventurança estão sorrindo e as ensolaradas praias de vosso ideal esperam

por vós. Segurai com mão firme o leme do pensamento. Na barca de vossas

almas repousa o Piloto-Mestre; ele apenas dorme: despertai-o. Autocontrole é

força; Pensamento Reto é domínio; Calma é poder. Dizei a vossos corações: “Aquietai-vos, e ficai em paz!”