Olimpíadas, muito mais que esporte
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Olimpíadas, muito mais que esporte

Várias surpresas, várias lições e várias polêmicas nessas Olimpíadas de Tóquio. Começa que nem era pra estar rolando esses jogos, né? Em plena pandemia, a sede é uma das maiores metrópoles do mundo com uma população extremamente envelhecida, ...

Andre Fran
4 min
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Haja coração, amigo!
Haja coração, amigo!

Várias surpresas, várias lições e várias polêmicas nessas Olimpíadas de Tóquio. Começa que nem era pra estar rolando esses jogos, né? Em plena pandemia, a sede é uma das maiores metrópoles do mundo com uma população extremamente envelhecida, a vacinação no Japão está atrasada. É claro que com isso mais de 80% da população sequer queria receber o evento. A difícil disputa entre saúde pública e muitas vezes a única chance da vida de alguns atletas de realizarem o sonho olímpico que é mediada por alguns protocolos sanitários, interesses políticos e cifras milionárias. 

Alguns números:

- 83% dos atletas olímpicos está vacinado

- 17% dos atletas dos EUA não tomaram vacina (por opção ou outros motivos)

- 23% da população japonesa já foi vacinada

- 22% é a porcentagem da população japonesa que apoia os jogos.

Fato é que entre um caso e outro de Covid-19 e o ocasional norte-americano antivacina sendo derrotado na piscina para alegria geral do planeta, os jogos estão rolando. E, mais do que as disputas esportivas, temos algumas valiosas lições de vida para tirar. A elas...

Esporte + Política

O COI aliviou pra manifestações políticas nessas Olimpíadas. Será a maior mistura de Esporte e Política.

Já começou com pessoal se ajoelhando contra o racismo, homenagens a aborígenes australianos… e vem mais! 

ROC

Muita gente tá estranhando ver uma logo estranha e as letras ROC (Russian Olympic Confederation) nos uniformes dos atletas russos. É a punição pelo escândalo de doping que foi descoberto e que chegava ao mais alto escalão do governo da Rússia. Além de não poderem usar o nome ou a bandeira do país, os atletas da Rússia que ganharem o ouro não ouvem o hino do seu país. Mas escolheram bem a substituição: o clássico Tchaykovsky!

Skate é o maior esporte olímpico

Foi incrível testemunhar as pratas de Kelvin Heofler e da fadinha Rayssa Leal no skate. O esporte que estreou nessa olimpíada mostrou que veio pra ficar. O formato é fácil de acompanhar e as disputas são emocionantes como devem ser mas, mais do que isso, o esporte que já foi até proibido por lei deu aulas importantes para outras categorias. Primeiro o aspecto da inclusão: tinha magrinha de 13 anos, tinha atleta acima do peso, atleta não-binário, phd em psicologia...  Tudo junto e misturado numa boa. E, mais legal, todos se apoiando e torcendo uns pelos outros. A competição era acirrada, mas com alegria, respeito e leveza. Algo totalmente alinhado com o espírito olímpico, mas difícil de se ver em outras modalidades.

Brasil, o país do surfe

Outro esporte que durante muito tempo foi considerado de "vagabundo" no Brasil e no mundo, o surfe como primeiro ouro olímpico da história o nosso atleta Ítalo Ferreira. Dava pra te rolado uma final brasileira, mas uma bateria polêmica acabou tirando Gabriel Medina da disputa. O que abriu uma discussão interessante sobre "esportes que são decididos com notas de juízes". É competição? É concurso? Então, daqui a pouco pode dança com famosos nos jogos? Enfim... Brincadeiras à parte, não é como se a ginástica olímpica não apresentasse essa realidade ao público há muitos anos, mas certas decisões deixaram margem pra questionamentos.

Comentaristas de Ouro

Ex-atletas estão chamando atenção e viralizando nas redes com seu estilo mais livre e despretensioso de comentar algumas provas olímpicas. Cristiane, a maior artilheira brasileira no futebol das Olimpíadas (masculino e feminino) ficou de fora das Olimpíadas mas está comentando as partidas na Globo ao lado do craque Galvão Bueno. Em determinado momento ela reclamou que tinha tomado uma "gorfada"do filho durante a transmissão. E mostrou a prova! Fora que mandou um "Puta merda!" ao ser surpreendida com um gol da Holanda contra o Brasil. Já Karen Jonz, nossa campeã do skate, está comentando a modalidade no Sportv. Entre uma referência nerd e outra, ela dá informações importantes sobre gêneros fluidos e representatividade no esporte. Ah, e também soltou um já lendário "Xerecou!" ao descrever a queda de uma atleta. 

Luta contra a Covid

Todos os atletas tiveram sua preparação atrapalhada por essa pandemia. Alguns inclusive pegaram Covid. Tem gente com sequelas até hoje. Mas vale destaque para aqueles que além de treinar, atuaram na linha de frente do combate à essa doença maldita. Caso da judoca, Gabriela Chibana. Ela perdeu em sua segunda luta no judô, mas teve que conciliar os treinamentos com seu trabalho de enfermeira durante a pandemia. Campeã!

Contra a sexualização no esporte

As ginastas da Alemanha se posicionaram contra a sexualização da ginástica olímpica feminina e competiram com uniformes compridos lindos. "É sobre igualdade!", disseram as atletas em seu comunicado oficial. 

Outras histórias...

- Teve refugiada iraniana competindo pela bandeira da Equipe Olímpica de Refugiados vai enfrentar uma atleta do Irã na esgrima.

- A atleta mais jovem dessa Olimpíada é Hend Zaza, a menina que vai disputar o Tênis de Mesa pela Síria. “Uma maneira de chamar atenção para o que acontece no país.

- A atleta Luciana Alvarado, da Costa Rica, foi a primeira ginasta a protagonizar o gesto do #BlackLivesMatter em um evento dessa projeção na Ginástica Olímpica. O braço erguido com o punho cerrado faz parte de sua bela coreografia de solo

BLM!
BLM!

E ainda vem mais por aí! Os jogos não acabaram e seguirei aqui colado na telinha para trazer novas histórias emocionantes. ;)