Poemas #14: O Abismo
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Poemas #14: O Abismo

Agora que voltei a ser criança,

Andre Nascimento
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Agora que voltei a ser criança,

O destino que se encarregue da lambança;

Agora que eu desfiz a couraça

Que oficializava a farsa,

O corrimão que ampare o tropeço;

A brandura que dissolva o espesso,

Agora que sou apenas um estranho

Que brinca com seus desencontros.

Nas palavras que não disse,

Forjei a fé sem rito,

E povoei o abismo com tola exclamação,

Até que o desdém finalmente desapareceu

No salto para dentro

Da alma.

Entre cento e tantos acenos e acentos atentos,

De porres de vinhos tintos e passos de pés tontos,

Encho um diário contando histórias

Que teriam sido verdade

Se eu assim quisesse;

Pretéritos preteridos,

Futuros banidos

Sem dor.

Nada mais resta aos tolos

Senão sonhar com as asas,

Trilhando entre rastros e iscas

Para finalmente reencontrar a nascente

A inundar a escuridão de respostas,

A ruir os pilares de uma glória então ilha,

Agora água.

O projétil desobedece ao gatilho

Enquanto se pergunta qual deus está no comando;

A vontade de ficar se fez porto seguro,

Mas as pistas,

Entre juras feitas à vertigem,

Deixaram como escolha apenas um eclipse

Sem sol.