O arauto voltou aos bastidores
O arauto voltou aos bastidores |
Sem qualquer promessa; |
Seus abraços não trouxeram consolo, |
Apenas juramentos que fizeram do coração escudo. |
No limiar do fracasso, |
Olho para trás e queimo pontes; |
Aceito a crueldade da renúncia |
E o direito à benção de nunca saber |
Quando virá a morte. |
No breu, descobro o valor das juras, |
Da presença da saudade, |
E, entre a carícia e a indigestão, decido pelo adeus. |
Tomo parte no expurgo, |
Até que a melodia abandone a canção; |
Reverencio o usufruto inconsciente, |
Até que o senão contamine o porém; |
Calculo a gratuidade do insulto, |
Colido estrábicos e visionários, |
Cruzo íngremes vielas atoladas de paixão indigente, |
Para, por fim, retornar à vergonha, |
À conquista, à exaustão, ao caos original |
Que me faz digno de aplausos insinceros. |
Madrugada e pesar, apesar da alegria; |
Por um instante não quero pensar, |
Perceber ou sentir que, |
Ao desmembrar o verbo, |
Silencio o luto em desinências preguiçosas, |
Amordaçado noutro epigrama, |
Ao ver meus tecidos |
De células brilhantes |
A olho nu. |