Poemas #3: A Olho Nu
0
0

Poemas #3: A Olho Nu

O arauto voltou aos bastidores

Andre Nascimento
1 min
0
0

O arauto voltou aos bastidores

Sem qualquer promessa;

Seus abraços não trouxeram consolo,

Apenas juramentos que fizeram do coração escudo.

No limiar do fracasso,

Olho para trás e queimo pontes;

Aceito a crueldade da renúncia

E o direito à benção de nunca saber

Quando virá a morte.

No breu, descobro o valor das juras,

Da presença da saudade,

E, entre a carícia e a indigestão, decido pelo adeus.

Tomo parte no expurgo,

Até que a melodia abandone a canção;

Reverencio o usufruto inconsciente,

Até que o senão contamine o porém;

Calculo a gratuidade do insulto,

Colido estrábicos e visionários,

Cruzo íngremes vielas atoladas de paixão indigente,

Para, por fim, retornar à vergonha,

À conquista, à exaustão, ao caos original

Que me faz digno de aplausos insinceros.

Madrugada e pesar, apesar da alegria;

Por um instante não quero pensar,

Perceber ou sentir que,

Ao desmembrar o verbo,

Silencio o luto em desinências preguiçosas,

Amordaçado noutro epigrama,

Ao ver meus tecidos

De células brilhantes

A olho nu.