Depois de tantas chances,
Depois de tantas chances, |
O encanto omitiu palavras suaves |
E se fez paz no beijo amargo – hipérbole silenciosa. |
A melodia se encolhe em mares secos, |
Na confiança da cura impossível: |
Vento como sinfonia, involuntário e penitente. |
Melhor não explicar a febre, |
Nem os porquês da busca por olhares poucos; |
Ecoa na liberdade o universo que se afunila até o claustro sem altar. |
O ar cheira mal e o sol é triste; |
A solidão da tarde insone oculta a razão que se sobrepõe ao sonho, |
E o refugo dança ao som de enganos planejados. |
Mas o voo é raso, ainda que distante; |
O desarranjo é perene, ainda que surdo; |
E a mente, feudo remanescente da fome. |
Noite longa a contar colcheias, |
A encaixar sílabas em melodias alheias: |
Não vivo mais sem o antídoto |
Que transforma presença em lembrança; |
Santo remédio que degusto |
De cenho sereno, pois nunca estive tão perto |
Do que eu tão perigosamente desejei. |