Acomodada ela nunca foi.
Acomodada ela nunca foi. |
Conformada menos ainda. |
Então, um dia entrou num avião e cruzou o Atlântico. Foi em busca da felicidade. |
Sabia que deixaria para trás das pessoas das sentiria falta, amigos insubstituíveis. Um amor verdadeiro. Mas precisava ir. Há tempos sentia-se apertada dentro dela mesma. Sabia que precisava ser de mais espaço para ser quem queria ser. |
Muitas vezes se imaginou em um lugar onde sua história poderia ser zerada. Lá, ninguém saberia a sua origem ou as coisas pelas quais havia passado. Lá seus medos e defeitos estariam protegidos. |
Cheia de energia e vontade de conhecer o mundo, ela juntou o que podia levar e foi. |
Conheceu lugares, idiomas, sotaques. Entrou em igrejas, das mais famosas às mais desconhecidas. Nenhum passado em branco. Em todas o mesmo pedido: que o amor a alcançasse. |
Há alguns anos o amor tinha se apresentado na forma mais inesperada. Veio aos poucos, mas foi ficando, se fortalecendo. Como não era como ela havia sonhado, tentou fugir. Tentou envolver-se com outra pessoa, mas ele era insubstituível. Sentindo-se presa àquele amor, teve uma ideia de ir mais longe, ir embora. Para outro país, outro continente. Com um oceano de distância, tudo se resolveria. Era o que ela imaginava, mas não foi o que aconteceu. |
Quando entrou no avião já sabia que o plano havia fracassado. Teve certeza em cada segundo seguinte. Em tudo que olhava, via. Em tudo que sentia, ele estava presente. Uma paisagem, um cheiro, uma refeição. Ele estava em tudo. Ela estava impregnada dele. |
As novidades foram se transformando em dia a dia e a saudade aumentava. As distrações já não eram suficientes para que ela conseguisse respirar, tamanha era a dor que sentia em seu peito. Foi quando ele sinalizou que iria a seu encontro. |
Com a data de sua vinda definida, ela voltou a respirar, seus dias voltaram a ter luz e em tudo ela se imaginava com ele. |