Design, o Bom, o Mau e o Feio
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Design, o Bom, o Mau e o Feio

Com certeza você já teve dificuldades para abrir uma porta ou problemas para utilizar um objeto. Sempre que isso acontece nos sentimos estúpidos, culpando a nós mesmos pela nossa falta de habilidade ou inteligência. E se eu te disser que a cu...

Arthur de Liz Sperb
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Um quase adulto compartilhando uma ideia

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Com certeza você já teve dificuldades para abrir uma porta ou problemas para utilizar um objeto. Sempre que isso acontece nos sentimos estúpidos, culpando a nós mesmos pela nossa falta de habilidade ou inteligência. E se eu te disser que a culpa não é nossa, e sim de produtos com péssimo design? Essa é exatamente a premissa do livro “O Design do dia a dia” de Donald A. Norman.

Terminei de lê-lo essa semana e devo dizer que fiquei pensando sobre diversas coisas escritas nele. O livro aborda produtos que usamos em nossas vidas diárias, e explica o que torna o design e por consequência um objeto “bons”. Nesse texto vou escrever sobre algumas das coisas que me deixaram impressionado. Gostaria de deixar claro que não sou nenhum especialista em design. Longe disso, sou apenas curioso e questionador.

Para as pessoas que não sabem o que é design ou tem uma vaga ideia, vou tentar dar um exemplo simples: já notou que muitos refrigeradores hoje em dia tem a parte do freezer embaixo e a parte da geladeira em cima? Bom o motivo é que, além da evolução tecnológica, abrimos a parte da geladeira muito mais vezes do que a parte do freezer, logo faz mais sentido ela estar em uma altura que não precisemos nos abaixar, e isso é design!

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É algo que está presente em nossas rotinas diárias, praticamente em todo o lugar, e a maioria nem sequer dá muita atenção. E talvez, exatamente isso, seja um indicador de bom design, algo funcionar tão bem que nem é notado. Na minha mente gosto de pensar em design como “o estudo de como criar e melhorar coisas”, uma campo em que todas as áreas e conhecimentos da humanidade são explorados com engenhosidade.

No livro o autor cita os princípios de design, que de forma resumida são:

  • Modelos conceituais - Nós, seres humanos estamos constantemente tentando criar modelos mentais para entender como as coisas funcionam. Um design com bom modelo conceitual, é basicamente um ato de comunicação entre o designer e o usuário, onde o produto deve ser capaz de, por si só, transmitir para que ele serve e como funciona.
  • Feedback ou retorno de informações - A capacidade de mostrar o efeito de uma ação. Por exemplo: toda vez que discamos um número do telefone, é soado um som, avisando que a ação foi efetuada com sucesso. Para entender a importância disso, eu fiquei imaginando diversos produtos que seriam difíceis, ou até mesmo perigosos de usar caso não houvesse feedback. Pense em um fogão que não mostra quando sua chama está acesa, você simplesmente não consegue vê-la. Perigoso. Ou um carro que, quando acende seu pisca, não faz um barulho característico ou mostra no painel, ou ainda, um botijão de gás que veio sem o odor, tornando impossível de saber se um vazamento está acontecendo.
  • Restrições - Limitar as escolhas. Uma das melhores maneiras de tornar alguma coisa fácil de usar, com poucos erros, é tornando impossível de fazê-la de outra maneira.
  • Affordances - Assegurar-se que as ações apropriadas sejam visíveis e as inapropriadas invisíveis.

Produtos que seguem esses conceitos normalmente são os mais bem projetados, os que funcionam perfeitamente. Como uma caneta simples, dificilmente alguém encontra dificuldades em usá-la. Ela está enraizada culturalmente (tornando seu entendimento mais fácil), sua forma dá uma ideia clara de como ela funciona, ela faz barulho quando tiramos a tampa, podemos perceber quando a tinta está acabando, há uma maneira de usá-la e se formos criativos, pode ser usada até mesmo para furar coisas ou apertar botões.

Ainda sim, o que mais me impressiona, é que esse livro foi publicado pela primeira vez em 1988. Sim, você leu certo, 1988! E ainda sim, mais de 30 anos depois, diversos produtos da minha casa e de lugares que eu frequento não seguem alguns desses princípios imprescindíveis. Tornando minha vida mais difícil e às vezes fazendo eu me sentir um idiota. Talvez a minha postura imediatista acreditasse que esse tempo todo seria mais que suficiente para resolver esses problemas.

Não tenho dúvida que existem excelentes designers por aí, capazes de fazer produtos incríveis. Segundo Norman o problema pode se encontrar em diversas áreas, como: no orçamento do produto, na estética e no fato de que às vezes o cliente e o usuário não são a mesma pessoa. Também acredito que possa haver uma falta de interesse, muitas pessoas não sabem o que é design, muito menos param para pensar no funcionamento de seus produtos diários, fazendo assim, com que não haja uma pressão para a mudança e evolução de produtos ruins.

Acho que pensar sobre nossos arredores só tem a nós beneficiar, por isso decidi compartilhar um pouco disso. Espero que esse texto te leve a refletir sobre os objetos com os quais você interage diariamente e a valorizar o bom design.

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