Trinca Renato, Cuca e Abel é a síntese do futebol mal jogado no Brasil

"Me dê R$ 200 milhões." A frase desafiadora saiu da boca do então gremista Renato Portaluppi após uma derrota para o Flamengo, por 1 a 0, em 17 de novembro, em Porto Alegre, pelo Campeonato Brasileiro. Assim como o rubro-negro que empatou pateticamente com o América, neste domingo, aquele time armado por Jorge Jesus começou a peleja com apenas dois titulares. Detalhe: os laterais eram Rodinei e Renê.

Ora, como aquilo foi possível? De um lado da área técnica estava um senhor nascido na cidade portuguesa de Amadora. O nome dele é Jorge Jesus.

Para ficar bem claro, este que vos escreve é terminantemente contra generalizações. Coisa do tipo "técnico estrangeiro é que é bom". Claro que não. Fosse assim, não haveria críticas neste espaço a Ricardo Sá Pinto, Edgardo Bauza, Rui Vitória... vários têm suas evidentes limitações. Outro exemplo é Abel Ferreira. Atual campeão das copas do Brasil e Libertadores, é verdade. Treinador com experiência em apenas dois clubes na Europa. Por sinal, dos segundos escalões dos seus respectivos países. Braga e PAOK. 

Na semana passada, o luso deu demonstrações explícitas da sua falta de repertório. Preocupou-se tão somente em não perder um jogo de semifinal de Liberadores na sua própria casa. Contra o Corinthians, no sábado, o seu Palmeiras mais uma vez não sabia como ser perigoso ao ter o domínio da bola. É apenas mais uma equipe de transição ofensiva rápida, o alviverde. Pouco diante dos talentos que possui.

Cuca. Técnico que saiu por baixo do São Paulo, em 2019. "Não deu aquela liga, de ter o prazer de ver as coisas irem", afirmou o treinador ao anunciar o seu pedido de demissão. Teve menos de 50% de aproveitamento como comandante tricolor. Mais uma frase emblemática de 2019. Ano em que Jesus e Jorge Sampaoli dominaram o futebol brasileiro. Pobre esporte bretão.

Pois Renato Gaúcho, Cuca e Abel podem levantar o cobiçado troféu que homenageia os libertadores da América. Fabián Bustos, treinador do Barcelona de Guayaquil, é melhor do que os três. Dificilmente terá a taça em suas mãos, até pelo abismo financeiro que separa o gigante equatoriano dos brasileiros. 

Esse é o ponto. O dinheiro dá as cartas na América do Sul. Em ideias futebolísticas, o Brasil afunda.