O primeiro instrumento musical com o qual temos contato é o nosso próprio corpo! Porque então não o utilizamos para aprender, improvisar e criar música?
O primeiro instrumento musical com o qual temos contato é o nosso próprio corpo! Porque então não o utilizamos para aprender, improvisar e criar música? | ||
Baseado nesse questionamento foi fundamentado o método de educação musical do suíço Émile Jaques-Dalcroze. | ||
Nascido em Viena, Áustria, em 06 de julho de 1865, filho de pais suíços, o pequeno Émile Henri Jaques despontou para a música logo na primeira infância. Na segunda metade do século XIX, Viena era a capital mundial da música, o que o levaria a se apaixonar por ela, iniciando os estudos de piano aos seis anos de idade, período também que aparecem as suas primeiras composições. | ||
Quando tinha 10 anos, sua família se muda para a suíça, e o garoto passa a estudar no Conservatório de Música de Genebra, formando-se aos dezoito anos em 1883. | ||
Passa um período proveitoso em Paris trabalhando como pianista e estudando composições com grandes nomes da música ocidental, entre eles o francês Gabriel Fauré. Embora não muito satisfeito com o trabalho, esse serviu como uma grande vitrine para demonstrar seu talento, pois foi através dele que em 1886 foi convidado a se tornar maestro adjunto em Argel, capital da Argélia, onde passa a estudar música árabe e, com o grande talento apresentado, é convidado a dirigir o Conservatório de Argel, o que é prontamente recusado, retornando para Viena para complementar seus estudos em 1887. | ||
Por lá ficou durante dois anos e foi um período importantíssimo para florescer os fundamentos de seu método de ensino da música. Em 1889 muda-se para Paris onde passa três anos estudando com Mattis Lussy, pioneiro no estudo da performance corporal na execução musical e influência inegável a Émile Jaques, que neste período adota o nome pelo qual se fez conhecido: Dalcroze. | ||
Em 1892, de volta à Suíça, assume as aulas de História da Música, Harmonia e Solfejo no Conservatório de Genebra, mas a pedagogia utilizada na instituição para o ensino destas disciplinas, torna-se uma preocupação cada vez mais crescente, tendo em vista que seus alunos se tornavam excelentes músicos, porém, haviam lacunas no domínio do ritmo. | ||
Constrangido há muito pelo pensamento “para a música e pela música” começou a trabalhar maneiras de expressar a percepção física na música. Para ele, o movimento, o ritmo corporal, são os fundamentos da musicalidade, passando a trabalhar seu método no tripé: “tempo – espaço – movimento”. | ||
Em seu conceito básico, o ritmo leva o aluno a sentir a música, a pulsação, o tempo, a duração das notas, e, como pedagogia, Dalcroze criou uma maneira interessante para trabalhar harmonia e melodia, através de jogos de improvisação, exercícios corporais e movimentos, que levam o aluno a percepção do que são acordes, escalas, fraseados, intervalos, tons... | ||
Sua maneira de ensinar música começa a se espalhar pela Europa, e em 1910, deixa a Suíça a convite dos irmãos alemães Harald e Wolf Dohrn, que constroem um edifício na cidade jardim de Hellerau, com o nome “Instituto de Música e Ritmo de Émile Jaques-Dalcroze”, dedicado inteiramente a sua pedagogia de ensino da música através do ritmo. | ||
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Em 1915, amparado pela sociedade suíça, abre as portas do “Instituto Jaques-Dalcroze” de Genebra, totalmente voltado ao que seria um embrião do chamado “Métodos Ativos” em Educação Musical. | ||
Na segunda década do século XX terá contato com grandes nomes do mundo da arte, tais como Adolphe Appia, Sergei Diaghilev, Bernard Shaw, Arthur Honegger, Paul Claudel, Constantin Stanislavski, Ernest Ansermet. | ||
Nas décadas de 1920-1930 sua fama era tamanha que seu método de ensino se espalhou pelo mundo, havendo desde escolas aplicando seus métodos, até instituições voltadas estritamente para seu trabalho educacional como na Bélgica e no Japão. | ||
Como compositor produziu um número considerável de obras sinfônicas, música de câmara, peças para piano e quatro óperas, e é considerado por alguns críticos como o criador da ópera cômica moderna. | ||
Morreu em 1º de julho de 1950, aos 84 anos na cidade de Genebra, mas em vida foi reconhecido com vários prêmios e honrarias entre as quais Oficial da Legião de Honra (1929), Doutor Honoris Causa das Universidades de Chicago (1937), Lausanne (1945), Clermont-Ferrand (1948) e Genebra (1948), e o título de “Músico da Cidade de Genebra” (1947). | ||
REFERÊNCIAS: | ||
http://www.revistafenix.pro.br/PDF24/Dossie_01_Adriana_Fernandes.pdf |