Não gostaria de começar esta nova jornada, que vou imaginar como espaço para conversa, com dúvidas sobre o futuro, mas o Boca do Fogão surgiu justamente nesse embaraço dos dias pandêmicos. A vantagem é que hoje, 17 de outubro de 2021, um domi...
Não gostaria de começar esta nova jornada, que vou imaginar como espaço para conversa, com dúvidas sobre o futuro, mas o Boca do Fogão surgiu justamente nesse embaraço dos dias pandêmicos. A vantagem é que hoje, 17 de outubro de 2021, um domingo nublado, a maioria de nós já tomou a primeira dose da vacina, eu tomei as duas, e os casos estão em queda, o que nos dá certo conforto. Por isso, achei conveniente o blog ter como subtítulo “pós-alguma coisa, durante tudo”. É uma tentativa de dar a dimensão de como a vida está em movimento, mesmo sem direção (ou a que queremos), mas está. E o que a gente pode tirar disso? Não sei, porém comemorar as pequenas alegrias do dia penso que seja essencial. |
Deixemos de lado qualquer filosofia barata para falar sobre momentos que nos dão prazer, especialmente, comer e beber. Óbvio ululante que é impossível escrever qualquer coisa sem minha base político-filosófica-social-econômica e tudo o mais, portanto de olho nas entrelinhas, nos detalhes e até no não-dito. A intenção aqui é uma reunião dos papos que levo na vida e das influências que leio por aí. |
O que não desejamos? Não desejamos reproduzir a velocidade da internet, fechar questões, trazer grandes Verdades, forçar a mão no academicismo, invocar o especialista. Trata-se de opiniões, experiências compartilhadas, vivências, a doxa contra a episteme. |
E isso me fez lembrar a seguinte frase: |
Toda opinião é uma tese, e o mundo, à falta de verdade, está cheio de opiniões. * |
* ousei usar essa frase de Fernando Pessoa como epígrafe da minha monografia. |
Se é das coisas mais simples da vida que queremos falar, precisamos conter os excessos das dualidades (bom/mau, bonito/feio, gosto/odeio certo/errado) a fim de justamente não perdermos de vista a complexidade que há entre os extremos - nem tudo que não é bom é péssimo e vice-versa. A dualidade tem sua importância e está no exagero, cometer excessos, num mundo em que se procura por equilíbrio**, é sempre um prazer. |
** não existe esse equilíbrio. |
O ritmo dos textos vai seguir o mesmo da inspiração, ou seja, incerta, mas certeira quando aparece. Deixa o fogo fazer a parte dele, deixa o gelo diluir no fundo do copo do whisky, vai bem assim. A cada 15 dias? É bem possível. Uma vez por semana? Quando der. |
A propósito, está tudo tão fresco que hoje resolvi fazer um pesto***. Sobre receitas, serão minhas, adaptadas à minha geladeira ou ao meu bolso/gosto, sem pretensões de ineditismos. Concordo quando a Nina Horta dizia que “receita inédita é uma utopia”. E mais ainda, quando alguém se diz dono de uma determinada receita porque adicionou lascas de trufas negras. Todo respeito às tradições da cozinha e às receitas, mas elas serão subordinadas aos meus caprichos. |
*** “tirem os italianos da sala”. Eu dou risada com esse termo, porque no fundo quer dizer o seguinte: a receita é minha, é livre, faço como quiser. Outras vezes eu vou dizer: mudei o nome da receita original porque não tinha o ingrediente principal. |
Quero começar compartilhando essa maravilha simples de fazer e cheia de sabor: o pesto. |
Receita do meu pesto |
Manjericão: umas quatro mãos cheias (coloquei uma mão de salsinha, vai muito bem) |
Alho: usei um dente |
Nozes: uma mão cheia |
Azeite extra virgem: 60 ml por aí |
Parmesão: duas mãos cheias |
Pimenta do Reino: quanto baste |
Sal a gosto |
Bata tudo no processador. Eu usei liquidificador (coloquei duas colheres de água pra bater melhor). Veja se precisa corrigir o sal. Cozinhe a massa que mais gosta e escorra a água. Junte o pesto****. Pronto! |
**** Nunca esquentar o molho pesto, o manjericão não curte calor. |
Seja feliz, boa semana! |