Embora haja crescimento dos acessos à internet no Brasil, o mercado digital no país ainda carece de infraestrutura e inovação. Esse cenário foi indicado pelo relatório Brazil Digital Report, desenvolvido pela McKinsey & Company em parceria com o Brazil at Silicon Valley.
Comparado à média global, o Brasil tem mais pessoas conectadas à internet. Enquanto no mundo, 53% das pessoas são usuárias da rede, esse número cresce para 67% quando falamos de brasileiros — em 2008, eram somente 34%.
Além disso, o brasileiro passa, em média, 9 horas do dia conectado à internet, sendo que 44% dos acessos são feitos por dispositivos móveis. Nos Estados Unidos, por exemplo, são 6,3 horas conectadas.
Mais presentes na internet, os brasileiros têm mudado a forma de consumo de informação, como veremos a seguir.
[rock-convert-pdf id=”3217″]Comportamento do brasileiro na internet
Desde 2014, o tempo em que os brasileiros permanecem na internet cresceu 12,2%, enquanto houve queda nos números de televisão e rádio.
Com mais pessoas acessando a internet, os investimentos têm crescido drasticamente em digital. Em menor escala, também crescem os valores em TV paga, enquanto a TV aberta perde receita, assim como a mídia impressa.
Diante de mais tempo conectados, onde os brasileiros consomem mais conteúdos? O Brazil Digital Report indica que o uso da internet brasileira é altamente concentrado em aplicativos e sites relacionados a conteúdo e social. O Google lidera o ranking de mais acessados, seguido por YouTube e Facebook.
Entre os mecanismos de busca, o Google tem 97% de market share. Já em relação a aplicativos de comunicação, o Whatsapp é o mais difundido, com 91% de penetração entre os brasileiros com acesso à internet.
Redes sociais
Grande parte do tempo de conexão no país é direcionado para Facebook, Instagram e Twitter. Não é à toa que os brasileiros estão entre os maiores usuários de diferentes redes sociais:
- No Facebook, são mais de 130 milhões de usuários, a terceira maior base de todo o mundo;
- O Instagram conta com 50 milhões de usuários, o que deixa os brasileiros como segundo colocados na lista de países mais presentes na rede;
- São mais de 30 milhões de pessoas no Twitter, o que equivale à sexta maior base do mundo;
- No Linkedin, o Brasil tem a terceira maior base do mundo, com mais de 29 milhões de usuários;
- Os brasileiros são os segundo mais presentes no Pinterest, com 19 milhões de pessoas.
Perfil dos brasileiros na internet
De acordo com o Brazil Digital Report, o típico usuário de internet no Brasil está no meio urbano, tem menos de 45 anos, está entre as classes A e C e acessa a internet via dispositivos móveis.
O relatório mostra ainda que a inclusão digital no Brasil está apenas começando. Afinal, o acesso digital varia entre recortes geográficos e demográficos.
Quando a análise foca em escolaridade, há uma clara demonstração de que pessoas com curso superior são aquelas que mais consomem conteúdos na internet.
Outro aspecto considerado é a renda familiar. Em todas as regiões, as famílias com os maiores rendimentos são quase quatro vezes mais propensas a ter acesso à internet do que aquelas com os mais baixos rendimentos.
As distâncias entre perfis de escolaridade e renda são dois demonstrativos de como o mercado digital brasileiro ainda demanda investimentos. Contudo, um dos pontos que deixam o Brasil distante de outros países é a infraestrutura.
A velocidade média da internet ainda no Brasil é, em média, de 13Mpbs, bem abaixo da média global de 31Mpbs. Em regiões como América do Norte e Ásia, a média chega a 46 Mpbs.
Porém, a infraestrutura não é o único ponto que distancia o Brasil dos países mais desenvolvidos. O relatório da McKinsey alerta para a falta de inovação.
Falta de inovação no mercado digital brasileiro
O Brazil Digital Report aponta deficiências do Brasil em relação à inovação. A produtividade cresceu pouco nos últimos anos, e barreiras de patentes impedem que a evolução no mercado digital seja mais ágil.
Conforme o estudo da McKinsey, enquanto no Japão um registro de patente leva um ano para ser aprovado, no Brasil, a espera, em média, é de 14 anos. Consequentemente, em 2016, o país registrou somente sete patentes, contra 456 dos japoneses.
Além disso, as empresas de tecnologia no Brasil não estão entre as 10 mais valiosas do país. A China, por sua vez, teve duas empresas de tecnologia entre as dez mais valiosas, e, nos Estados Unidos, cinco empresas de tecnologia ocupam hoje os cinco primeiros lugares.
E-commerce pouco desenvolvido
Um segmento de negócios digitais pouco desenvolvido no Brasil é o comércio eletrônico. Somente 6% das vendas no país são realizadas por e-commerce, enquanto esse valor já é de 12% nos Estados Unidos e de 20% na China.
Entre as categorias que têm muito a crescer no e-commerce, o relatório aponta o setor de bebidas alcoólicas, com penetração de apenas 1% no varejo digital brasileiro, e acessórios para casa, também com 1%.
Um dos fatores indicados pela McKinsey para as dificuldades do e-commerce brasileiro é a velocidade de entrega. Em contrapartida, a conectividade pode ser um atalho para esse desenvolvimento. Afinal, entre 35% e 45% das vendas online são feitas pelo smartphone, tornando as transações mais ágeis.
O comportamento dos brasileiro pode ser um caminho para que o mercado , efetivamente, proponha inovações digitais. Gerente de anúncios de produtos de aplicativos do Google, Felipe Almeida avalia que os brasileiros tendem a adotar novas tecnologias com rapidez. “As empresas, especialmente as varejistas, têm tirado proveito dos aplicativos como extensões de suas operações digitais. Quando vemos os diferentes segmentos de mercado, varejo é o que tem a maior penetração de aplicativos”, disse em entrevista aos autores do Brazil Digital Report.
Fato é que as empresas brasileiras falham em aproveitar o potencial do marketing digital e desperdiçam oportunidades de criar relações mais próximas com seus consumidores e potenciais clientes.
As companhias que saem à frente dos concorrentes encontram um bom caminho para alcançar bons resultados de negócios.
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