Na Guerra Fria Brasileira, haverá ruptura?
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Na Guerra Fria Brasileira, haverá ruptura?

Um fato brasileiro hoje:

Sagran Carvalho
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Se queres a paz, prepara-te para a guerra
Se queres a paz, prepara-te para a guerra

Um fato brasileiro hoje:

Há uma crise institucional no Brasil, colocando em lados opostos Executivo e Judiciário. É fato!

E  fato, também,  histórico, que crises institucionais nos legaram golpes e contra-golpes desde 1889, cujas rupturas sempre impediram  a implantação de uma República por estas bandas. A começar pelo golpe que derrubou a Monarquia, desde então, a cada 30 ou 40 anos, o que aqui nomeamos por república, sofre algum contra-tempo que impede a normalidade institucional e o fortalecimento das instituições brasileiras.

Desde o retorno do poder às mãos civis, após 20 anos de ditadura militar, em 1985, fomos "agraciados" com uma "Constituição Cidadã", regularidade eleitoral e política com "p" minúsculo, representada por oligarquias familiares que desde sempre estiveram penduradas nas tetas do estado brasileiro, onde sempre imperou o fisiologismo à qualquer projeto de construção democrática e institucional do Estado Brasileiro.

Ainda assim, lentamente, conquistas foram alcançadas no período, tais como a responsabilidade fiscal, o controle da inflação, estabilidade monetária, crescimento econômico ( ainda que inferior a média global ), eleições regulares, combate a corrupção, direitos sociais entre outros...

Houve avanços, não há como negar, ainda que impere desde nossa "redemocratização", a politicalha fisiológica e oligarca, entranhada ao poder sob o beneplácito de uma burocracia ideológica e corporativista que também se banqueteia nas mesmas tetas públicas. 

Fisiologismo e corporativismo desde sempre se locupletaram do Estado, e somado a isto, tivemos a chegada da esquerda ao poder com Fernando Henrique Cardoso, que graças ao sucesso do Plano Real e da estabilização econômica, foi eleito, comprou o direito à reeleição com recursos públicos, liberando verbas para emendas parlamentares, foi reeleito e abriu caminho para algo ainda mais radical representados pelo PT e Lula.

A extrema-esquerda enfim chegou ao Planalto, com um projeto de poder a ser implantado com o apoio de intelectuais, imprensa, classe artística e revolucionários que enfim tinham o Estado nas mãos. Foi a época do surgimento do Mensalão até a chegada do Petrolão, já sob os auspícios de sua cria e sucessora Dilma Roussef, que sofreu impeachment por total inépcia na gestão e suas pedaladas fiscais.

Porém, neste período, os extremistas da esquerda obtiveram sucesso em inflar o Estado e dominar as principais instituições da república, em especial as áreas da cultura, educação e judiciária. A queda de Dilma não representou a retirada dos extremistas do poder, onde as instituições já se encontravam bastante aparelhadas, após 14 anos de reinado socialista. No STF, Lula e Dilma nomearam 7 dos 11 ministros, lembrando ainda que outro foi indicado também pelo social-democrata FHC e  outro, nomeado pelo vice Michel Temer, que assumiu o governo após o defenestramento de Dilma.

E o aparelhamento da Suprema Corte deu resultados, ainda que não tenha impedido que a "presidenta" fosse apeada do Planalto, mas garantindo-lhe a manutenção dos direitos políticos, num ato inconstitucional negociada com os senadores sob as bençãos da presidência do STF que dirigia a seção. O golpe veio, da extrema-esquerda, do senado e do STF, sob o silêncio pouco constrangido da maior parte da mídia, incluindo-se aí imprensa, classe artística e intelectuais.

Nos dois anos e meio seguintes, esquerda e extrema-esquerda acusaram de golpistas o governo Temer, e novamente, tentaram dar outro golpe num conluio entre Janot ( PGR ), STF e maioria da imprensa num caso mal explicado envolvendo os irmãos Batista, proprietários da maior empresa de produção de proteína animal do mundo, apadrinhada e financiada justamente pela gestão anterior, via financiamentos do BNDES. O golpe quase derrubou o governo, mas impediu de fato, que ele governasse pelo restante do mandato, tendo inclusive travado a reforma da previdência então apresentada ao Congresso.

Era a aposta no caos, enquanto aguardava-se o retorno de Lula ao Planalto...

Só não contaram que o corrupto criminoso seria de fato condenado e preso, inviabilizando seu retorno ao poder.

Partiram para um plano B, escalando um poste, enquanto da cadeia, Lula comandava a campanha. Plano fracassado, pois, pela primeira vez desde a "redemocratização", um conservador chegou ao poder, com enorme apoio popular, que naquele momento desprezava os extremistas da esquerda e seu líder.

E desde 2018, as apostas foram dobradas e as cartas cada vez mais expostas, deixaram claro que os socialistas fariam de tudo para derrubar o governo eleito, custe o que custasse. 

Assumiu a proeminência desta guerra aberta, o Poder Judiciário, em sua instância máxima, o STF, aparelhado por ampla maioria progressista. 

Desde então, reabilitaram o ex-presidente corruto condenado, abriram inquéritos ilegais contra conservadores, prenderam jornalista, deputado. Censuraram toda a sociedade, impediram o Executivo de tomar atribuições suas constitucionais ( lembram da nomeação para a PF ), proibiram o governo federal de atuar na gestão da pandemia, interferiram no legislativo ( a CPI da Covid está aí ), buscam negar a auditagem do processo eleitoral, tornando-o mais transparente, incluem o presidente nas investigações do tal "Inquérito do Fim do Mundo" e querem que acreditemos na inviolabilidade de um sistema eleitoral que já se mostrou violável, e tudo isto, por acreditarem em uma suposta ameaça à democracia vinda do Executivo...

Aí vem a pergunta do título:

Haverá ruptura?

Creio que já houve...

Só não vê quem não quer.

E não veio da presidência, que fique claro!