Resultado é consequência do que você faz
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Resultado é consequência do que você faz

Parece óbvio, mas insistimos em esquecer essa regra. Em qualquer âmbito da vida, em qualquer época e sob quaisquer condições, os resultados que você tem são consequência do que você faz. Simples assim. Mas, ainda assim, temos o péssimo hábito...

Caio Teixeira
7 min
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Parece óbvio, mas insistimos em esquecer essa regra. Em qualquer âmbito da vida, em qualquer época e sob quaisquer condições, os resultados que você tem são consequência do que você faz. Simples assim. Mas, ainda assim, temos o péssimo hábito de não fazer o que nos leva ao resultado que queremos.

Esse princípio tem duas implicações diretas:

  1. Se você quer mudar seus resultados, você precisa mudar o que faz;
  2. Se você quer ter os mesmos resultados sempre, você precisa fazer as mesmas coisas sempre.

Preparando café

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Tem uma história que gosto de contar que demonstra bem isso.

Quando estava na faculdade, como todo bom universitário, comecei a criar o hábito de tomar café (bastante) diariamente. A primeira coisa que fazia ao acordar era preparar uma xícara de café. Fui percebendo, porém, que cada vez que eu fazia o café, ele saía um pouco diferente do outro, e nem sempre me agradava o sabor (resultado). Às vezes saía mais forte, outras saía mais fraco; às vezes saía mais quente, outras saía mais frio.

Determinado dia, ele saiu exatamente como eu gostava: forte e bem quente. Pensei: "amanhã vou fazer exatamente igual". Assim fiz e o resultado foi o mesmo. No dia posterior, fiz novamente da mesma forma e, mais uma vez, o resultado foi o mesmo. E a partir de então, eu passei a sempre fazer o meu café exatamente da mesma forma.

Esse foi o processo que passei a seguir todas as manhãs para fazer café:

  1. Esquentar uma xícara de água até ferver;
  2. Posicionar o coador sobre a xícara e inserir o filtro de papel no coador;
  3. Adicionar uma colher e meia de sopa de café extraforte no filtro;
  4. Derramar a água recém-fervida sobre o café até encher a xícara.
  5. Beber sem açúcar nem adoçante.

Veja que alterar qualquer dessas variáveis irá alterar o resultado final. Se eu usar menos que uma colher e meia de sopa de café ou usar a versão tradicional no lugar da extraforte, ele ficará mais fraco; se eu desligar a água antes de ferver, ele ficará mais frio. Da mesma forma, preparar o café todos os dias do mesmo jeito fará com que todos os dias o resultado seja o mesmo.

Em resumo: cada resultado demanda um processo próprio. Se eu quero mudar o resultado, preciso mudar o processo. Se eu quero manter o resultado, preciso manter o processo.

Existe um processo "melhor"?

Não existe um processo "melhor" em termos absolutos. Existe um processo melhor em entregar o resultado desejado. No caso acima, o processo que descrevi é o melhor para entregar o café do jeito que eu desejava. Se fosse preparar o café para outra pessoa, é bem possível que o sabor resultante desse processo de preparo não a agradasse. Para fazer um café fraco e doce, por exemplo, o processo teria que ser diferente.

A finalidade de um processo é entregar um produto (resultado final) que atenda aos requisitos do cliente (entenda "cliente" como qualquer pessoa que irá receber o produto/resultado). A medida de qualidade de um processo está no quanto ele é capaz de produzir o resultado final esperado pelo cliente.

Mas e os fatores externos?

Ok, fatores externos podem interferir no resultado. Mas fatores externos sempre existirão em alguma medida. A forma como você lida com eles é parte do que você faz e, portanto, uma causa dos resultados que você terá. No final das contas, o que importa é o que podemos controlar.

Por que insistimos em ignorar essa regra?

Como muitas coisas na vida, a regra é simples, mas praticá-la não é fácil. Diria que por três motivos:

  1. Falta de clareza sobre o resultado desejado;
  2. Pouca reflexão e análise sobre as ações necessárias;
  3. Exige disciplina e consistência.

1. Falta de clareza sobre o resultado desejado

Quantas vezes refletimos e questionamos profundamente sobre o que realmente queremos? Ou sobre o que o cliente tem de expectativa? Ou sobre o que a outra pessoa espera de nós?

  • Será que o que realmente quero é ficar rico, ou existe outra motivação por trás que pode ser atendida de outra forma?
  • Será que o que realmente quero é ser promovido no meu emprego atual, ou eu só vou estar plenamente realizado se estiver seguindo uma carreira completamente diferente?
  • Será que o que meu cliente realmente precisa é o produto mirabolante que estou desenvolvendo, ou ele poderia resolver o problema dele com uma solução 10x mais simples e barata?

Temos o hábito de assumir muito e perguntar pouco, o que já nos faz partir da posição errada.

2. Pouca reflexão e análise sobre as ações necessárias

Uma vez tendo clareza do resultado desejado, o próximo passo é investigar e criar hipóteses sobre o que vai nos levar a esse resultado.

  • Se eu quero estar ganhando R$15 mil por mês em 3 anos, o que eu deveria estar fazendo hoje para me levar até lá?
  • Se eu quero crescer meu produto 100% em 1 ano, quais são as iniciativas que vão me trazer esse resultado?
  • Se eu quero emagrecer 15 Kg em 6 meses, qual a rotina de dieta e exercício físico que vou precisar seguir?
  • Se eu quero ter um relacionamento melhor com determinada pessoa, o que eu deveria estar fazendo de diferente do que faço hoje?

Para algumas questões, nem sempre a resposta será óbvia ou conhecida por nós. Nesses casos, o melhor a fazer é pesquisar, aprender com quem já chegou onde queremos chegar e testar.

Porém, para muitas das questões, descobrir o que precisamos fazer para chegar no resultado que queremos não é um mistério tão grande assim. Vamos fazer um teste rápido:

Se eu quero crescer na minha carreira e aumentar minha remuneração, qual dos dois processos abaixo tem mais chances de me levar a esse resultado?

a) Estudar pelo menos 1h/dia, fazer mentoria com profissionais mais experientes, pedir feedbacks frequentes, fazer networking e buscar entregar os melhores resultados no que faço;

b) Não reservar tempo para estudar em minha rotina, pensar no curto-prazo, não ouvir as outras pessoas e fazer o mínimo do que é esperado de mim.

Parece óbvio, não é? A simples prática de refletir e analisar já é capaz de trazer respostas bastante coerentes para a maioria das questões.

3. Exige disciplina e consistência

Em muitas situações, nós já sabemos o que precisa ser feito para ter o resultado que queremos. E uma vez que sabemos o que precisa ser feito, é só fazer! Porém, mais uma vez, por mais que seja simples, não é fácil.

Não é fácil porque:

a) Fazer o que precisa ser feito demanda disciplina, principalmente quando isso não trará um gratificação imediata e só produzirá resultado no longo-prazo.

b) Obter resultados sólidos exige consistência: fazer a mesma coisa repetidamente e ir melhorando pouco a pouco.

Sim, é chato. Fazer as mesmas coisas todo dia é chato. Fazer as coisas que não queremos fazer é chato. Mas não adianta querer um resultado e não querer o processo que produz esse resultado. Não é racional e nem eficaz. Afinal, resultado é consequência do que você faz e isso nunca irá mudar.


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