A SEMANA NA HISTÓRIA – XVII (26 de julho a 1º de agosto)
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A SEMANA NA HISTÓRIA – XVII (26 de julho a 1º de agosto)

Em 27 de julho, completou-se 151 anos de nascimento do escritor e historiador franco-britânico Hilaire Belloc. Nascido na França, filho de pai francês e mãe britânica, graduou-se em Oxford e tentou seguir carreira acadêmica, mas sem sucesso. ...

natacam
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Em 27 de julho, completou-se 151 anos de nascimento do escritor e historiador franco-britânico Hilaire Belloc. Nascido na França, filho de pai francês e mãe britânica, graduou-se em Oxford e tentou seguir carreira acadêmica, mas sem sucesso. Estabeleceu-se em Londres; destacando-se por sua oratória, chegou a ser eleito para o Parlamento britânico pelo Partido Liberal, mas, desiludido, abandonou a política, dedicando-se à escrita. Escreveu vários livros, não só de História – destaque para história da Inglaterra e da Revolução Francesa – mas também de crítica literária, análise social e política e obras literárias, destacando-se em contos infantis e literatura de não-ficção.

Notório apologista católico, desenvolveu uma profunda amizade com o também escritor G. K. Chesterton, ambos influenciando-se mutuamente em suas obras. Críticos do liberalismo, simpatizavam com ideias socialistas na juventude, participando da Sociedade Fabiana. Nesta, travaram um debate em 1907 com G. B. Shaw e H. G. Wells, a partir do qual Chesterton e Belloc romperam com o socialismo e formularam um sistema socioeconômico próprio, que veio a ser conhecido posteriormente por distributismo. Sistema cujos fundamentos foram sistematizados na obra “O Estado Servil”, escrita por Belloc em 1913.

Fundamentado nos preceitos da Doutrina Social da Igreja (DSI), o distributismo parte da premissa de que tanto o capitalismo quanto o socialismo são concentradores de propriedade, sendo o primeiro nas mãos de poucos capitalistas e o segundo nas mãos do Estado. O distributismo, por sua vez, ao advogar a propriedade como o caminho para a liberdade, propõe estender sua posse ao maior número possível de proprietários, de modo a que as pessoas, famílias e pequenos grupos possam produzir riqueza por si mesmos. Ideia esta sintetizada na expressão “três alqueires e uma vaca”.

Com foco na pequena propriedade e nas empresas familiares, a proposta distributista para empreendimentos que demandam alto volume de capital vai ao encontro do sistema de cooperativas de funcionários, do qual podemos citar o exemplo da basca Corporación Mondragón. Outro ponto a se destacar é a ênfase no princípio da subsidiariedade: os entes menores, a começar pela família, têm autoridade para decidirem seus assuntos e negócios, sem interferência dos entes maiores. Estes só atuam em situações que o ente menor não consegue resolver sozinho, sempre começando pelos superiores imediatos.

Além de Chesterton e Belloc, o distributismo teve influência no trabalho de outros autores, como a anarquista católica Dorothy Day e o economista E. F. Schumacher. No Brasil, os principais defensores foram Gustavo Corção – que escreveu uma obra intitulada “Três alqueires e uma vaca” – e Alceu Amoroso Lima, o Tristão de Ataíde. Além disso, também foi elaborado na década de 1960 pelo padre Fernando Ávila um sistema socioeconômico que bebeu nas mesmas fontes do distributismo, o solidarismo, que Jonas Maier definiu como “um distributismo à brasileira”.

Por hoje é isso! Até o próximo A Semana na História!