HORA DA LEITURA - FILOSOFIA VERDE (CAPÍTULO 3) - 17/01
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HORA DA LEITURA - FILOSOFIA VERDE (CAPÍTULO 3) - 17/01

Seguiremos com a leitura do livro “Filosofia verde”, de Roger Scruton:

natacam
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Seguiremos com a leitura do livro “Filosofia verde”, de Roger Scruton:

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A querela entre as abordagens global e local da questão ambiental explicita, conforme Roger Scruton, as diferentes formas de se ver a o risco, as quais têm relação com as formas de se ver a política. A individualista, que vê a natureza como benigna, considera que as pessoas devem assumir riscos e se responsabilizar por seus atos. Já a igualitária, ao ver a natureza como precária, considera que o comportamento de risco é caminho certo ao desastre. A primeira visão é comumente associada à “direita” e a segunda à “esquerda”.

Tais visões, porém, costumam aparecer misturadas nos sistemas de pensamento. No caso do conservadorismo, mesmo que seja fundamentado nos princípios individualistas de liberdade e responsabilidade, também tem suas inclinações igualitárias ao defender costumes, tradições e instituições. A diferença é que não tende ao internacionalismo nem ao uso do Estado para promover agendas voltadas à reordenação da sociedade, preferindo o local, a sociedade civil e a livre iniciativa. Isso pode promover um ambientalismo de caráter local, sendo possível alianças estratégicas com correntes ligadas à esquerda que atuam da mesma forma.

Não obstante, para o autor, é preciso atenção ao legado socialista, especialmente no tocante a ver a política como meio de transformação social e consequente implantação de agendas igualitaristas. Igualitarismo que tende a se mover rumo a um “salvacionismo” de caráter praticamente religioso, que gera um sentimento de catástrofe iminente e dá aval para ações radicais, centralizadoras e implantadas de cima para baixo. Políticas e regulações elaboradas por burocratas, nacionais ou supranacionais, que acabam inviabilizando produtos locais e beneficiando grupos mais influentes. Ações que acabam destruindo a homeostase social e impedindo que as pessoas, em livre associação, assumam o controle do problema e participem do cuidado de seu “oikos”.

Por hoje é isso! A leitura segue no próximo Hora da Leitura.

REFERÊNCIA:  SCRUTON, Roger. Filosofia verde: como pensar seriamente o planeta. Tradução de Maurício G. Righi. São Paulo: É Realizações, 2016.