Seguiremos com a leitura do livro “Filosofia verde”, de Roger Scruton:
Seguiremos com a leitura do livro “Filosofia verde”, de Roger Scruton: | ||
Mesmo que os mercados sejam o melhor arranjo conhecido para solução de conflitos, Roger Scruton alerta para o risco de se abordar a motivação humana das soluções de mercado apenas por relações econômicas de custo e benefício, pois nem todas as escolhas dos indivíduos são baseadas em motivações racionais. Desejos humanos podem vir de outras fontes, muitas vezes ligadas à essência do próprio sujeito. Dessa forma, especialmente por tratar de algo que afetará as gerações vindouras, os problemas ambientais precisam ser vistos não só como de ordem econômica, mas também como de ordem moral. | ||
Isso levou muitos filósofos a buscarem a formulação de uma “ética ambiental”, o que gerou duas abordagens distintas. Uma delas baseia-se no utilitarismo, que também leva em consideração os interesses das futuras gerações e/ou dos seres não humanos. Entretanto, a impossibilidade de saber tais interesses torna inviável tratar o meio ambiente a partir do raciocínio utilitarista. Já a “nova ética”, ao substituir a perspectiva antropocêntrica por outra razão qualquer, muitas vezes com conotação semelhante a literatura religiosa, acaba fracassando por não conseguir vislumbrar atitudes novas. | ||
O caminho, para Scruton, é ver a natureza como fonte de valor intrínseco em vez de instrumental, e que deve ser cuidada e não apenas explorada. Mas fica a questão: o que leva as pessoas a reconhecer e proteger os valores intrínsecos? O autor aponta que os humanos não são motivados somente por custo e benefício, mas também por questões morais, como pessoas, comunidade, justiça e honra. Em suma, por um senso de responsabilidade perante as futuras gerações. Sentimento este que surge de nossos laços de pertencimento e solidariedade com os outros – não só com as gerações futuras, mas também com as gerações passadas. Ligações que só conseguem ser plenamente difundidas entre pessoas com algum grau de proximidade. | ||
Por hoje é isso! A leitura segue no próximo Hora da Leitura. | ||
REFERÊNCIA:SCRUTON, Roger. Filosofia verde: como pensar seriamente o planeta. Tradução de Maurício G. Righi. São Paulo: É Realizações, 2016. |