Seguiremos com a leitura do livro “Filosofia verde”, de Roger Scruton:
Seguiremos com a leitura do livro “Filosofia verde”, de Roger Scruton: | ||
Estudos recentes sugerem que há aspectos elementares do comportamento humano, surgidos de adaptações durante a era das cavernas, comuns às mais diferentes culturas do planeta. Um deles é o ímpeto de cuidar da própria morada. Este, para Roger Scruton, é o fundamento para retomar o senso de responsabilidade perante o ambiente e as futuras gerações. A motivação é a oikophilia, o amor ao lar – não somente à própria morada, mas também ao conjunto de pessoas e moradas do lugar. Um sentimento de um lugar que é nosso, onde a vida prossegue e o tempo presente está conectado com o passado e o futuro. Uma das mais exitosas formas de estabelecimento de um lar em um território comum é a nação. | ||
O autor retoma ideias desenvolvidas por Edmund Burke que são o núcleo do pensamento conservador. O compromisso com as gerações futuras só é possível com o respeito aos mortos, pois o amor ao desconhecido nasce do conhecido. Daí a importância de uma sociedade fundada na associação entre os mortos, os vivos e os vindouros, a qual gera relações de afeto e lealdade. Estas só podem ser construídas de baixo para cima, nas interações entre pessoas que geram as iniciativas cívicas e os “pequenos pelotões”. Nestes se formam as tradições, uma forma de conhecimento que resulta da experiência de nossos antepassados. | ||
Tais ideias são vistas com desdém pelo pensamento moderno vigente, que acaba focando apenas no futuro e esquecendo do passado, o que nos separa das motivações para proteger as próximas gerações e gera o difundido e pernicioso sentimento de oikophobia. Esta caracteriza-se por uma atitude de aversão ao lar e a formas tradicionais de associação, semelhante à que os adolescentes têm em relação aos pais e às tradições familiares. Desse modo, oikofóbicos tendem a promover instituições transnacionais e agendas pretensamente universais, mas que acabam aniquilando as motivações que levam a uma real resolução dos problemas. | ||
Por hoje é isso! A leitura segue no próximo Hora da Leitura. | ||
REFERÊNCIA:SCRUTON, Roger. Filosofia verde: como pensar seriamente o planeta. Tradução de Maurício G. Righi. São Paulo: É Realizações, 2016. |