HORA DA LEITURA - FILOSOFIA VERDE (CAPÍTULO 8)
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HORA DA LEITURA - FILOSOFIA VERDE (CAPÍTULO 8)

natacam
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Seguiremos com a leitura do livro “Filosofia verde”, de Roger Scruton:

A oikophilia se sustenta em duas motivações que inspiraram a maior parte dos mais expressivos movimentos de preservação, que são o amor à beleza e o respeito ao sagrado, as quais, para Roger Scruton, devem estar conectadas. Apreciar a beleza de algo faz lembrar que não existe somente o valor instrumental, mas também o valor intrínseco, fazendo com que a beleza seja uma motivação mais forte que qualquer justificativa utilitária para a preservação do planeta e da paisagem. É importante frisar que o autor não trata o conceito de beleza de forma subjetiva e sim objetiva: não como uma questão de gosto individual, mas sim como um elemento de harmonia na construção de um lugar compartilhado.

Para ilustrar a questão da beleza e de sua profanação, Scruton menciona trabalhos referentes a planejamento e construção de cidades. Tradicionalmente, as cidades desenvolviam-se de forma espontânea e orgânica, sem um planejamento de tecnocratas. Novas construções buscavam se encaixar harmonicamente no tecido urbano já existente. Com o modernismo, porém, vieram o funcionalismo, as leis de zoneamento e as intervenções urbanísticas propostas de cima para baixo por “especialistas”, que, ao desprezar o conhecimento transmitido por gerações, aniquilaram a vida nas ruas e contribuíram com a degradação e a desumanização dos centros urbanos. Em suma, não somente um desastre ecológico, mas também estético.

Assim como o senso de beleza é um empecilho à destruição, a piedade também é uma motivação para a preservação de lugares vistos como sagrados. Motivação universal, não necessariamente ligada a uma crença religiosa e vinculada à memória, à permanência e ao pertencimento. Sagrado, lembra o autor, não tem a mesma motivação da salvação. Esta, como vista no capítulo 3, pode tornar-se uma força destrutiva, enquanto aquela, mais ligada ao amor e ao cuidado pelos lugares sagrados, é uma força contendora da destruição.

Por hoje é isso! A leitura segue no próximo Hora da Leitura!

REFERÊNCIA:SCRUTON, Roger. Filosofia verde: como pensar seriamente o planeta. Tradução de Maurício G. Righi. São Paulo: É Realizações, 2016.