Seguiremos com a leitura do livro “Filosofia verde”, de Roger Scruton: | ||
Ao longo da leitura do livro, chega-se à seguinte questão: então quer dizer que a oikophilia é atributo exclusivo da direita e a esquerda é necessariamente internacionalista e oikofóbica? Não necessariamente. Roger Scruton aponta que, entre as influências do ambientalismo cívico, encontram-se autores que defendem um “patriotismo de esquerda”, ligado à defesa de pequenas comunidades e de suas características locais. O filósofo cita o exemplo do próprio pai, simpatizante do Partido Trabalhista britânico, fundador de uma associação civil destinada à proteção do ambiente da cidade onde vivia, mas que era avesso ao internacionalismo do Partido Comunista. | ||
Problemas ambientais globais, governos nacionais autocráticos e tratados internacionais “para inglês ver” alimentam a tentação de implantar um sistema de governo transnacional, modelo que inspira organizações como a União Europeia e os organismos subordinados às Nações Unidas. Tal ideia, porém, ao ser confrontada com os fatos, é insustentável, pois não respeita o senso de pertencimento das pessoas comuns, ligado a lealdades locais. No fim, torna-se um sistema de governo comandado por burocratas não eleitos que impõem uma montanha de normas de cima para baixo, sem respeito a diferenças nacionais e que, além de não resolver os problemas, cria novos. | ||
Sentimento nacional não é necessariamente sinônimo de chauvinismo. Scruton diferencia o perfil cosmopolita do internacionalista. O primeiro aprecia todas as formas pacíficas de vida humana e respeita os diferentes costumes e culturas, mas também nutrem o sentimento de oikophilia pelo seu lugar de origem. Já o segundo quer apagar as diferenças entre as pessoas, defendendo agendas que destroem apegos locais e alteram os costumes conforme a conveniência política, econômica e/ou cultural, a fim de tornar o mundo homogêneo (ainda que aparentemente diverso). | ||
Por hoje é isso! A leitura segue no próximo Hora da Leitura! | ||
REFERÊNCIA:SCRUTON, Roger. Filosofia verde: como pensar seriamente o planeta. Tradução de Maurício G. Righi. São Paulo: É Realizações, 2016. | ||
COMENTÁRIO: A frase que melhor sintetiza o perfil cosmopolita acima citado é a seguinte, proferida pelo professor Henrique Richter (serrano de coração): "Valorizemos o que é nosso, sem desprezo ao bom que é dos outros". |