A partir de agora, teremos este novo espaço no canal, destinado a pequenos e despretensiosos ensaios sobre algum assunto pertinente e interessante a ser tratado neste formato. Usando como tema a data de hoje, um importante marco temporal na f...
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A partir de agora, teremos este novo espaço no canal, destinado a pequenos e despretensiosos ensaios sobre algum assunto pertinente e interessante a ser tratado neste formato. Usando como tema a data de hoje, um importante marco temporal na formação do Brasil, faremos uma reflexão sobre uma frase do professor Henrique Richter que inspira as postagens deste canal: “valorizar o que é nosso, sem desprezo ao bom que é dos outros”. Aqui não importa se você é de esquerda ou de direita, governista ou oposicionista, nenhuma dessas divisões artificiais. Não pensemos somente no ano que vem, pensemos nossa nação num prazo mais longo. | ||
Nos últimos tempos, o assunto Brasil tem sido uma constante em conversas nos variados meios. Lamentavelmente, o sentimento geral é de que o arranjo vigente se encontra esgotado, não se vislumbrando saídas para resolver as questões que nos afligem. Para piorar a situação, nossa sociedade está cada vez mais rachada, deixando se levar por forças externas que estimulam cada vez mais a cizânia e o conflito, esquecendo os elementos compartilhados que nos fazem brasileiros, fundamentais para sabermos nossas raízes, nosso propósito e nossa vocação. É um buraco que tem muita lama; chafurdá-la toda demandaria um ensaio mais longo. Cavemos um pouco para abordar um de nossos desafios. | ||
Esta fraqueza é muito conhecida e já foi amplamente tratada – Nelson Rodrigues a definia como “complexo de vira-lata”. Trata-se da tendência do brasileiro a idolatrar tudo o que vem de fora, especialmente se vier de um lugar tido como “avançado” (como os EUA e a União Europeia), e a desprezar tudo o que é familiar e o que é originário daqui. Isso se manifesta de muitas formas. Desde o desdém com o qual são tratados a nossa história, os nossos símbolos, nossa cultura e nossas tradições até a tendência a querer importar ideias e soluções vindas de outras nações e implantá-las no Brasil sem a menor consideração com as nossas particularidades, resultando num desastre ainda maior que o problema original. | ||
Evidente que a saída não é se fechar num claustro e deixar de lado todo e qualquer elemento vindo de fora, pois não devemos “desprezar o bom que é dos outros”. Muito menos insuflar um questionável sentimento de superioridade frente a outros povos, algo que tantos males trouxe ao mundo. Sem embargo, a saída começa pela primeira parte da frase de Richter, por “valorizar o que é nosso”. | ||
Para valorizar, é necessário conhecer. Conhecer os elementos que formaram nossa nação, nossa história, nossos símbolos, nossa cultura e nossas tradições. Saber que, mesmo tendo sido um processo forjado “a ferro e fogo”, com muitos mortos e feridos no caminho e com uma miríade de problemas que nos afetam – como por exemplo, a vergonha que é nosso saneamento básico – temos também muitas coisas que são motivo de valorização. Conhecendo e valorizando nossas origens, abre-se o caminho para acessar nosso propósito e nossa vocação. Com isso, a partir de nossos elementos e considerando as particularidades de nossa formação, deixando-se de lado modelos externos inadequados à nossa realidade, é possível a busca da melhor saída possível para nossos problemas e a concretização do sonho profético de São João Bosco e da Nova Roma de Darcy Ribeiro. | ||
Se isso vale para o âmbito macro de uma nação, também se aplica para os entes menores que a formam, como nossa região, nossa comunidade, nossa família e nós mesmos. Ademais, não é possível fazer todo esse processo com o Brasil se não fazemos antes “o dever de casa”: conhecer e valorizar nossa família e nossos ancestrais, buscando-se nela a melhor resolução possível dos problemas, a fim de cumprir com o nosso propósito e a nossa vocação. | ||
Por hoje é isso! Até o próximo Hora do Ensaio! |