Como acabei no prédio da faculdade de música quando fui me matricular para jornalismo na UFMG
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Como acabei no prédio da faculdade de música quando fui me matricular para jornalismo na UFMG

Eu tentei fugir, sabe? Em vários momentos da minha vida, me vi em frente a um caminho bifurcado. Pra que lado eu vou? Nem sempre escolhi o caminho certo. (Pensamentos Neuróticos - INEZ, Carolina).

Carolina Inez
2 min
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Eu tentei fugir, sabe? Em vários momentos da minha vida, me vi em frente a um caminho bifurcado. Pra que lado eu vou? Nem sempre escolhi o caminho certo. (Pensamentos Neuróticos - INEZ, Carolina).

Há quem acredite em destino, que nosso caminho tá traçado, que existe uma missão pra cada um de nós nessa vida. Eu alterno entre acreditar e desacreditar com veemência. Sou tão crente quanto descrente fervorosa. 

Mas como artista que sou, sempre vou ter um pezinho no transcendental, no indizível. Sempre vou sentir algo no ar, perceber o imperceptível (ou inexistente). E é sobre isso essa história meio maluca que vou contar. Que pra alguns pode ser besteira, mas pra mim, na época, significou muito. 

Eu, que sempre, durante todos os meus 18 anos, tive a certeza da música como a minha escolha mais certa, estava, em 2014, indo me matricular para Comunicação Social/Jornalismo na UFMG (um dia explico melhor aqui como foi esse processo). Durante todo o caminho da ida, eu não conseguia tirar da minha cabeça que estava fazendo a coisa errada. 

Quem se lembra da fase pós ensino médio, sabe que a pressão é gigantesca para se escolher um caminho (vulgo curso na faculdade) confiável e estável para o seu futuro adulto e responsável (vulgo cursos específicos e jamais na área artística, nem pense nisso!!!). E era isso que o meu eu de 18 anos estava fazendo: tinha se deparado com um caminho bifurcado e cedeu à pressão de seguir por aquele mais "seguro". Um curso sério na universidade. Garantir o diploma. E lá ia eu. Mas com uma dor no coração...

Quando cheguei, segui as plaquinhas corretamente para chegar ao local onde estavam sendo realizadas as matrículas. Juro que segui! Ansiosa, nervosa, cheguei no local que eu achava ser o indicado. Mas não tinha ninguém... Imaginava que teria uma fila grande, cheio de calouros ansiosos pela matrícula... mas nada! 

Perguntei para a pessoa que estava na entrada e parecia ser funcionário da universidade. "É aqui que estão fazendo as matrículas? Vim fazer minha matrícula pra jornalismo...". Foi aí que ele me disse: "Não. Não é aqui! Aqui é a faculdade de música...". 

Pode parecer loucura e coincidência: a UFMG é enorme e eu me perdi. Mas naquela hora, olhei ao meu redor e me emocionei. Fiquei lá por alguns instantes pensando e me sentindo melhor do que quando cheguei na universidade. Eu pensei: não importa se eu tomei o caminho errado. O caminho certo vai me achar. Eu tive CERTEZA ABSOLUTA disso. Eu respirei em paz.

O que eu achava que era uma bifurcação, não era. No final das contas, os dois me levariam ao mesmo destino, mas em tempos diferentes. E realmente foi isso o que aconteceu. 

Ou foi só coincidência. Ou talvez eu só estava na minha fase mais crente: aquela em que qualquer passarinho na janela é sinal. Mas uma coisa é certa: tudo o que aconteceu a partir daquele dia, me trouxe até aqui. Mas qualquer caminho faria isso, não é? Quem vai saber dizer?

O que eu sei é que o caminho que a gente escolhe é o certo, sempre vai ser. Simplesmente porque nós o escolhemos. A partir daí ele se torna o único possível. O único que existe. Naquele dia eu entendi que não estava perdendo nada: que fazer jornalismo não me afastaria da música. E que a vida não é 8 ou 80. E que tudo seria possível, a partir do momento em que eu escolhesse isso. E sigo escolhendo, ou tentando escolher... E doida pra saber onde é que isso vai dar...