Chegamos a mais um periódico semanal.
Chegamos a mais um periódico semanal. |
Dessa vez, a sugestão nos stories foi conversarmos um pouco sobre o acontecimento da última semana. Você sabe... sobre o falecimento da cantora Marília Mendonça e a frase que ecoou nas redes sociais: “a vida é um sopro.” |
E bem… se a conversa é sobre a morte ou o suposto sopro da vida, não espere que eu te arranque sorrisos, tampouco te sirva minhas doses geladas de ironia. |
Espero hoje, distribuir um pouco de sal sobre suas feridas, assim como farei com as minhas. |
No final, esse texto talvez machuque ambos. Torço para que pelo menos, você saia daqui curado. |
Era sexta-feira, dia 05, quando eu estava finalizando meu treino na academia. Estava no final de um exercício de panturrilhas, o famigerado: treino mais chato do mundo. |
Com frequência, olhava para a porta só pra ver se a chuva já tinha começado ou se eu avistava uma desculpa para finalizar o treino antes da hora. |
Entre uma série e outra, puxo o celular e me deparo com a notícia do acidente do avião de Marília Mendonça passando pelo feed do facebook. |
Alguns minutos depois, a confirmação da morte. |
Logo ao chegar em casa, uma mensagem toma conta das redes sociais: |
"A vida é um sopro." |
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Só que dessa vez, resolvi acompanhar o movimento com mais atenção e embora estivesse comovido com o ocorrido, tentei me manter, de certo modo, mais analítico. Foi assim… |
...Que eu percebi algo interessante. |
A gente tem um medo danado de morrer, né? |
Como Machado de Assis fala em Memórias póstumas de Brás Cubas: |
“Eu que meditava ir ter com a morte, não ousei fitá-la quando ela veio ter comigo.” |
Temos tanto medo, que resolvemos nem pensar. Nos esquivamos do assunto como um amontoado de minhocas costuma deslizar umas sobre as outras para fugir da mão do pescador. |
Vivemos dando tapas na fronte do nosso pensamento toda vez que ele ousa trazer à tona a morte. Já percebeu isso? |
Na casa dos meus pais, quando meu pai “brinca” com esse tema, a mãe já interrompe imediatamente o assunto com um… NÃO FALA BOBAGEM! |
O semblante muda. Os olhos caem. Os sorrisos largos ficam amarelos e fechados em instantes. |
Tudo muda quando a morte chega. Seja ela uma verdade ou uma palavra. |
Quando uma celebridade se vai, voltamos a olhar para a morte em maior escala. O problema, é que o único impulso, na maioria das vezes, é o medo. |
Compartilhamos algumas mensagens com o fundo preto e as letras brancas, ficamos reflexivos e… bem, parece que não é só a vida que é um sopro, né? Cabou. |
Alguns dias depois, voltam as reclamações, voltam as mentiras, volta a inveja, voltam as sujeiras da nossa alma.... |
Tudo aquilo que alimenta nosso medo da morte, volta. |
E por algum motivo, abraçamos essa sujeira permitindo que ela turve nossa visão e não nos deixe ver que… se a vida é um sopro, a morte é um furacão. |
Um furacão arrasador que não conseguimos controlar. Ele chega, leva o que tem que levar, e ficamos — ou vamos. |
Se ficamos, ficamos com lembranças. |
Se vamos, há um destino para nossa alma — e eu respeito se você acredita que acabou aqui. |
De qualquer forma, se ficamos ou se partimos, é incontestável a necessidade de preparo para enfrentar a morte: |
E esse preparo só vem quando olhamos para aquilo que temos controle: nossas ações em vida. |
E quando aceitamos aquilo que é imutável: a ordem natural das coisas. |
Um dia, tudo acabará. Será o último sorriso, a última mensagem no whatsapp e a última viagem. |
Um dia, será a última pizza, o último meme enviado e o último entrelaçar de dedos. |
Um dia, o aperto no peito será tão forte que as lágrimas irão escorrer copiosamente pelo seu rosto buscando trazer pra fora aquilo que não cabe mais aí dentro. |
Talvez você esteja lembrando de algumas pessoas. Lembrando do quanto as ama e as quer para sempre por perto. É normal, eu também estou. Inclusive, uma delas está nos meus pensamentos e deitada do meu lado enquanto eu escrevo para você. |
Ao mesmo tempo, lembro daquelas que já partiram. Lembro da dor, mas também lembro da mansidão que habita meu coração em lembrar que... vivemos o que tínhamos para viver juntos. Entre os apertos da vida, sorrimos e fomos felizes. Fomos felizes. |
A vida é assim: volátil. Sempre a uma faísca de dar uma virada surpreendente rumo à vitória ou deixar você de joelhos lamentando a dor de perder alguém. |
Se ela é um sopro, eu não sei, talvez seja.Só sei que me esforço para tornar esse sopro marcante aos que me rodeiam. |
Para que a minha vida seja um sopro sincero. Um sopro de amor e entrega. |
Que eu abrace com força diariamente minha responsabilidade de servir quem está à minha volta. De ser útil, prestativo e um porto seguro para os meus. Porque afinal, é isso que restará quando Deus determinar que acabou: nossas escolhas. |
A boa notícia é que enquanto há fôlego, há tempo de escolher uma vida sem margem para arrependimento e revoltas sobre as perdas. Você pode escolher essa vida agora mesmo, ao terminar de ler esse e-mail. |
Uma vida onde, a certeza da sua entrega ofusca o medo da suposta perda. |
Onde tudo que foi construído, jamais poderá se perder em final algum. |
Se a vida terrena é um sopro, sopre bondade à sua volta. Porque é esse sopro que purificará seus pensamentos no dia mau. |
“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” |
Por hoje é só. Espero que você tenha gostado do periódico de hoje e que essa semana seja proveitosa para você. |
Um forte abraço, |
Vinícius Borges. |