Liberdade de expressão?
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Liberdade de expressão?

Clarice Naddeo
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Eu me converti para a religião evangélica em julho de 2020 e, sendo a única das minhas amigas que é religiosa, eu preferi não falar nada para ninguém. Decidi viver minha fé quietinha, sem ter que me justificar ou explicar porque eu decidi tomar essa decisão tão "radical". 

Eu não acho que se converter seja algo radical. Eu acho que se converter é assumir que você mudou de opinião, que você se encontrou e, principalmente, que você finalmente encontrou e entendeu sobre o amor de Jesus. 

Depois que cheguei aqui na França, senti no meu coração que eu queria falar mais sobre a minha fé, dar o meu testemunho, trazer a minha religião um pouco mais para a minha vida social. Eu percebi que não preciso sentir vergonha nem receio de me sentir julgada, que falar sobre o cristianismo me aproximaria de pessoas que pensam igual à mim.

Ao me posicionar sobre minha fé nos stories do instagram, duas coisas muito interessantes aconteceram. 

A primeira: eu descobri que várias pessoas que eu conheço, várias mesmo, são cristãs e também tem "medo" de falar sobre isso nas redes sociais. Todas me responderam, felizes de ver alguém que elas conhecem falando coisas que elas pensam. Claro que existem influencers no instagram que são cristãs, mas é algo extremamente nichado, entende?

A segunda: as pessoas que não são religiosas acham que elas tem o direito de ser ativamente contra a sua religião. Eu recebi insultos, mensagens nem um pouco educadas de pessoas que discordavam de mim e vi que meu receio não era nem um pouco infundado. 

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Quando eu me considerava feminista e postava coisas a favor do feminismo, eu nunca tive esse tipo de reação de pessoas que discordavam de mim. Agora, ao postar uma foto da minha bíblia, recebi xingamentos como "burra", "imbecil", apenas por... estar estudando a bíblia. 

Ambas as reações que recebi aumentaram minha vontade de me posicionar sobre a minha fé. Eu quero atrair mais pessoas que compartilham das minhas crenças, quero poder conversar sobre esse tema que tanto me interessa e, acima de tudo, quero provar para as pessoas que discordam de mim que eu não serei silenciada apenas porque não pensamos da mesma forma. Se eu posso tocar pessoas que pensam como eu, qual o sentido de me calar para agradar aqueles que não concordam?

As pessoas tem o direito de discordar umas das outras, mas não tem o direito de ofender ou insultar quem tem opiniões diferentes. Discussões só são úteis e saudáveis quando um lado quer ouvir o que o outro tem a dizer, nunca quando o único objetivo é tentar convencer outra pessoa a pensar exatamente como você. 

E se você acha que aquela pessoa está tão errada, que ela tem uma visão de mundo tão absurda, para de seguir. Segue quem você concorda. A gente pode filtrar o conteúdo que consome. Não pregue tanto por liberdade e tente censurar o outro. 

Isso tudo me fez pensar naquela frase (que infelizmente eu não sei quem é o autor): 

"As pessoas não querem ouvir a sua opinião. Elas querem ouvir a opinião delas saindo da sua boca."