Era como se ele dissesse "Cadê a esperança que você vive?"
Enquanto a reunião rolava... | ||
Mais um destino para o laudo: | ||
Para Anderson, um grande amigo. Podemos passar tempos sem contato, mas quando precisamos, sabemos que temos um ao outro. Até pra xingar verdades, nesse caso ele quem faz isso. | ||
Ele é aquele amigo que há alguns anos atrás, chegou no setor que trabalhávamos juntos - onde nos conhecemos - me encontrou calada, seria, no meu mundinho, após 30 minutos convivendo com essa minha versão, parou e com seu jeito firme e determinante, falou: | ||
- Chega! Já chega! Não sei o que está lhe acontecendo, nem preciso saber, só sei de uma coisa: Você assim não. Não aceito, Merielle! Essa não é você. Não consigo vê-la assim. Você assim é incabível. Quando não estou bem você é uma das pessoas que falo e sinto alívio, transmite esperança, às vezes só de lhe ver lembro das nossas conversas e penso, ela acredita, vou crer também. Ver você assim é de pensar: A Esperança acabou! Não dá! | ||
Ah! É importante destacar aqui que no drama ele é melhor que eu. É mais ousado, eu sou mais fresca. | ||
Ali, olhei apática pra ele, não respondi, mas pensei: | ||
- Eu tenho direito de ficar triste. Eu posso não estar alegre. Ele é louco. Vou ignorar. | ||
Mas quando observei sua expressão, dei um desconto no drama e vi o que estava tentando despertar em mim. | ||
Ele queria dizer que eu era sua amiga das palavras de fé e esperança, que nos momentos difíceis eu não deixava de acreditar, mesmo diante de situações bem improváveis e difíceis. Era como se ele dissesse "Cadê a esperança que você vive?" | ||
Foi quando a Merielle reviveu. | ||
Então, voltando ao dia 20 de outubro de 2020, enviei o PDF do laudo pelo Whatsapp para Anderson. | ||
Na mesma hora, sua ligação: | ||
- Diga agora que esse exame não é seu. Isso está errado. Não aceito. Você não. Quem redigiu isso? | ||
- Anderson, pelo amor de Deus, esse exame é meu. A Rivia não sabe, não diga nada a ela. | ||
Rivia, completa o nosso trio. Quando a conheci ela tinha acabado de perder o noivo, o câncer encerrou os planos dos dois há cerca de 17 anos. Eu não queria resgatar lembranças dolorosas nela. | ||
- Merielle, não se preocupe. Só vou enviar para alguns amigos para averiguar esse laudo. Não lhe conhecem. | ||
- Tudo bem. | ||
- Enquanto isso, se acalme, não faça pesquisas no Google, e repito: não aceito esse laudo. Melhor! Vá amanhã sem falta. Me prometa que amanhã você irá nesse laboratório pegar as lâminas desse exame e traga pra mim. Vamos conferir isso. Me prometa que vai pegar! | ||
- Ok, eu vou pegar. | ||
- Você está bem? | ||
- Estou. | ||
- Tudo bem. Percebi que sua voz tá bem. | ||
- Percebi que você ligou pra conferir isso. | ||
- Pois me diga mais uma vez que vai pegar essas lâminas amanhã sem falta. | ||
- Eu vou, prometo. | ||
Não percebi, mas Livinha lá da mesa de reunião observava minha conversa ao telefone. | ||
Quando voltei pra o meu lugar ela falou: | ||
- Nega, não sei quem era, mas essa pessoa pode lhe endoidar. Você já está com essa situação de ter que correr contra o tempo, ainda ir buscar lâminas e refazer exame. Meu medo é que isso atrase tudo. E você perca o tempo de resolver logo isso. | ||
- Amiga, prometo que não vou parar quanto as providencias que preciso tomar agora, vou tentar resolver isso o quanto antes. Só preciso entregar as lâminas a ele. | ||
- Mas isso só vai lhe estressar mais diante de toda situação. | ||
- Não se preocupe. Meu amigo está preocupado e cuidando de mim. É o jeito dele. Mas vai ficar tudo bem. Ele uma vez me lembrou o quanto temos esperança. Eu sei que não será fácil, mas vai ficar tudo bem. | ||
Por falar em esperança, enviei o laudo para Taciana. | ||
Continua... |