O Problema não é "Fake News"
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O Problema não é "Fake News"

Estamos nos aproximando do dia de votação do segundo turno das eleições no Brasil e o que vemos na imprensa é que a polarização atinge um nível gigantesco. Ao ponto de que não é mais possível saber o que é verdade ou o que é mentira, de todas...

Erick Couto
3 min
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Estamos nos aproximando do dia de votação do segundo turno das eleições no Brasil e o que vemos na imprensa é que a polarização atinge um nível gigantesco. Ao ponto de que não é mais possível saber o que é verdade ou o que é mentira, de todas as partes.

A imprensa passa 24 horas por dia denunciando, mas ao mesmo tempo alimentando este pensamento. Não podemos ser ingênuos em acreditar em sua imparcialidade, até porque nunca foi seu objetivo. A imprensa precisa ser independente, livre para expressar seus pensamentos, e sua credibilidade se constrói através da exposição dos fatos e de dar ao receptor os elementos necessários para que ele possa refletir e tirar suas próprias conclusões.

Não é papel da imprensa decidir o que é certo ou errado. Muitos anos atrás, quando iniciei na faculdade de Jornalismo (não me formei, que fique claro, pois vi que minha preferência profissional estava ligada a área de Exatas) aprendi que você sempre deveria dar voz ao contraditório, ouvir os dois lados de uma estória.

Esse é um direito do receptor, cabe a ele interpretar a mensagem conforme seu contexto e construir seu juízo de valor.  Quem dá o peso a um conteúdo e diz se é verdade ou não, é ele. Infelizmente o que vemos hoje é que muitos dos canais que deveriam prezar pela liberdade de pensamento, emitem opiniões enviesadas, sem contraditório, sem direito de defesa, como se fossem juízes e falassem pela moralidade e pela ética.

O termo "Fake News", embora esteja em moda, nada mais é do que uma guerra de narrativas que existe desde que o mundo é mundo. O grande problema é que a tecnologia deu escala e velocidade para sua utilização.

Vou usar um provérbio antigo, que dizia “Ne nuntium necare” ou em bom português “Não mate o mensageiro” para fazer um paralelo. A "Fake News" é o método de se criar uma narrativa, muitas vezes perversa, mas que tem um objetivo de fazer prevalecer uma argumentação em relação a outra. É vil, injusta, mentirosa, oportunista, mesquinha e por vezes criminosa, mas o problema não é ela.

"Fake News" não mata, ao contrário do que algumas pessoas dizem. Não é a mensagem que aperta o gatilho, se ela entrar por um ouvido e sair por outro não serve pra nada. Nada mais é do que um ruído que tenderá ao silêncio a partir do momento em que o receptor enxergue que ela não agrega nada para ele. E se agregar, o problema é o receptor!

Deveríamos investir em aumentar o acesso à informação de qualidade, dar acesso a discussões sadias, nos abstermos de tentar impor ao receptor e dar oportunidades iguais de argumentação para todos os envolvidos, por mais esquisito, torto, ignorante ou idiota do que possa parecer, afinal, em alguns contextos o idiota pode ser aquele que tem certeza ser o detentor da verdade.

E se mesmo assim ele decidiu pela narrativa, você fez sua parte e ele decidiu pelo melhor caminho conforme seu contexto. Respeite sua opinião, evolua e melhore sua forma de argumentar e, quem sabe, você consiga trazê-lo para seu lado.

Estória por estória (desculpem a licença poética, religião não é minha praia), a serpente falava para Eva comer a maçã, ela teve informação anterior de que não deveria, e mesmo assim seguiu e fez. Não teve STF para impedir a serpente de falar.. E não dá para dizer que sua decisão foi boa ou ruim.