Dia 15 (30 de agosto) - O estereótipo do bolsonarismo lidera a corrida para o Senado

Não precisei de muitos minutos de pesquisa para constatar o que está escrito no título do texto de hoje. O atual deputado estadual, Cleitinho, do Partido Social Cristão (PSC), é um personagem construído a partir da antipolítica: não mede palavras, usa vestimentas populares (como camisas de futebol), discursa contra privilégios da política (ao mesmo tempo em que usufrui deles).

Em visita a Minas Gerais, na semana passada, Bolsonaro chegou a dizer que está trabalhando para que Cleitinho deixe de ser “um cara ligado no 220”. Segundo o atual presidente, o deputado estadual é muito explosivo. Bolsonaro chegou a dizer o seguinte: "Já fui parecido com esse 'bicho' no passado".

Em primeiro lugar, entendo ser relevante fazer uma análise do partido de Cleitinho, o PSC. De acordo com o CPDOC, da FGV, em 2010, o partido do pastor Marco Feliciano participou da coligação que elegeu Dilma Rousseff à presidência. Após sucessivas polêmicas, sobretudo em relação à união homoafetiva, o PSC deixou a base aliada do governo Dilma, em 2014, e lançou a candidatura própria do pastor Everaldo Pereira.

Na campanha de 2014, o candidato do PSC já vocalizava pautas tidas como conservadoras em termos de direitos, moral e costumes, mas liberais no que concerne à economia. Era um prenúncio do que viria em muitas das candidaturas no ano de 2018.

Na atual legislatura, conforme a página Radar do Congresso, o PSC possui 93% de alinhamento com as pautas do atual Presidente da República. 

Fica bastante claro o que defenderá Cleitinho no plenário do Senado: pautas alinhadas com o atraso sociocultural brasileirco, sustentadas pelo preconceito religioso e pela homofobia imiscuídos em seu partido político.

Infelizmente, a pesquisa IPEC revelada hoje mostra Cleitinho na liderança, com 15% dos votos. Como falei, entretanto, a decisão dos votos para o Senado ocorre muito em cima da hora, o que fica evidente com o grande percentual de indecisos. Há tempo para que outras candidaturas consigam maior exposição.

Imaginei que seria preciso uma pesquisa mais detida, mas não foi necessário. Cleitinho é uma figura rasa, enfeitada de estereótipos toscos e que abraça de forma convicta o bolsonarismo.