Falar com Deus
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Falar com Deus

Quando muito pequenos, seus pais ou responsáveis esperaram, ansiosos, pelas suas primeiras palavras, e você provavelmente fez exatamente isso com o seu filho.

Dra. Bianca Urbano
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Quando muito pequenos, seus pais ou responsáveis esperaram, ansiosos, pelas suas primeiras palavras, e você provavelmente fez exatamente isso com o seu filho. O balbuciar do primeiro “papa” ou “mamã” foi, sem dúvida alguma, um motivo de grande festa para você. Principalmente quando ele era dito te olhando, não apenas solto a qualquer momento.

Nós, quando crianças, não aprendemos isso do absoluto nada. Apesar de sermos animais racionais, conscientes e comunicativos, as palavras não soam da nossa boca num passe de mágica. Elas são aprendidas, seja porque alguém nos ensinou ou porque imitamos alguém.

Quando se trata da Oração, que se trata de um diálogo com Deus, como dito nas últimas cartas, reconhecendo que ele é uma Pessoa, não é diferente.

Jesus, sendo a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, veio para este mundo justamente para nos unir ao Pai, tanto com o seu sacrifício, quanto com Seu exemplo. Sabendo Ele, que temos essa tendência mimética (de imitação), e sendo nosso principal modelo, seu maior desejo é que o imitemos, nos relacionando com O Pai a todo o momento.

Isso fica claro em todas as vezes que Jesus saía para orar, quando Ele nos ensinou o Pai Nosso, e de forma muito específica, na parábola do Juiz Iníquo (cf. Lucas 18,1-7):

Nela, ele apresenta uma viúva que vai dia e noite diante do juiz iníquo para pedir que ele faça justiça à ela diante do seu adversário. Ele a ignora durante muito tempo e só depois, após refletir, pensa em corresponder ao seu pedido.

Pode não parecer, mas muitas vezes Deus se porta assim conosco.Mas como assim, Dra? Como você pode dizer que ele age como esse juiz iníquo?” Eu vou te explicar: Deus, por ser uma Pessoa, não costuma dar “intimidade” a todos aqueles que se apresentam diante dEle, e nem costuma corresponder aos nossos pedidos de forma imediata.

Ele faz isso porque, para ter intimidade, é necessário ter convivência. Você nunca vai dar acesso aos seus segredos, a sua realidade mais íntima para uma pessoa que você acabou de conhecer. Com Deus, costuma ser exatamente assim!
Muitos dos santos da Igreja Católica tiveram que traçar um caminho para se tornarem “amigos de Deus”; nenhum deles, com exceção da Santíssima Virgem e de São João Batista, nasceu santificado, Deus é que os faz assim com sua graça, mas com disposição contínua, ininterrupta deles. Lembre-se daquela frase da nossa primeira carta:

Deus dá a qualidade da oração, mas quem dá a quantidade sou eu!

E quando entregamos quantidade, sem negligenciar as nossas obrigações e deveres — pois elas também agradam a Deus, Ele passa a dar acesso ao Seu coração, e passa a olhar a sinceridade dos nossos pedidos conforme a frequência que o temos feito e sua finalidade. 

Santo Tomás de Aquino nos ensina que Deus costuma corresponder com certeza aquela oração que tem como finalidade a salvação da nossa alma e nossa proximidade dEle.

Eu te convido a meditar agora qual tem sido o conteúdo da sua oração: Aquilo que você fala com Ele tem como intenção a sua conversão pessoal? Sua salvação e dos seus? Nela, você prioriza a sua amizade com Deus? Ou apenas fala a respeito de trivialidades, futilidades e materialidades que compõem a sua vida?

Apesar de podermos falar tudo com Ele, pois Nosso Senhor realmente deseja nossa amizade, você deve buscar a falar com Ele sobre aquilo que interessa principalmente a Ele.

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A partir de hoje, procure separar um tempo para estar com Ele, pois se existe “um tempo para cada coisa debaixo do Céu”, como há o tempo do seu trabalho, falar com sua família e amigos, comer e beber, também deve haver o tempo d’Ele!

Para começar, separe 10 minutos em dois momentos do seu dia para estar com Nosso Senhor; seja um momento de manhã e um a tarde, ou um a tarde e outro a noite, faça segundo sua circunstância, mas faça. E nesse momento se desconecte de tudo para falar somente com Ele. Para te auxiliar, comece com essa breve oração:
Meu Senhor e meu Deus, creio firmemente que estás aqui, que me vês, que me ouves. Adoro-Te com profunda reverência; peço-Te perdão dos meus pecados e graça para fazer com fruto este tempo de oração. Minha Mãe Imaculada, S. José, meu Pai e Senhor, Anjo da minha Guarda, intercedei por mim.

Após terminar esses 10 minutos (e se você estiver começando seu hábito agora, ou recomeçado: que no começo não passe disso para que você possa criar um hábito firme), faça essa:
Dou-Te graças, meu Deus, pelos bons propósitos, afetos e inspirações que me comunicaste nesta meditação; peço-Te ajuda para os pôr em prática. Minha Mãe imaculada, S. José, meu Pai e Senhor, Anjo da minha Guarda, intercedei por mim.

Faça esse dever de casa, e se desejar, partilhe comigo como foi a sua experiência e o que tem notado de diferente na sua prática oracional. Nosso Senhor Jesus Cristo espera por você, então prove que você também espera por Ele com sua constância, compromisso e perseverança!

Abraços,
Dra. Bianca Urbano.


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