The (IM)Perfection
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The (IM)Perfection

O que nos atravessa quando pensamos em realizar procedimentos estéticos afim de “melhorar” a nossa aparência? E quem define o que é melhor? Qual é o grande problema em sermos plurais?

Vitória Britto
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O que nos atravessa quando pensamos em realizar procedimentos estéticos afim de “melhorar” a nossa aparência? E quem define o que é melhor? Qual é o grande problema em sermos plurais?

É sabido que estamos vivendo uma nova onda de padronização. Se há dez anos, ter lábios grossos era sinônimo de chacota – lê-se racismo – atualmente, é o desejo de quase todo jovem. Influencers do Instagram ditam tendências, sejam elas de moda ou lifestyle, e assim, os usuários da plataforma se tornam um exército, no qual todos possuem uma característica em comum que vai além da estética: a insegurança.

Vender a ideia de diversidade is the new black do século XXI. Campanhas publicitárias nos mostram corpos diferentes entre si, diferentes raças, e rostos. E é perceptível o avanço da representatividade na grande mídia. Sendo assim, me pergunto: por que continuamos em busca de um corpo padrão? Por que queremos um rosto harmonizado? Por que continuamos tão insatisfeitos com nossas identidades?

Campanha publicitária da Calvin Klein em 2020, mostrando corpos reais. "Eu falo a minha verdade em "minhascalvins". <i>Fonte: Use Fors</i>
Campanha publicitária da Calvin Klein em 2020, mostrando corpos reais. "Eu falo a minha verdade em "minhascalvins". Fonte: Use Fors

Obviamente somos livres para fazer o que quisermos com os nossos corpos, mas penso que é importante entender o motivo pelo qual nos submetemos a um procedimento estético. É preciso refletir se somos felizes com as nossas características, ou se estamos imersos em um ciclo tóxico de comparação, uma vez que as mídias sociais nos colocam em uma constante exposição ao “corpo ideal”, para que questionemos o amor que sentimos por quem somos, nos fazendo acreditar que precisamos afinar nosso nariz, harmonizar nosso rosto e ter uma boca carnuda para alcançar o belo.

Perdemos a nossa identidade.

Clipe da música "Pretty Hurts" da cantora Beyoncé. O clipe apresenta uma crítica á pressão estética.
Clipe da música "Pretty Hurts" da cantora Beyoncé. O clipe apresenta uma crítica á pressão estética.

Vivemos em uma sociedade que lucra com as nossas inseguranças. Fazer com que enxerguemos defeitos no que nada mais é do que um conjunto de características que nos torna únicos (e lindos!), é uma estratégia do capitalismo para vender um padrão, e assim, excluir uma parcela da população que não se enquadra nele.

Lady Gaga canta:

“Eu sou linda do meu jeito, pois Deus não comete erros, estou no caminho certo, querido eu nasci assim"

Que possamos aprender a enxergar beleza nas nossas individualidades, e que antes de pensar em um novo procedimento, pensemos se realmente nos incomodamos com aquela parte do corpo que queremos mudar, ou se fomos induzidos e condicionados a isso.

<i>Fonte: @danaemercer, no Instagram</i>
Fonte: @danaemercer, no Instagram

Lembrem-se que em uma sociedade que lucra com as nossas inseguranças, amar a si mesmo, é um ato de rebeldia.