De três a cinco tranças rentes ao couro cabeludo, adornadas por fitas ou anéis: essas são as chamadas “Tranças Mandrakas”, penteado que virou fenômeno na rede social TikTok.
De três a cinco tranças alugadas ao couro cabeludo, adornadas por fitas ou anéis: essas são as chamadas "Tranças Mandrakas", penteado que virou fenômeno na rede social TikTok. | ||
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A termo "Mandrake", é originário das periferias de São Paulo, e significa algo estiloso ou descolado. Nas redes sociais, é possível perceber uma estética destinada a essa gíria; faz apologia a um estilo "funkeiro", construído pelo uso de correntes, roupas de marcas importadas, cortes de cabelo e penteados específicos. | ||
O título do penteado tem recebido críticas de pessoas negras, principalmente, por tratar-se de algo que já existia e já possuía um nome. Como tranças Nagô, são utilizados há séculos por mulheres negras – e passou a ser aderida por homens também – e é um patrimônio da história negra. Os penteados afro, denotam, por si, um cruzamento com a história, uma vez que sempre foram utilizados tanto como forma de resistir às violências causadas pelo racismo, que para empoderar e reafirmar a beleza do povo preto. O motivo da revolta tem nome: o feito cultural por uma elite branca. | ||
Se para os usuários da rede social, como tranças tem a ver com a criação de um estilo, ou ainda uma tendência, para as pessoas negras, a trança Nagô (que é o termo utilizado para projetar para um grupo de pessoas escravizadas, neste caso, vindas da costa do continente africano e que falavam Iorubá), vai além da estética. Muito antes de possuir esse nome, esse penteado era utilizado pelas comunidades como forma de representar a família, o estado civil, cerimônias religiosas, e até mesmo, mapas. Ao chegar no Brasil como escravizados, os negros passaram a utilizar essas tranças também, para desenhar rotas de fuga do engenho, um método engenhoso que era muito difícil de ser desvendado. | ||
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Para além da simbologia explícita, como tranças nagô carregam em si um significado afetivo, identitário e afirmativo para a cultura negra. No documentário "Enraizadas", como as roteiristas Gabriela Roza e Juliana Nascimento retratam o processo de trançar, como algo de retarim nas gerações, um signo ancestral que traduz resistência e sankofa. | ||
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