Descentralização progressiva: o que é, onde vivem e do que se alimentam
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Descentralização progressiva: o que é, onde vivem e do que se alimentam

Se nessa avalanche de assuntos sobre Web 3.0 você já topou com o termo "descentralização progressiva", você está no caminho certo! Caso não, agora você também está! Vem com a gente entender melhor como isso funciona.

Echoa | The Creator's Land
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Você deve estar cansado de ouvir falar do Bitcoin. "Desde 2009, com a publicação daquele whitepaper, a economia nunca mais foi a mesma" e blábláblá. De fato, o Bitcoin, bem como todas as criptomoedas que se sucederam, mudaram substancialmente a lógica sobre o funcionamento das moedas -- mas por quê?

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Aqui nessa News, já falamos sobre o fenômeno dos criptoativos e sobre organizações autônomas descentralizadas. E o esses temas tem a ver? Hm... Apenas tudo. Comecemos do início: o Bitcoin é um ativo que não necessita de uma autoridade monetária, dado que sua tecnologia se baseia na Blockchain (e, uau, falamos sobre esse assunto aqui também!).

Isso implica dizer que o Bitcoin por meio de uma rede de pessoas,  se tratando de uma rede descentralizada, em que você é, literalmente, dono do seu dinheiro, não necessitando de pagar taxas para movimentar seus fundos ou limitado por um teto de gastos ditado por um terceiro. Você faz o que quiser com seus ativos -- e isso pode ser tanto bom quanto ruim.

Por exemplo, aqueles que criaram criptomoedas; eles precisaram criar um produto que as pessoas almejem, estabelecendo um protocolo de propriedade a ser operado por toda a comunidade que a utiliza. Para tanto, o elemento comunidade entra como chave fundamental desse quebra-cabeça, já que, para tanto, é necessário construir toda uma jornada relevantemente envolvente para tornar seus usuários recorrentes e fiéis.

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Trata-se, em suma, de uma lógica mercadológica; a competição, assim como qualquer outro produto, é verificada; a diferença, aqui, é que se trata de um ativo de troca, de maneira que esses protocolos e essas jornadas ditam, por vezes, o quão valorizada determinada moeda será -- ou não. 

Por esse motivo -- e atenção aqui para o gancho de milhões -- que quando falamos de Web 3.0, não queremos necessariamente afirmar que a antiga era está com os dias contados. Assim como toda e qualquer inovação, as pessoas necessitam do chamado "tempo de digestão", a fim justamente de processar toda a informação e entender a lógica disruptiva por trás dessas novas metodologias. E é aí que, TCHARAMMMM,  a descentralização progressiva se encaixa.

Convenhamos, a propósito, que os criptoativos de novo nada têm. Afinal, como reiterado no inicio desse texto, o Bitcoin já vai 14 anos, quase um rapazinho! E, sobretudo nos últimos anos, multiplicaram-se as formas de aplicação desses ativos -- da Blockchain, a qual embasa o sistema de criptomoedas, surgiram as NTFs, por exemplo. É, literalmente, um mar de possibilidades.

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Assim, dada a estrutura regulatória incerta em torno das redes de propriedade da comunidade, as estruturas seguem em constante definição -- e, acredite, quem entendê-las agora será, sem dúvida, um outsider do futuro (o qual tá mais próximo do presente do que você imagina).

Na Echoa, por exemplo, estruturamos nossa comunidade lançando mão de três componentes de descentralização progressiva, a fim de introjetar em nossos membros esse fluxo de tomada de decisão descentralizada, o qual se replica em tantas outras das nossas áreas. Mas, que princípios? Bom, posso destacar três, os quais são essenciais para esse movimento brusco, mas indolor:

  1. Participação da comunidade: criar uma comunidade é fácil; mas como fazê-la se sentir como uma? O engajamento dos membros é, na minha visão, parte essencial de qualquer organização descentralizada. E isso é fácil? Nem um pouco. Por isso, quanto mais tração uma comunidade ganha, mais empenho deve ser colocado pra promover o espírito de corpo entre os membros, desde os participantes até a equipe principal. Pra isso, é preciso que haja investimento em práticas como desenvolvimento aberto, oferta de recompensas e concessões, tomada de decisão ampla e, claro, um estatuto bem redigido. Em se tratando de DAOs, por exemplo, a elaboração de um bom sistema de recompensa por participação bem como a distribuição de tokens figuram como práticas de sucesso.
  2. Propósito claro e aderência ao mercado: antes da comunidade, vem a organização em si. Qual o propósito da existência desse projeto? Ele vem pra responder a uma dor agravada pela Web 2.0? A essência desse negócio é corrigir um erro que a era atual já tem como sintomática crônica? Não pense que isso é demasiadamente filosófico -- isso é essencial! Pra além de disruptiva (odeio usar essa palavra pelo fato de ter se tornado super clichê, mas acontece), a Web 3.0 tem uma missão essencial nas mãos: tornar a rede um espaço inclusivo e sem vícios já observados. Assim, se o valor dessa empreitada não vem costurado a uma filosofia distante, talvez a aderência seja baixa -- e, nesse caso, é melhor repensar.
  3. Organicidade e sustentação: uma vez que seu propósito esteja claro e sua comunidade em formação, a próxima preocupação é como manter esse sistema de pé. Além de lidar com a motivação dos membros, o storytelling do negócio deve estar altamente alinhado com as expectivas externas, a fim de que o ambiente que está sendo desenvolvido seja cada vez mais atrativo. Qual o enredo? Qual a jornada? Qual o percurso? Qual o outcome? A propriedade intelectual deve ser cedida aos membros, de forma que todos esses elementos acessórios tornem esse IP um item de desejo. A própria distribuição de tokens, como mencionada anteriormente, deve ser imbuída de um discurso satisfatório, de modo que aquele que o detenha seja diferenciado a ponto de gerar nos outros o desejo de pertencer.
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Uau, parece difícil, né? E é! Mas, não se assuste: não é impossível. Voltando para o escopo inicial, que é a criação de criptoativos, cabe destacar que existem milhares, mas poucos quebram a barreira da notoriedade -- e esses que conseguiram, de certo, trabalharam muito bem esses três pontos anteriores.

Pra terminar, uma motivacional: se o Elon Musk conseguiu monetizar com uma moeda-piada -- a DogeCoin --, tudo é possível. "Ah, mas é o Elon Musk!" -- e quem é ele na fila do pão?

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💡 Ronaldicas!

Quem aí estava com saudades de uma dica intelectualzinha? Pois ela voltou, e veio em formato de livro: já ouviram falar no texto O Velho Está Morrendo e o Novo Não Pode Nascer, da socióloga Nancy Fraser?

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Talvez eu já o tenha citado marginalmente aqui, mas ele tem tudo a ver com o assunto que tecemos anteriormente. Isso porque, nesse trabalho da Fraser (que foi transformado em um livro curtinho), a partir da observação da fragmentação do Neoliberalismo (sim, um pouquinho político demais, hehe), nota como cada vez mais as notas formas de se pensar o futuro são recalcadas, só sentido literal da palavra.

Essa discussão, apesar de majoritariamente política, resgata muito do que discutimos aqui: vivemos um momento de transformação profunda da Internet, e para tanto é necessário pensar esse movimento de forma faseada, a fim de que o novo possa, para além de nascer, se estabelecer. 


🌍 O que mais rola na Creatorsfera

  • Paris Hilton do céu! A magnata não é apenas um rostinho bonito do mundo do entretenimento; pelo contrário, Hilton é uma empresária pra lá de visionária -- e a prova disso foi sua entrada no mundo dos criptoativos lá em 2016. Desde então, Paris investiu também em NFTs e Web3, tendo inclusive criado o seu próprio metaverso: o ParisWorld.
  • Creators cada vez mais próximos do mundo cripto. A Binance, maior corretora de de criptoativos do mercado, anunciou que será patrocinadora oficial dos shows mundiais do cantor The Weeknd, sendo assim a 1ª turnê mundial integrada à Web 3.0.
  • Provadores de roupa cada vez mais com os dias contados. A Amazon lançou uma nova ferramenta que utiliza de realidade aumentada para que os usuários "experimentem" calçados antes de realizar suas compras virtuais.
  • Experiências virtuais all over the place. A CVC, grande agência de viagens, tá apostando super na digitalização dos seus pontos pra aumentar suas vendas: além de totens de autoatendimento, a empresa criou vitrines eletrônicas que se adaptam ao público que está passando.

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