E se o Brasil fosse uma DAO?
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E se o Brasil fosse uma DAO?

Não, DAO não é de comer nem se compra na Shein. Trata-se uma aplicação da tecnologia Blockchain que tá vindo com tudo pra mudar a forma como os negócios funcionam -- e até mesmo governos!

Echoa | The Creator's Land
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Entre utopias e distopias, existe o mundo real.

Se você já desejou exterminar a figura do seu chefe, esse futuro pode estar mais perto do que nunca. Já imaginou trabalhar numa empresa cuja horizontalidade do board se estendesse até você, mero colaborador? Essa realidade, quase "anárquica", já existe -- e tem nome: DAO.

Vamos do começo: o que é uma DAO?

"O que é...&nbsp;<i>isso</i>?"
"O que é... isso?"

Em linhas gerais, DAO é a sigla para Organização Autônoma Descentralizada, que consiste em uma representação digital de uma organização, podendo esta ser uma empresa, uma corporação, um clube, uma associação, um condomínio, ou mesmo um país (risos, calma que a gente já chega nessa parte).

O grande delta de uma DAO para as organizações que hoje funcionam de forma online, por exemplo, é estas possuem governanças corporativas tradicionais e estatutos extensos, ao passo que uma DAO é baseada na tecnologia Blockchain (se você não tá familiarizado com o conceito, dá uma olhadinha nessa news aqui). Assim, nesse último caso, o indivíduo que detém um token dessa organização tem participação ativa na tomada de decisões.

Em organizações coletivas tradicionais, qualquer alteração na sua dinâmica necessita passar por múltiplos níveis hierárquicos, tornando o processo oneroso, demorado e, consequentemente, mais caro. As DAOs, por sua vez, utilizam contratos inteligentes, os quais executam automaticamente as especificações firmadas no acordo (desde que as condições para tanto tenham sido alcançadas).

Tá instigado?
Tá instigado?

Um exemplo disso são times de futebol. Imaginem que eu sou dono do FC Echoa Juniors. Meu negócio é baseado em identificar jovens talentos para prepará-los e tornar o time uma verdadeira máquina de campeões -- e, modéstia parte, eu faço isso muito bem. Contudo, preciso de investimento para preparar essa galera, e eu não tenho obtido muito sucesso nas rodadas tradicionais de prospecção de investidores.

Sagazmente, eu transformo meu FC numa DAO: os investidores do meu business, por meio de um contrato inteligente, receberão um token que garante retornos proporcionais a partir do momento em que meu time comece a dar lucro. Aqui, a diferença parece muito sutil, mas observe o seguinte:

  • Diferentemente das rodadas tradicionais de investimento, as quais por vezes pedem valores altos de contribuição e tornam os investidores mais avessos ao risco, na DAO eu posso fazer crescer a lista de colaboradores, seguindo a boa e velha máxima de que "de grão em grão, a galinha enche o papo". O retorno pode demorar, mas como o risco é menor, vale à pena a tentativa;
  • Além disso, cabe destacar que o acordo foi firmado por meio de um contrato inteligente. Assim, não há escapatória para mim: uma vez que for identificado o lucro, o repasse proporcional tem de ser feito, já que tá gravado nas escrituras Blockchainianas;
  • Essa tecnologia permite também que todos os detentores dos tokens tenham participação ativa nas tomadas de decisão. Assim, dadas as condicionalidades firmadas no contrato, as decisões poderão passar pela aprovação de todos (ou de um percentual do total, de acordo com o estabelecido). Todos precisarão executar esse comando, evitando a evasão observada na tomada de determinadas decisões -- bem como acontece com os clubes de futebol tradicionais, em que os sócios, por não se mostrarem interessados em determinada discussão, se ausentam de suas responsabilidades e acabam por travar tais decisões.
Sim, é impressionante!
Sim, é impressionante!

Em linhas gerais, posso dizer que, a partir do caso do FC Echoa, podemos destacar 3 pontos altamente relevantes e positivos para a organização:

  1. Estruturas horizontais, com os investidores na ponta da tomada de decisão;
  2. Transparência nas tomadas de decisão proporcionadas pela tecnologia Blockchain;
  3. Aumento do acesso ao investimento por parte das organizações.
Mas, sempre tem um mas...
Mas, sempre tem um mas...

Claro, nem tudo são flores: se os contratos inteligentes que regem o funcionamento dessas organizações tiverem pontos de vulnerabilidade, temos aí um colossal calcanhar de Aquiles. Usuários da OpenSea, por exemplo, principal plataforma de tokens, sofreram pishing (ataques cibernéticos em que os hackers fingem ser a organização para solicitar senhas e dados pessoais a fim de possibilitar roubos). Como resultado, os usuários tiveram que realizar uma migração de seus NFTs à venda para um novo contrato inteligente no Blockchain.

Falei, falei, falei, e agora retomo: e se o Brasil fosse uma DAO? Por mais distante que a ideia seja, pela estrutura lógica aqui apresentada ela é totalmente possível. Pense no seguinte: a população poderia aplicar seu direito de voto, resguardado pela Constituição Federal, para adquirir um token que permita sua participação cidadã. Assim, esse direito/dever do brasileiro se converteria num contrato inteligente, trazendo ainda uma ownership muito maior para o indivíduo com relação aos rumos do país. Como produto desse processo, também eliminaríamos as discussões sobre veracidade das urnas eletrônicas e sobre a obrigatoriedade do voto. Alô, TSE! 

E não deixem de votar esse ano!
E não deixem de votar esse ano!

💡 Ronaldicas

Se você é um leitor assíduo (obrigado por isso!), vai saber que no último mês só recomendamos livros e conteúdos mais elaborados. Hoje, dado a falta de carisma do editor e o cansaço patente do final de mês, a dica é simples e objetiva: não faça absolutamente nada por 2 minutos.É 

É sério!
É sério!

Tá cada vez mais difícil parar. Se concentrar em absolutamente nada é uma tarefa árdua -- nossa mente tá sempre funcionando a milhão. Essa prática de 2 minutos para se esforçar em não pensar em nada é incrível, pois assim tomamos noção do quanto estamos acelerados (e do quanto precisamos parar). Pra te ajudar, acesse o Não faça absolutamente nada por 2 minutos (e não faça absolutamente nada por 2 minutos, hehe).


🌍 O que mais rola na Creatorsfera

  • Tokenização chegou à Goiânia. Falamos hoje sobre descentralização e suas múltiplas aplicações, e essa notícia é ótima para ilustrar isso na prática: a plataforma TuneTraders está transformando grandes sucessos do sertanejos em tokens. Assim, quem comprar o token da música, terá direito a royalties autorias, ganhando uma receita a partir dos streamings da música. Apostar em cavalo é coisa do passado -- a moda agora é adivinhar qual música vai hitar!
  • Sobre o Twitter. Sei que o assunto já tá até batido, mas eu amo essa tour: dando sequência a essa novela mexicana entre Twitter, conselho e Elon Musk, Jack Dorsey, um dos fundadores da empresa, deixou o board após 16 anos de trajetória junto a rede social. Sabia que muito se especula sobre a conversão da rede em uma DAO? Mais um ponto de atenção para você acompanhar esse babado!

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