Micróbios intestinais, como bactérias e leveduras, desempenham um papel no diabetes, depressão e doenças neurovasculares. A novidade é que os cientistas descobriram que as moléculas produzidas pelas bactérias do estômago podem ajudar o corpo humano n
Nosso interior é um lugar fabuloso, cheio de uma infinidade de micróbios. Essas minúsculas formas de vida nos ajudam em tudo, desde a fermentação das fibras até a sensação de saciedade. Porém, seus efeitos não ficam apenas no intestino. | ||
Sabemos que microorganismos intestinais, como bactérias e leveduras, têm um papel a desempenhar no diabetes, na depressão e nas doenças neurovasculares. Agora, os cientistas descobriram que as moléculas produzidas pelas bactérias do estômago podem dar ao corpo humano uma ajuda no que diz respeito ao sistema imunológico, chegando até a ajudar a combater tumores. | ||
"Os resultados são um exemplo de como os metabólitos das bactérias intestinais podem alterar o metabolismo e a regulação gênica de nossas células e, assim, influenciar positivamente a eficiência das terapias tumorais" | ||
Os ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs) são uma das moléculas úteis produzidas quando a fibra alimentar é fermentada no intestino. Os principais SCFAs são o acetato e o butirato, junto com o pentanoato menos comum, encontrado apenas em algumas bactérias. Todos esses SCFAs têm uma série de efeitos positivos para a saúde em humanos, como a regulação da resistência à insulina, colesterol e até mesmo o apetite. | ||
Luu e seus colegas descobriram agora que o butirato e o pentanoato também aumentam a atividade antitumoral de um tipo de célula T killer conhecida como CD8, reprogramando a maneira como funcionam. Pela primeira vez, eles demonstraram isso experimentalmente em camundongos. | ||
"Quando os ácidos graxos de cadeia curta reprogramam as células T CD8, um dos resultados é o aumento da produção de moléculas pró-inflamatórias e citotóxicas. Pudemos mostrar que o butirato de ácidos graxos de cadeia curta e, em particular, o pentanoato são capazes de aumentar a atividade citotóxica das células T CD8" | ||
Usando camundongos de laboratório, a equipe descobriu que certas bactérias comensais produzem pentanoato. Por exemplo, uma bactéria intestinal humana relativamente rara, Megasphaera massiliensis, elevou o nível de pequenas proteínas chamadas citocinas nas células T killer, levando a um aumento da capacidade de destruir células tumorais. | ||
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Como controle, a equipe fez experimentos com outras bactérias não produtoras de pentanoato e não encontrou nenhum efeito nos níveis de citocinas. Esta descoberta pode ser particularmente útil para terapias que potencializam o sistema imunológico para combater o câncer. | ||
Algumas células tumorais têm proteínas em suas superfícies que podem se ligar às proteínas das células T, resultando em uma resposta imune de 'checkpoint' que diz à célula killer para poupar seu alvo - neste caso, a célula cancerosa. A terapia com inibidor de ponto de controle imunológico (ICI) funciona bloqueando essas proteínas de ponto de controle, permitindo que as células T façam seu trabalho e destruam as células tumorais. | ||
"Um consórcio comensal definido que consiste em 11 cepas de bactérias humanas eliciou forte imunidade antitumoral mediada por células T CD8 +. Este estudo demonstrou que uma mistura de comensais humanos de baixa abundância foi capaz de aumentar substancialmente a eficácia da terapia ICI em camundongos" | ||
Esta empolgante descoberta nos leva mais perto de entender como a mistura certa de bactérias intestinais pode ajudar a impulsionar as terapias ICI administradas a pacientes com câncer. | ||
A equipe também examinou um tipo de célula T geneticamente modificada, chamada de células CAR-T, que é usada na imunoterapia, e descobriu que a assistência bacteriana funcionava da mesma maneira, principalmente em tumores sólidos. | ||
Embora os pesquisadores avisem que há um longo caminho a percorrer antes de podermos aplicar esses resultados na clínica, essa importante descoberta é mais uma razão para amar as bactérias intestinais e nos lembrar de comer mais fibras. | ||
-A pesquisa foi publicada na Nature Communications. | ||
-A matéria usada como base para escrever o texto deste post. | ||
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