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Em um relacionamento sério com a terapia

Desde que eu voltei pra terapia passei a ver as coisas com outros olhos, ta dando certo sim, confia!

Para ler ouvindo Hold on

Eu não aguento mais ouvir que é pra eu viver um dia de cada vez, uma das ironias da minha vida tdah, uma grande incapacidade de planejar o futuro e total falta de paciência com o agora e o ritmo lento da vida, já que os pensamentos, ideias e sentimentos estão correndo e gritando de em lado pro outro desesperados dentro da minha cabeça, onde tudo é pra ontem. 

Passei uma vida sendo a dona do brinquedo, se não for assim, do meu jeito, no meu ritmo, eu não quero. Guardava o brinquedo e brincava sozinha. 

Não havia questionamentos, afinal, eu decidi que não queria brincar mais e tava tudo bem brincar sozinha, só eu me entendia mesmo. 

Apesar da frase estar no sentido figurado, aconteceu muito no sentido literal e nunca ninguém desconfiou que eu era louca hahaha, eu to rindo, mas não é engraçado não, pais, prestem atenção nos seus filhos, se eles mandam os amigos embora e guardam os brinquedos, isso pode não ser só egoísmo. 

Como eu disse, eu decidia sem pensar no futuro, que eu não seria convidada para os aniversários, que eu sempre seria a pessoa de poucos amigos, bem poucos mesmo, até hoje as pessoas se surpreendem com as minhas festas cheias de gente, é que a internet me ajudou a conhecer mais pessoas inteligentes.
Parei!

Eu ainda me pego pensando se as pessoas gostam mesmo de mim ou do que eu proporciono, já que sou maluca, corajosa, xereta, to sempre inventando alguma coisa e acaba sendo divertido e diferente conviver comigo, cansativo as vezes, não é todo mundo que aguenta meu ritmo. 

Mas não é assim com todo mundo, eu também gosto das pessoas ou do que elas fazem por mim? Me trazem calma, equilibrio, paz, segurança, sossego, estabilidade, conforto?

Onde eu quero chegar com isso? 

Que me dei conta que levei meu primeiro fora, meu primeiro ghosting o que é bem pior, eu acho, porque apesar de ser de humanas eu metrifico tudo e faço análises profundas. 

Estou há dois meses passando pano pra uma pessoa que eu mal conheço, criando dezenas de hipóteses que qualquer cientista ficaria orgulhoso de como eu posso criar possibilidades, que nem precisariam de muitos testes não, bastaria uma única conversa, uma resposta e fim. 

Mas talvez esse seja o objetivo dele, criar esses joguinhos e se transformar no mistério que ronda meus pensamentos. Sim, andei lendo sobre isso e já sei que tem gente assim. Depois eu que sou desregulada. 

Eu também sei que não deveria estar estudando nada e dar descanso pra minha mente exausta e depressiva, mas meus terapeutas, porque agora eu tenho vários, só me falam pra eu viver um dia de cada vez, que o que tiver que ser será. 

Que é isso? A faculdade de psicologia é feita com letras de musicas dos Beatles e do Roberto Carlos? 

Eu prefiro Erasmo, o verdadeiro rei do rock, o Roberto sempre foi um oportunista. 

Tentei ouvir meus amigos, mas foi ainda pior, todos vivem nos filmes da Disney e só querem relacionamentos faceis, com principes sem problemas, sem passados e claro, sem futuro, tudo acaba no beijo, nessa parte eu cheguei. 

Tudo bem que ele tinha/tem todos os problemas do mundo, mas ainda prefiro assim, quando você conhece a pessoa no fundo do poço, você já sabe como ela é nos piores dias, e se você gosta da pessoa mesmo assim, imagina quando tudo estiver indo bem!

Mas fato é que ele não quis, o motivo? Nunca vou saber e tenho que viver com isso e claro que não aceito o fato dele só não querer, como assim não me quer? 

Meus amigos insistem que ele não me merece e que eu preciso de alguém melhor. 

Melhor que o que? 

Ah, você não é centro de reabilitação, nem muleta. Aí eu pergunto, quem tá bem da cabeça hoje em dia?

E eu, eu to tomando um monte de medicamento, resolvendo um monte de coisa do passado, tentando aprender a planejar o futuro, será que ele também não merece alguém melhor? 

Quem me merece e quem eu mereço?

Essa nem é a questão, o problema aqui é como lidar com o meu primeiro fora, pela primeira vez na vida eu quis alguém que não me quis e eu queria ele de verdade. Pela primeira vez o brinquedo não é meu. 

Estou começando aceitar que ele simplesmente não quis, que eu não fui nem mais nem menos, que ele não foi imaturo, ou babaca. 

Eu não estou competindo com ele nem com ninguém, apesar da saudade e da curiosidade eu não preciso diminuir ninguém pra me recuperar disso. 

Eu sou um mulherão da porra, ele só não quis, não deu match, eu não sou o tipo dele e fim. Se ele quisesse ele teria continuado, mesmo sabendo que ele continua olhando meus stories, é algum tipo de curiosidade dele, que ele também precisa curar por lá, isso não faz ele melhor nem pior. 

Nós, pessoas todas, entramos em um modo competição e estamos o tempo todo tentando sair por cima e eu me pergunto pra que?

Eu me peguei várias vezes conversando com ele e julgando, ainda bem que não falei nada, fiquei só pensando, como na vez que ele contou que bebeu e mandou mensagem pra ex. 

Quem sou eu pra me julgar melhor, mais madura ou merecedora de pessoa melhor?

É, parece que depois de escrever todas essas palavras, de botar os pensamentos no papel, meus psicólogos começam a fazer mais sentido, e viver um dia de cada vez começa a parecer o melhor a ser feito. 

Viver um dia de cada vez e aceitar que eu sou suficiente, mas que ele que foi cuzão, isso ele foi, e desejo que ele exploda, que tenha dez vezes mais isso que ele fez, que ele perca o sono às 3 da manhã e fique tentando resolver a raiz quadrada de 18569.

Se bem que nem preciso desejar nada não, já tava com a vida tão ferrada que qualquer coisa que eu deseje vai ser um favor e ainda vai melhorar a vida dele em 300%.

Pronto, já me sinto melhor, agora que sou evoluída e madura graças a terapia.

Obrigada por ler Em um Relacionamento Sério - Crônicas de relacionamentos e descobertas de amor próprio, afinal todo mundo espera alguma coisa a mais da vida, nem que seja boas risadas.

Toda terça feira uma história diferente, inspirada em fatos dessa pessoa que vos escreve.

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